A RESPOSTA À INDEPENDÊNCIA DO KOSOVO
A única dúvida que legitimamente se pode colocar é saber se Saakashvili é estúpido ou se é um provocador nato.
Por obra e graça de Estaline, a Ossétia do Sul faz parte da Geórgia, apesar de étnica e geograficamente nada a distinguir da Ossétia do Norte, que integra a Federação Russa. Depois das graves desavenças havidas com Lenine sobre a forma de se relacionar com os comunistas georgianos, Estaline, com Lenine já no fim da vida, deve ter achado que a questão territorial da Geórgia não era suficientemente importante para justificar uma análise aprofundada da questão ossetiana. No fundo, que diferença fazia que a Ossétia a Norte integrasse a Federação Russa e a Sul a Geórgia, se tanto o norte como o sul, a Rússia e a Geórgia iriam ficar sujeitos ao mesmo comando político?
E, de facto, nada de muito relevante aconteceu na área durante a existência da URSS. Com a desagregação desta em 1991, logo no ano seguinte a Ossétia do Sul manifestou a sua inequívoca vontade de integrar a Federação Russa. Houve guerra (o mesmo se passou na Abekázia, um pouco mais a noroeste) acabando por ser firmado um acordo de paz, garantido pela Rússia, que assegurava à Ossétia do Sul um ampla autonomia que lhe permitia viver numa situação de independência de facto relativamente à Geórgia.
Mais ou menos contrariada, a Geórgia conviveu pacificamente com a situação até à chegada ao poder do “americano” que agora a governa – Mikail Saakashvili. Depois de várias tentativas de integração da Geórgia na NATO, e a promessa obtida este ano de que a integrará, Saakashvili sentiu-se suficientemente forte para, sem qualquer provocação, romper os acordos de 1992 e invadir uma região cuja população na sua esmagadora maioria não quer integrar a Geórgia e tem, além disso, passaporte russo.
Perante esta situação, e tendo principalmente em conta o antecedente do Kosovo (aliás, um dos grandes fracassos da diplomacia dita ocidental), que se esperava que a Rússia fizesse? A dúvida nunca esteve em saber o que a Rússia faria, mas em conhecer as razões que ditaram o comportamento de Saakashvili: jogador arriscado e, no fundo, estúpido ou provocador? E, neste caso, por iniciativa própria ou a soldo? Ou seja, provocador nato ou provocador da NATO?
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