sexta-feira, 13 de março de 2009

IBARRETXE MANTÉM QUE O PNV CONTINUARÁ A LIDERAR EUSKADI "ONDE QUER QUE SEJA"


ENQUANTO PSE-EE E PP SE ENTENDEM


Insisto no tema País Basco apenas para sublinhar quão importante continua a ser, por todo o lado, o fenómeno nacional. Durante a ascensão do neoliberalismo, ouviu-se com muita frequência a ideia de que o Estado nação estava em crise e que em breve soçobraria ante os avanços inevitáveis da globalização. Isto, apesar de por todo o lado, depois da desagregação da União Soviética, se estar a assistir exactamente ao contrário. Outros, seguramente mais lúcidos, diziam que o Estado nação era pequeno demais para tratar dos grandes problemas mundiais e grande demais para se ocupar dos problemas que afligem quotidianamente as pessoas.
Embora esta segunda afirmação tenha muito de verdadeiro, ela não significa o desaparecimento do Estado nação, nem a erradicação do nacionalismo como fenómeno político e cultural.
Aqui bem perto de nós, o País Basco é um bom exemplo do que se acaba de afirmar. Do lado espanhol, o acordo entre o PSE-EE e PP quer significar, independentemente das profundas divergências que separam os dois partidos e inclusive dos ódios que os dividem, que a integridade territorial de Espanha está acima de qualquer diferença. Do lado basco, a exclusão do PNV do governo de Euskadi nas condições em que o foi e a sua substituição por um governo PSE-EE apoiado pelo PP são entendidas como uma espécie de dominação colonial ou, talvez mais correctamente, ocupação estrangeira.
Do lado de Madrid, principalmente a imprensa, tanto a de centro esquerda como a de direita e a monárquica, esforça-se por demonstrar que o governo PSE-EE tem legitimidade democrática e que o acordo com o PP se circunscreve a três questões fundamentais: defesa da Constituição, do Estatuto de Guernica (Estatuto do País Basco); e deslegitimação social da ETA. Quanto ao resto, o PP será uma oposição contundente.
Só esta forma de pôr a questão demonstra quão profunda é a distância que separa os espanhóis dos nacionalistas bascos. Aqueles três temas são exactamente o que estes contestam e que o plano soberanista de Ibarretxe (inviabilizado judicialmente) queria pôr em causa.
Rajoy, depois de ter aguentado o ataque feroz dos duros do partido (eufemismo para designar a ala franquista do PP, capitaneada por Aznar) e de ter substituído em Euskadi Maria San Gil por Basagoiti, muito mais moderado, conseguiu fazer regressar Zapatero ao “Pacto anti-terrorista”, nos termos por ele defendidos, e inviabilizar assim qualquer tipo de diálogo com a ETA. Em consequência, aumentou para níveis semelhantes ao de Aznar, embora com um discurso diferente de Zapatero, a intervenção judicial no País Basco, de modo a retirar aos nacionalistas qualquer possibilidade de vitória eleitoral. O que efectivamente veio a acontecer, nas eleições de 1 de Março.
Não auguro grande futuro a esta estratégia. Qual venha a ser a posição da esquerda Abertzale, não será difícil de prever. Quanto ao PNV, as declarações de Ibarretxe, citadas em título, deixam entender uma clara inclinação do partido para a linha mais nacionalista. Os espanhóis não vão ter vida fácil no País Basco nos próximos ano. De vitória em vitória em vitória…

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