sábado, 5 de junho de 2010

SÓCRATES DESAUTORIZOU LUÍS AMADO?



ESSA É BOA!

Luís Amado pronunciou-se por uma solução à alemã para o défice: o limite deveria ser constitucionalmente fixado.
Sócrates declarou no Parlamento que não concordava com a constitucionalização dessa matéria.
Os jornais titularam que Sócrates “desautorizou” Amado.
Há aqui algumas coisas que eu não percebo e outras que até comprendo, embora melhor fora que não as entendesse.
Comecemos pelo princípio: Luis Amado estava “autorizado” em nome do Governo a pronunciar-se sobre aquela matéria? Se não estava, como é óbvio, não tem nada que se pronunciar sobre um assunto que é da competência do Governo. Se quer emitir opiniões pessoais que diga que é do Benfica, que gosta de morangos, mas não fale de uma matéria tão sensível como aquela sobre a qual se exprimiu, ainda por cima para veicular a posição do “inimigo”.
É claro que Luis Amado tem duas desculpas. A primeira, porque é economista. E não há, de facto, nenhuma razão para que ele como economista não veicule as mesmas asneiras que a generalidade dos economistas portugueses defende. A segunda, porque exerce funções diplomáticas. E um dos tiques muito comuns a quem exerce ou desempenha aquelas funções é julgar-se “igual aos grandes”. Esta atitude que não é necessariamente comum a todos os diplomatas, todavia muito presente, assenta em preconceitos muito difíceis de extirpar. Há aqui qualquer coisa relacionada com o conceito de “Império” que não desaparece tão cedo. Só depois da acumulação de várias humilhações se perceberá finalmente o que são oitenta e nove mil quilómetros quadrados!
Já agora convém que Luis Amado saiba que talvez ainda esteja vigente uma lei do tempo da República que criminalizava a conduta de quem autorizava despesas não orçamentadas. Se der conhecimento desta nossa antiga inovação jurídica à Sra Merkel talvez ela fique um pouquinho mais descansada...

2 comentários:

Ricardo Freitas disse...

O CDS e o PSD têm Luis Amado em grande apreço. Por este andar ainda vai fazer parte do próximo governo.
Ricardo Freitas

Anónimo disse...

Estava, e está, criminalizada a realização de despesas não orçamentadas (autorizadas pelo Parlamento), ainda que sem consequências, mas, que eu saiba, não é crime fazer Despachos, Portarias etc. que reduzem a Receita. Ou estarei errado?

Lg