quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O QUE O PSD DIZ

A CAMPANHA DAS FALSAS IDEIAS SIMPLES

É um suplício ouvir MF Leite. Propositadamente o programa do PSD e as intervenções da sua principal dirigente são curtos e concisos. Tal acontece por técnica comunicacional, que nada tem de inovador, mas acontece também por incapacidade de MFL articular grandes discursos, quer sob o ponto de vista do desenvolvimento das ideias, quer por notórias deficiências vocabulares. Além disso, a concisão da comunicação obedece a outro tipo de propósito político: dizer o menos possível sobre o que se pretende fazer, caso se governe.
A campanha do PSD assenta em algumas ideias falsamente simples que a sua Presidente repete à exaustão, debate após debate.
Primeira ideia: as preocupações sociais decorrentes da crise: mais ajudas, principalmente às empresas, nomeadamente através da redução das contribuições sociais. Ou seja, mais ajudas à custa dos trabalhadores. Descapitalizando a segurança social não interessa mais discutir se ela deve ser pública ou privada; ela será necessariamente privada para quem a puder pagar e publicamente miserável para quem continuar a descontar para o sistema público.
Segunda ideia: combater o desemprego. Como? Mediante a o desenvolvimento da actividade exportadora das empresas, aliás, na linha defendida por Cavaco. Só que falta ao PSD explicar como se desenvolve a actividade exportadora: se é mediante investimento estrangeiro ou nacional, e que medidas se propõe tomar para assegurar a famosa competitividade das empresas. Isso o PSD não diz, mas a gente sabe pela história recente do investimento estrangeiro no nosso país, que, quem fundamentar uma política de exportação como actividade estruturante da economia nacional na actividade empresarial promovida pelo capital estrangeiro, corre o sério risco de a todo o momento se deparar com os fenómenos de deslocalização, quer a conjuntura, interna ou internacional, seja ou não de crise; como sabe ainda pelas fontes inspiradoras do programa do PSD (Compromisso Portugal) que a grande medida advogada para tornar as exportações portuguesas mais competitivas é a redução dos direitos laborais, nomeadamente a flexibilização e precarização do trabalho.
Terceira ideia: assegurar o “eficaz funcionamento” do Serviço Nacional de Saúde proporcionando aos utentes o “livre acesso”, pago pelo Estado, aos serviços privados de saúde em condições de igualdade com o público; escusado será dizer que esta proposta, além de falsa, é obscena. Tal regime é financeiramente incomportável e apenas tem em vista desmantelar o SNS, criando uma situação que leve à transferência para o sector privado todas as actividades lucrativas, consequentemente a uma saúde paga, a breve prazo, pelos utentes, e a um serviço público ineficaz e de baixa qualidade.
Quarta ideia: a “asfixia democrática”; sobre a asfixia democrática já foi dito tudo o que de sensato se poderia dizer sobre o ridículo da situação. Agora, há uma coisa em que o PSD tem razão: essa gente que circula entre o PS e o PSD, o “centrão de direita” com grandes ordenados nas empresas públicas e privadas, nos altos cargos da administração pública, em actividades empresariais próprias, não tendo por certa a vitória do PSD, embora a admita, e continuando a viver à sombra do PS, mas também não tendo por segura a sua vitória, quer estar dos dois lados para nada perder; mas somente pode estar dos dois lados, se num deles estiver “clandestino”. E neste momento a cabe ao PSD acolher estes “clandestinos”, como nas vésperas da derrota do cavaquismo coube ao PS.
Quinta ideia, acabar com o grande investimento público; para além das “preocupações” de endividamento, frequentemente invocadas, há aqui uma espécie de vingança contra o grande capital, que nestes últimos anos tem vivido em mancebia com o PS e desprezado completamente o PSD.

1 comentário:

Retoino disse...

Alguém que diz que "acha muito elevada a taxa de 42% de IRC" não sabe o que se passa em Portugal nem sabe como as empresas são tributadas.
Esta senhora perdeu o comboio hà muitos anos e continuar a dizer-se que é economista é uma falácia. Cometeu erros grosseiros enquanto ministra da educação (entrada de só 150 estudantes para medicina, anualmente, cujo resultado está hoje à vista, isto é grande parte da população sem médico), alarvou como ministra das finanças hipotecando o nosso futuro vendendo créditos a bancos de modo a que temos que continuar a pagar por muitos e bons anos e outras asneiras semelhantes.
Continuo a não entender como é que há pessoas que podem prejudicar tanto o seu país e continuam a passear-se como se nada tivesse acontecido e não tivessem responsabilidade de nada. O que ficou dito serve na perfeição também ao alarve que sempre lhe tem dado cobertura.