quinta-feira, 10 de março de 2011

AINDA O DISCURSO DE CAVACO


NUMA OUTRA PERSPECTIVA

No post anterior fez-se a análise do discurso de Cavaco a partir das suas próprias palavras. Neste far-se-á uma preter-interpretação. Por que fez Cavaco um discurso tão violento, ele que passou anos a defender a “cooperação estratégica” – algo que não existe à luz da Constituição portuguesa – e a afirmar que pretendia criar condições de estabilidade ao Governo? Por que muda de rumo exactamente numa altura em que a sua ostensiva divergência mais prejuízos pode trazer ao país?
Por que deixou de estar de acordo com o Governo? Mas como deixou de estar de acordo se o Governo, no essencial, mais não faz do que executar o diktat imposto pelos alemães?
É quase impossível não ligar esta atitude de Cavaco ao que lhe aconteceu no último ano de mandato e, principalmente, na campanha eleitoral para a sua reeleição.
Cavaco não aceita que o vejam como um político igual aos outros. Ele próprio até é capaz de acreditar que é um político radicalmente diferente. Infelizmente para ele, e para a imagem que faz de si próprio, Cavaco sabe hoje que o povo português o vê como mais um. Igual aos outros. Foi a intentona das escutas e o inacreditável texto que ele próprio redigiu para “contar o que se passou”. Foram as acções da SLN. Foi a permuta da Mariani pela “Coelha”. Foi a sua ligação a Dias Loureiro. Foi o financiamento da primeira campanha eleitoral por Oliveira e Costa/BPN/SLN.
Enfim, foi o que é normal num político. Mas Cavaco jamais aceitará que tudo "isto" tenha sido evidenciado. E há todas as razões para supor que Cavaco está convencido que foi Sócrates ou a sua gente que trouxeram para a ribalta o que antes estava por detrás do palco. Facto também normalíssimo em política. Mas para Cavaco não. Por que ele não se considera um político. Político tem para ele sentido pejorativo. E é por ter consciência de que essa qualificação está agora irremediavelmente colada à sua personalidade que Cavaco está, estará, eternamente ressentido.
Tal como aqui tínhamos dito nem Cavaco é capaz de superar os seus próprios ressentimentos, nem tem da crise e da Europa um entendimento que ajude a sair dela…

2 comentários:

Anónimo disse...

excelente analise dos desequilibrios psico-emocionais do presidente

que luta com a sua própria imagem construída de politico, que não é...

e depois, os seus "amigos de peito", membros das suas comissões de honra,

que tambem não o largam,

ainda ontem Jardim Gonçalves e Valentim Loureiro estavam nos primeiros a chegar a belem para o jantarzinho da festa...

enfim vejamos que sucede e como sucede...

Ana Paula Fitas disse...

Caro amigo JMCorreia Pinto,
Faço link... desta vez de 3 post's!
As minhas desculpas pelo "abuso" mas... a qualidade a isso obriga :))
Obrigado.
Abraço.