UMA MANIFESTAÇÃO DOS NOVOS TEMPOS
O manifesto que um conjunto de diplomatas franceses publicou no princípio desta semana no jornal “Le Monde”, o chamado grupo Marly, por ter sido no café com este nome que se reuniram, para dar público conhecimento daquilo que tem sido a diplomacia francesa nestes últimos tempos, mais concretamente na era Sarkozy, é também um bom exemplo de um certo clima político que tende a favorecer as intervenções não institucionais.
A improvisação da política externa francesa nestes últimos anos, de que é concludente exemplo a inconsequente “União para o Mediterrâneo” teoricamente alicerçada nos dois mais frágeis pilares da costa sul, Ben Ali e Mubarack; a secundarização do papel francês na União Europeia, mediante uma subordinação fáctica às posições alemãs, com a consequente perda de prestígio no contexto europeu, nomeadamente a sul, onde se contava com uma França forte capaz de representar e defender interesses bem diferentes dos do norte; a alteração da tradicional posição francesa na Aliança Atlântica, resultante de uma ambígua reentrada na estrutura militar da Nato, oscilando entre a subordinação aos interesses americanos e a tentativas inconsequentes de criação de uma estrutura militar europeia, fizeram com que a França perdesse prestígio e peso em todos os campos.
E foi contra esta situação, dramaticamente agravada os com recentes eventos do Mediterrâneo, aliada ao aproveitamento de altos responsáveis políticos franceses de favores e benesses concedidas pelos ditadores em queda, que um grupo de diplomatas, anonimamente, se insurgiu, acusando publicamente os grandes responsáveis pela política externa francesa por este mais que óbvio descalabro da diplomacia francesa e por via dela do papel da França no mundo.
Mas já antes tinha havido em França claras manifestações destes movimentos que se expressam por vias não institucionais, afrontando as posições dos poderes constituídos, como foi o caso dos magistrados, dos professores, dos polícias, etc.
Certamente, constituiria uma miragem supor que em Portugal algo de semelhante se poderia passar, mesmo naquelas áreas onde é mais evidente a falta de consonância entre o interesse nacional e as posições defendidas, como é o caso da política europeia, nomeadamente em tudo que respeita à zona euro, ou naqueles outros casos, e muitos são, em que a permanente tentação de o responsável pela política externa portuguesa se arvorar em defensor de supostos interesses geoestratégicos ocidentais - de que quando muito, é apenas um nano-intérprete - faz com que os reais interesses nacionais saiam muitas vezes desfavorecidos pela defesa de posições onde esses interesses se não revêem, nem cabem.
A improvisação da política externa francesa nestes últimos anos, de que é concludente exemplo a inconsequente “União para o Mediterrâneo” teoricamente alicerçada nos dois mais frágeis pilares da costa sul, Ben Ali e Mubarack; a secundarização do papel francês na União Europeia, mediante uma subordinação fáctica às posições alemãs, com a consequente perda de prestígio no contexto europeu, nomeadamente a sul, onde se contava com uma França forte capaz de representar e defender interesses bem diferentes dos do norte; a alteração da tradicional posição francesa na Aliança Atlântica, resultante de uma ambígua reentrada na estrutura militar da Nato, oscilando entre a subordinação aos interesses americanos e a tentativas inconsequentes de criação de uma estrutura militar europeia, fizeram com que a França perdesse prestígio e peso em todos os campos.
E foi contra esta situação, dramaticamente agravada os com recentes eventos do Mediterrâneo, aliada ao aproveitamento de altos responsáveis políticos franceses de favores e benesses concedidas pelos ditadores em queda, que um grupo de diplomatas, anonimamente, se insurgiu, acusando publicamente os grandes responsáveis pela política externa francesa por este mais que óbvio descalabro da diplomacia francesa e por via dela do papel da França no mundo.
Mas já antes tinha havido em França claras manifestações destes movimentos que se expressam por vias não institucionais, afrontando as posições dos poderes constituídos, como foi o caso dos magistrados, dos professores, dos polícias, etc.
Certamente, constituiria uma miragem supor que em Portugal algo de semelhante se poderia passar, mesmo naquelas áreas onde é mais evidente a falta de consonância entre o interesse nacional e as posições defendidas, como é o caso da política europeia, nomeadamente em tudo que respeita à zona euro, ou naqueles outros casos, e muitos são, em que a permanente tentação de o responsável pela política externa portuguesa se arvorar em defensor de supostos interesses geoestratégicos ocidentais - de que quando muito, é apenas um nano-intérprete - faz com que os reais interesses nacionais saiam muitas vezes desfavorecidos pela defesa de posições onde esses interesses se não revêem, nem cabem.
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