AS CONCLUSÕES QUE SE IMPÕEM
As muitas revelações que por via de Wikileaks têm sido feitas demonstram que os Estados Unidos não estão preparados para aceitar relações paritárias no domínio internacional. De facto, as conclusões que se retiram do que já se conhece apontam no sentido de uma lógica imperial pura e dura.
“Amigos” são os súbditos, os que aceitam, ou acabam aceitando, mais ou menos contrariados, as directivas de Washington. Os demais são inimigos ou potenciais inimigos.
Os interesses que contam são os americanos. Todos os outros só podem prevalecer se não conflituarem com os seus.
Na defesa destes objectivos, em tempo de paz, recorrem a todos os meios por mais reprováveis que sejam. Se for preciso impedir que um processo prossiga e prospere, pois exige-se a quem manda que acabe com ele ou exercem-se pressões directas sobre os magistrados que os têm a cargo. As pressões são duras, directas, sem meias-palavras.
A democracia e os princípios democráticos não passam de uma arma retórica para utilizar como propaganda contra os inimigos
Se um Estado reage às pretensões americanas, deixa de ser confiável.
O que se passa com a Rússia é elucidativo. Os Estados Unidos venceram a Guerra Fria e humilharam a Rússia. Ninguém melhor do que Yeltsin servia os interesses americanos. Frequentemente em estado de inimputabilidade e com a economia da Rússia destruída, Yeltsin era o “governante ideal" para a Rússia - o grande amigo!
Vale a pena ler a descrição que Stiglitz fez do que se passou na Rússia, durante os mandatos de Yeltsin (no livro, traduzido em português, “Globalização, A grande desilusão", para se perceber bem até onde iam as ambições americanas.
Afastado o “amigo” – que verdadeiramente só começou a perceber o que se estava a passar depois da eclosão da guerra na Chechénia –, coube ao “novo Ivan” refazer o Estado, derrotar ou subjugar os “boiardos”, e defender o país das mais que evidentes ameaças externas.
A partir daí a história é conhecida. A NATO alargou-se a leste, cercou a Rússia no norte e no centro do continente europeu e preparava-se para lhe desferir o “golpe definitivo” a sul. A Rússia resistiu, cresceu e impôs-se.
Com esta viragem logo cresceram de novo as tensões. Que, pelo lado da Rússia, nada têm a ver com as antigas. Agora, a Rússia apenas quer que a não cerquem. Não quer difundir nenhuma doutrina “subversiva”, não quer destruir o capitalismo, apenas quer que não a ameacem. E para provar que está de boa fé, aceita participar em paridade no escudo antimíssil.
Pois, para além das palavras de circunstância pronunciadas em Lisboa, que muitos por ingenuidade confrangedora e outros por má fé fizeram crer que eram verdadeiras, vê-se, pelos documentos vindos a público, que a lógica americana mantém-se inalterável, podendo, quando muito, variar os argumentos em que fundamenta a mesma ideia de sempre: domínio!
A lógica americana é, como se disse, a lógica imperial pura e dura. Nos tempos que correm esta lógica é muito perigosa, porque assenta em pressupostos que já não existem.
Terá a nação americana a grandeza suficiente para assistir à perda da sua hegemonia com a mesma atitude com que Moscovo assistiu ao desmoronamento do bloco de leste e, logo depois, da própria União Soviética? Francamente, não o creio…O pior pode estar para vir.
As muitas revelações que por via de Wikileaks têm sido feitas demonstram que os Estados Unidos não estão preparados para aceitar relações paritárias no domínio internacional. De facto, as conclusões que se retiram do que já se conhece apontam no sentido de uma lógica imperial pura e dura.
“Amigos” são os súbditos, os que aceitam, ou acabam aceitando, mais ou menos contrariados, as directivas de Washington. Os demais são inimigos ou potenciais inimigos.
Os interesses que contam são os americanos. Todos os outros só podem prevalecer se não conflituarem com os seus.
Na defesa destes objectivos, em tempo de paz, recorrem a todos os meios por mais reprováveis que sejam. Se for preciso impedir que um processo prossiga e prospere, pois exige-se a quem manda que acabe com ele ou exercem-se pressões directas sobre os magistrados que os têm a cargo. As pressões são duras, directas, sem meias-palavras.
A democracia e os princípios democráticos não passam de uma arma retórica para utilizar como propaganda contra os inimigos
Se um Estado reage às pretensões americanas, deixa de ser confiável.
O que se passa com a Rússia é elucidativo. Os Estados Unidos venceram a Guerra Fria e humilharam a Rússia. Ninguém melhor do que Yeltsin servia os interesses americanos. Frequentemente em estado de inimputabilidade e com a economia da Rússia destruída, Yeltsin era o “governante ideal" para a Rússia - o grande amigo!
Vale a pena ler a descrição que Stiglitz fez do que se passou na Rússia, durante os mandatos de Yeltsin (no livro, traduzido em português, “Globalização, A grande desilusão", para se perceber bem até onde iam as ambições americanas.
Afastado o “amigo” – que verdadeiramente só começou a perceber o que se estava a passar depois da eclosão da guerra na Chechénia –, coube ao “novo Ivan” refazer o Estado, derrotar ou subjugar os “boiardos”, e defender o país das mais que evidentes ameaças externas.
A partir daí a história é conhecida. A NATO alargou-se a leste, cercou a Rússia no norte e no centro do continente europeu e preparava-se para lhe desferir o “golpe definitivo” a sul. A Rússia resistiu, cresceu e impôs-se.
Com esta viragem logo cresceram de novo as tensões. Que, pelo lado da Rússia, nada têm a ver com as antigas. Agora, a Rússia apenas quer que a não cerquem. Não quer difundir nenhuma doutrina “subversiva”, não quer destruir o capitalismo, apenas quer que não a ameacem. E para provar que está de boa fé, aceita participar em paridade no escudo antimíssil.
Pois, para além das palavras de circunstância pronunciadas em Lisboa, que muitos por ingenuidade confrangedora e outros por má fé fizeram crer que eram verdadeiras, vê-se, pelos documentos vindos a público, que a lógica americana mantém-se inalterável, podendo, quando muito, variar os argumentos em que fundamenta a mesma ideia de sempre: domínio!
A lógica americana é, como se disse, a lógica imperial pura e dura. Nos tempos que correm esta lógica é muito perigosa, porque assenta em pressupostos que já não existem.
Terá a nação americana a grandeza suficiente para assistir à perda da sua hegemonia com a mesma atitude com que Moscovo assistiu ao desmoronamento do bloco de leste e, logo depois, da própria União Soviética? Francamente, não o creio…O pior pode estar para vir.
1 comentário:
Também eu partilho essa posibilidade de que um império em fim de ciclo como a história já nos provou, pode sempre ter a tentação de recorrer a acções desesperadas para manter o status quo e preservar a a sua posição hegemónica no Mundo.
Acresce-se a perigosidade desta possibilidade por dois motivos: em primeiro lugar porque existem sectores políticos suficientemente loucos, motivados, influentes, implantados e poderosos para levarem em frente uma agenda desse tipo e depois porque sem dúvida uma vez no poder, os Estados Unidos possuem condições militares que têm capacidade de poder vir a semear a desgraça.
Vivemos tempos perigosos...
Enviar um comentário