quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

NUNO ROGEIRO, ESPECIALISTA EM CONTRA-INFORMAÇÃO



O COMENTÁRIO NA SIC NOTÍCIAS

Nuno Rogeiro, conhecido especialista em contra-informação, foi à SIC N deitar “areia nos olhos” dos telespectadores, a propósito dos prisioneiros de Guantánamo e do telegrama que acaba de vir a público sobre o assunto.
No comentário que lhe foi pedido por Ana Lourenço, Rogeiro defendeu a tese de que com a publicação deste telegrama só Luis Amado se sai bem, porque, tendo havido suspeitas da passagem dos presos de Guantánamo por Portugal com autorização do Governo, ficou claro que o Ministro se opôs enquanto não fossem dadas certas garantias de respeito pelos direitos do homem.
Aqui começa logo a contra informação: o telegrama não está a relatar contactos relativos à ida de prisioneiros para Guantánamo, mas à saída de prisioneiros de Guantánamo.
Como se sabe, o que sempre esteve em causa não foi, nem é, o modo como os americanos libertam os prisioneiros, nem por onde passam quando são libertados, mas exactamente o contrário: como foram feitos prisioneiros e por onde passaram para chegar a Guantánamo.
Portanto, ao contrário do que Rogeiro deu a entender, em matéria de direitos humanos e de direito internacional, o importante não é saber como sai de Guantánamo, mas como se entra em Guantánamo.
Como Rogeiro também sabe, o que interessa conhecer é se os americanos pediram ao Governo para sobrevoar o espaço aéreo português, ou os aeroportos portugueses, para transportar prisioneiros para Guantánamo e não para os repatriar.
Os movimentos de transporte de prisioneiros para Guantánamo começaram num tempo correspondente ao fim do segundo mandato Guterres, prolongaram-se pelos governos Barroso e Santana Lopes e ainda atingiram os primeiros meses do primeiro mandato Sócrates, ou seja, é entre princípios de 2002 e fins de 2005 que tudo isto se passa .
E a questão que se discutia e discute é a de se os voos da CIA passaram por Portugal e, em caso afirmativo, em que condições.
O movimento a que o telegrama se refere reporta-se a um período muito posterior, sensivelmente coincidente com meados do segundo mandato de Bush e respeita, como já se disse, a um movimento de sentido inverso: repatriamento!
Só mesmo lidando com a ignorância do espectador como um dado de facto é que Rogeiro se pode permitir fazer o tipo de discurso que fez, já que é o próprio telegrama agora publicado que diz, que, estando o Ministro debaixo de fogo no Parlamento nacional, por via da oposição, e no Parlamento Europeu, por causa dos voos para Guantánamo, convém continuar a “acariciá-lo”.
Ora, o Ministro estava sob o “fogo” da oposição por causa dos que foram para Guantánamo e não por causa dos que de lá saíram!
Esta última é uma questão que interessa discutir e apurar, mas por razões diferentes daquela…

1 comentário:

Anónimo disse...

O analista/comentador N. Rogério é um tal que há dias, entrevistando um dirigente do SPD dizia qq coisa como: "na Europa há uma certa dificuldade em entender a política interna alemã, talvez por o alemão ser falado apenas por uma pequena parte da população europeia....". Dá para entender a ideia que o tal alemão deverá ter levado do nível de entrevistadores com acesso à Televisão e por aí o resto....