AINDA SOBRE ISRAEL
Falar sobre Israel nesta altura, qualquer que seja o pretexto, sem abordar os recentes acontecimentos da “frota da liberdade” e sem questionar o posicionamento do Estado judaico, face ao direito internacional, nos múltiplos conflitos em que está envolvido, corre o risco de ser interpretado como uma manobra de diversão destinada a desviar as atenções do essencial.
A verdade é que não obstante as reacções coniventes dos Estados Unidos, da União Europeia, da NATO, vai ganhando cada vez mais força em todo o mundo a voz daqueles que se opõem à prepotência israelita e à política frequentemente criminosa que não hesita na utilização de qualquer meio para defender o que unilateral e injustamente considera os seus direitos.
É óbvio também que lobby judaico joga em tudo o mundo com dois factores extremamente poderosos: o dinheiro (o capital financeiro continua a ser fundamentalmente judeu) e o holocausto (que os dirigentes israelitas não têm qualquer pejo em utilizar demagogicamente na defesa da sua causa).
Não obstante a força material e psicológica destes dois factores, há, por todo o lado, tanto no plano os Estados, como no plano individual, quem se vá gradualmente libertando desta chantagem, distinguindo com clareza o passado do presente, e engrossando assim o clamor das vozes que se opõe a uma política de verdadeiro terrorismo de Estado.
Na União Europeia, lugar da hipocrisia por excelência, vai-se pagando a má consciência com alguns apoios pontuais ou até regulares ao povo palestiniano como contrapartida do apoio político concedido a Israel.
Há cerca de 20 anos, quando a UE iniciou a viragem neoliberal, não apenas no seu seio, mas também na política interna dos Estados que “ajudava”, obedecendo, como aqui já foi referido, caninamente aos ditames do FMI, o mesmo é dizer às directivas do “Consenso de Washington”, inventou, inspirada nos neo-conservadores americanos, uma das suas habituais hipocrisias para poder cortar a ajuda ou cancelar a cooperação àqueles países que com ela não alinhavam politicamente de modo incondicional.
Inventou, na esteira do que vinha de Washington, aquilo a que se pode chamar, utilizando uma imagem já usada no futebol, a “treta” dos direitos humanos.
Depois de muita luta, não apenas travada do lado das presumíveis vítimas, mas também dos que, do lado de dentro, logo se encarregaram de pôr a claro os verdadeiros objectivos de tal política, a União Europeia conseguiu introduzir em todos os Acordos de ajuda e de coopração uma cáusula tipo, segundo a qual as relações entre as partes se baseiam no respeito pelos direitos humanos e pelos princípios democráticos, considerada como um “elemento essencial do acordo”.
Interessa esclarecer que, nos termos do Direito Internacional, a violação de um elemento essencial de um acordo ou tratado permite a sua denúncia ou suspensão.
Na América as coisas não se passam assim. As hipocrisias não são necessárias para este efeito. Eles tem uma lista, que eles próprios elaboram, na qual os Estados são classificados, de acordo com uma avaliação que vai desde os “terroristas” até aos “amigos”. E não estão com mais justificações. Quem é amigo tem um tratamento, quem não é tem outro. A questão dos direitos humanos intervém para coisas mais sérias: para “legitimar” uma política externa agressiva e de ataque à soberania de outros Estados.
Na UE é diferente. Do alto da sua hipocrisia, como preza a não discriminação, diz, na sua extrema bondade, que todos começam com os mesmos direitos e somente quem se porta mal os perderá depois.
Tal cláusula tem servido para congelar relações daqueles que ousam ter voz e são fracos. Mas como é óbvio nunca serviu para questionar a China, nem nunca servirá para cancelar a cooperação económica com Israel. Para estes os “direito humanos” não contam.
Falar sobre Israel nesta altura, qualquer que seja o pretexto, sem abordar os recentes acontecimentos da “frota da liberdade” e sem questionar o posicionamento do Estado judaico, face ao direito internacional, nos múltiplos conflitos em que está envolvido, corre o risco de ser interpretado como uma manobra de diversão destinada a desviar as atenções do essencial.
A verdade é que não obstante as reacções coniventes dos Estados Unidos, da União Europeia, da NATO, vai ganhando cada vez mais força em todo o mundo a voz daqueles que se opõem à prepotência israelita e à política frequentemente criminosa que não hesita na utilização de qualquer meio para defender o que unilateral e injustamente considera os seus direitos.
É óbvio também que lobby judaico joga em tudo o mundo com dois factores extremamente poderosos: o dinheiro (o capital financeiro continua a ser fundamentalmente judeu) e o holocausto (que os dirigentes israelitas não têm qualquer pejo em utilizar demagogicamente na defesa da sua causa).
Não obstante a força material e psicológica destes dois factores, há, por todo o lado, tanto no plano os Estados, como no plano individual, quem se vá gradualmente libertando desta chantagem, distinguindo com clareza o passado do presente, e engrossando assim o clamor das vozes que se opõe a uma política de verdadeiro terrorismo de Estado.
Na União Europeia, lugar da hipocrisia por excelência, vai-se pagando a má consciência com alguns apoios pontuais ou até regulares ao povo palestiniano como contrapartida do apoio político concedido a Israel.
Há cerca de 20 anos, quando a UE iniciou a viragem neoliberal, não apenas no seu seio, mas também na política interna dos Estados que “ajudava”, obedecendo, como aqui já foi referido, caninamente aos ditames do FMI, o mesmo é dizer às directivas do “Consenso de Washington”, inventou, inspirada nos neo-conservadores americanos, uma das suas habituais hipocrisias para poder cortar a ajuda ou cancelar a cooperação àqueles países que com ela não alinhavam politicamente de modo incondicional.
Inventou, na esteira do que vinha de Washington, aquilo a que se pode chamar, utilizando uma imagem já usada no futebol, a “treta” dos direitos humanos.
Depois de muita luta, não apenas travada do lado das presumíveis vítimas, mas também dos que, do lado de dentro, logo se encarregaram de pôr a claro os verdadeiros objectivos de tal política, a União Europeia conseguiu introduzir em todos os Acordos de ajuda e de coopração uma cáusula tipo, segundo a qual as relações entre as partes se baseiam no respeito pelos direitos humanos e pelos princípios democráticos, considerada como um “elemento essencial do acordo”.
Interessa esclarecer que, nos termos do Direito Internacional, a violação de um elemento essencial de um acordo ou tratado permite a sua denúncia ou suspensão.
Na América as coisas não se passam assim. As hipocrisias não são necessárias para este efeito. Eles tem uma lista, que eles próprios elaboram, na qual os Estados são classificados, de acordo com uma avaliação que vai desde os “terroristas” até aos “amigos”. E não estão com mais justificações. Quem é amigo tem um tratamento, quem não é tem outro. A questão dos direitos humanos intervém para coisas mais sérias: para “legitimar” uma política externa agressiva e de ataque à soberania de outros Estados.
Na UE é diferente. Do alto da sua hipocrisia, como preza a não discriminação, diz, na sua extrema bondade, que todos começam com os mesmos direitos e somente quem se porta mal os perderá depois.
Tal cláusula tem servido para congelar relações daqueles que ousam ter voz e são fracos. Mas como é óbvio nunca serviu para questionar a China, nem nunca servirá para cancelar a cooperação económica com Israel. Para estes os “direito humanos” não contam.
4 comentários:
Gostei da primeira parte. Já lhe deste!
J
Um blogue é um espaço de democracia: para quem o faz e para quem o lê. Quem o faz terá de sujeitar-se à crítica de quem o lê e quem o lê sujeita-se muitas vezes a encontrar o que não gosta.
Mas o verdadeiro "aferidor da democracia" avalia-se pela reacção de quem o faz aos comentários de quem o lê.
Margarida
Excelente e desassombrado texto! Pertinente e mais do que nunca, oportuno!
É um gosto ler a inteligência desinteressada e sem medo!
Obrigado!
Um grande abraço.
Este já tinha lido. Não escreveste nada hoje:) Foste até a África do Sul?
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