terça-feira, 8 de setembro de 2009

OBAMA EM DIFICULDADES



CRESCE A CONTESTAÇÃO REACCIONÁRIA AO PRESIDENTE DEMOCRATA


O facto de Obama e a sua administração serem frequentemente criticados por sectores da esquerda que exigem mais do Presidente americano não significa que esses mesmos sectores não tenham plena consciência de que Obama é um presidente diferente, bem-intencionado e merecedor do maior respeito.
Ainda ontem, Hugo Chávez, quando assistia em Itália a um fime-documentário de Oliver Stone (South of the border) sobre os dirigentes e as mudanças ocorridas na América Latina, foi muito claro a esse respeito.
Era de esperar que a direita americana, comandada pelo que há de mais reaccionário no Partido republicano, passado que fosse o período subsequente à eleição, investisse contra Obama ainda com mais ferocidade do que no passado investiu contra outros presidentes democratas. Além de afro-americano, suprema ofensa para o racista branco, Obama é um homem com passado progressista e com amigos políticos de esquerda. A presença desta gente na Casa Branca é um verdadeiro insulto para o americano reaccionário branco que verdadeiramente, a não ser na retórica, nunca admitiu que gente de outros credos políticos, e, principalmente, de outras raças, pudesse estar à frente dos destinos da América.
Primeiramente, a contestação e o “jogo sujo” eram feitos com alguma cautela e estavam a cargo dos media consabidamente de direita ou mesmo de extrema-direita, como a Fox News. Hoje, a pretexto de uma ou outra razão, são já muitas as vozes que ajudam a criar um clima desfavorável ao Presidente. No fundo, a mesma gente que na última década (para não recuarmos mais no tempo) conviveu tranquilamente com os feitos mais significativos da administração Bush (guerra de agressão, rapto de inimigos supostos ou reais, tortura, prisão sem garantias e por tempo indeterminado, etc).
As dificuldades de Obama começaram com o plano de saúde. Apesar de o Partido democrata dispor de uma confortável maioria no Congresso, e de no Senado, até há bem pouco tempo (morte de Kennedy), nem sequer haver do lado republicano votos suficientes para assegurar a chamada minoria de bloqueio, a verdade é que Obama, porventura por ter querido ser excessivamente consensual, ainda não logrou fazer aprovar o plano. Os poderosíssimos interesses financeiros que contra ele se manifestam têm conseguido, apelando à mais lídima tradição política americana, que algumas das camadas da população, inclusive, aquelas que dele mais beneficiariam a ele se oponham como se de um malefício se tratasse.
Depois são as nomeações para os mais diversos lugares que são impiedosamente atacadas, desde a utilização de argumentos soezes até às mais bem construídas e elaboradas teses de renomados professores universitários, como aconteceu com Sonia Sotomayor para o Supremo Tribunal de Justiça. Pior sorte teve, porém, o assessor para o meio ambiente, Van Jones, que, depois de implacavelmente atacado pelos republicanos, teve de se demitir.
Para se compreender como já existe, a menos de um ano da investidura, um clima de grande crispação, basta referir quão atribulada foi a alocução, relacionada com o início do ano escolar, que hoje Obama foi fazer aos estudantes de uma escola secundária de Virgínia. Os republicanos acusaram o Presidente de andar a fazer sessões de propaganda, de querer influenciar as opções políticas dos jovens e alguns pais chegaram a ameaçar não deixar ir os filhos à escola.
A Casa Branca teve de publicar previamente o discurso do Presidente na net para tranquilizar os contestatários. De realçar a defesa de Obama, por Laura Bush, professora de profissão, que saiu em defesa do Presidente e aprovou o teor do discurso feito na escola.

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