terça-feira, 8 de novembro de 2011

ISTO ULTRAPASSA TODOS OS LIMITES





…LOGO, NÃO VAI ACABAR BEM



As pressões sem disfarce que o governo alemão e círculos que lhe são próximos fazem sobre governos de outros Estados para decidirem sobre matérias da mais estrita competência interna desses países no sentido pretendido por Berlim não pode senão dar mau resultado.

A Alemanha não aprende nada com a História. Se está convencida de que na Europa somente se gera uma repulsa da ordem teutónica quando se ouve na planície o batimento ritmado das botas cardadas, está completamente enganada.

É que hoje, aqui na Europa, já toda a gente percebeu que o que antes se tentava conseguir através da guerra pode agora pretender alcançar-se por outros meios, aparentemente menos hostis, mas que, pela arrogância com que são levados à prática, acabam por gerar a mesma repulsa.

O modo como a Alemanha, acolitada por uma triste França e por mais ou outro aliado tradicional, se dirige aos governos dos Estados endividados, bem como as normas que pretende pôr em prática – e algumas até já pôs – para tornar efectivo o tal “governo económico” da União Europeia só pode ter por consequência a desagregação do projecto europeu.

Nesta primeira fase de sucessivas imposições a Alemanha ainda poderá contar com governos completamente servis, como o português, que até faz mais do que aquilo que lhe pedem, mas nem por isso a humilhação de quem tem que obedecer sem sequer poder emitir opinião acerca daquilo que lhe exigem deixará de ficar marcada na consciência colectiva de quem a sofreu e, mais tarde ou mais cedo, seja quem for que governe vai ter de dar tradução prática àquele sentimento de rejeição.

O que se passou com a Grécia na última semana a propósito da proposta de referendo e continua  a passar-se agora para a designação de um simples governo de gestão já ultrapassa todos os limites, digam o que disserem os editorialistas bem-pensantes da imprensa europeia. E o que está a acontecer com a Itália vai pelo mesmo caminho.

Já se perdeu completamente o sentido das proporções quando um simples adjunto da Chanceler Merkel ou o “fiel aliado finlandês” na Comissão vêm opinar assertivamente sobre o destino de Berlusconi, bem como sobre o que deve fazer a Itália.

Pode agora, para muitos, tudo isto parecer natural e aceitável dada a situação financeira dos países referidos. Mas não é. E vai deixar marcas…

6 comentários:

Ana Cristina Leonardo disse...

ah, pois é. como não me canso de postar lá pela pastelaria, isto ainda vai dar merda...

Rogério G.V. Pereira disse...

Marcas ou cacos?

Julgo, e não sou o único (Ferreira do Amaral, disse-o ontem sem ser contestado), que serão cacos...

Raimundo Narciso disse...

Realmente isto não vai acabar bem. Aquela tarefeira teutónica acolitada pelo palhaço francês já nem disfarça. Um ateniense interpelado na rua pelas televisões dizia que não queria lá os alemães outra vez.
E que me dizes ao Tozé? Ficou em estado de choque quando o outrolhe mostrou o OE e como resposta diz q "vai fazer uma violenta abstenção positiva..." Tá demais, ainda desabafei umas coisas no Puxa mas já me falta a pachorra.
Mas é preciso não sucumbir e enfrentar isto.

anamar disse...

A forma como entram "nas casas " de cada um tornou-se aviltante para os seus moradores.

Os telhados vão desmonorar e que haja telhas e força para para ferir esses arrogantes que nos geram ódios adormecidos.
Abraço, Zé Manel

Anónimo disse...

Permita-se a seguinte questão:

A srª já disse várias vezes que apenas exige o cumprimento do que foi subscrito: Tratado de Maastricht e estatutos do BCE nomeadamente, alguém contesta? Se viam que não tinham condições ou vontade de as respeitar nporque quiseram entrar? Sabe-se ou pensa-se que os alemães puseram essas condições na expectativa de que não fossem aceites...
Se as insuportáveis exigências vão levar à desagregação, isso é "bom" para os que acham que o casamento é inviável...
Nós podemos gostar (ou precisar) de uma política monetária mais "laxista" (vimos como no passado ela resultava.... varinha mágica para travar ... o consumo!) mas podemos exigir que os politicos alemães ( e não só...) convençam os seus concidadãos de tais virtudes? É que esses cidadãos sabem:
-As exportações alemãs suportam >80% do superavit da eurozona.
-Essa exportações vão de vento em popa e cada vez menos dependentes dos tais mercados do sul..
-Têm muitos vizinhos que não se importam que a Alemanha se vire para leste ( Ucrânia, Russia, Bálticos etc. etc. muito mercado..) e sabem da famosa inelasticidade da procura do "made in Germany"!!!!

Eram apodados da "China da Europa". Agora vê-se que afinal souberam precaver-se dos efeitos da China do Mundo enquanto nós vivíamos felizes e contentes por poder comprar a fiado toda a quinquilharia que de lá vem sem cuidar de saber como pagar, agora até tínhamos moeda forte...

No idos 91-92 dizia o C.Carvalhas que uma economia fraca não se iria dar bem com uma moeda forte...

Anónimo disse...

Era o bom e o bonito se os alemães referendassem o pacote de "ajuda" (com ou sem aspas) à Grécia como um jornal terá sugerido!
Brincadeiras de tablóide aparte, a possibilidade de referendar questões que lhes respeitam está vedade a alguns e permitida a outros?
Se fosse alemão não sei que pensaria disto! Depos queixam-se do ressurgimento de certos fenómenos..
LR