quarta-feira, 13 de junho de 2012

O GOVERNO E A ORTODOXIA





É PRECISO PÔR COBRO A ISTO
Vítor Gaspar insiste na "disponibilidade total" para consenso com o PS



Como aqui tantas vezes se tem dito um fanático não renega a sua crença por um minuto que seja, mesmo que essa episódica renúncia lhe possa trazer uma apreciável vantagem conjuntural.

É por isso que o Governo nada fará para alterar os termos do Memorandum da Troika, seja quanto a prazos, seja quanto a custos, seja ainda quanto a alívio ou atenuação das medidas neles constantes, porque qualquer alteração iria atrasar ou mesmo pôr em causa a mudança de sociedade que acima de tudo o Governo tem em vista. Como frequentemente tem sido dito, o programa do Governo, embora tomando o Memorandum como base, está para além dele, portanto não faria sentido alterá-lo numa direcção contrária ao do seu próprio programa.

O Primeiro Ministro tem-no dito de forma muito clara, embora com a abstracção suficiente para que a generalidade das pessoas se não aperceba bem do que ele está a falar e até tenda a entender exactamente o contrário do que ele quer dizer. Estamos a promover a maior transformação da sociedade portuguesa desde há mais de cem anos, diz Passos Coelho. Essa transformação visa pôr em prática, como se sabe, no plano económico e, como consequência deste, nos demais, aquele tipo de economia que os clássicos do liberalismo não tinham conseguido institucionalizar completamente no fim do século XIX.

Para avaliar o fervor ideológico com que esta transformação está sendo operada basta atentar nos dois exemplos seguintes.

A contra-revolução monetarista iniciada na década de setenta do século passado e depois muito potenciada pela aliança com as ideias neo-conservadores diz que quando o desemprego aumenta os salários baixam e o emprego volta a subir. Gaspar e a Troika continuam francamente apreensivos, como ainda hoje se viu, por esta máxima da economia neoliberal não estar a verificar-se. Como a doutrina não pode estar errada então vai ser necessário alterar a realidade para que aquela se cumpra na plenitude. Já o A. Borges o tinha dito e Gaspar também, apesar de enganosamente desmentidos pelo Primeiro Ministro. Para que não haja dúvidas, Gaspar voltou a dizê-lo hoje: é preciso que alguns salários desçam.

Outro exemplo: os professores afirmam que as provas de matemática dos alunos do 4.º e 9.º anos foram propositadamente dificultadas para demonstrar que os anteriores programas e métodos de ensino na disciplina estavam errados

Atenção: esta gente é perigosa. Vai ter que se pôr cobro a isto, antes que isto nos destrua!

6 comentários:

Luis Eme disse...

é uma vergonha o que esta gente está a fazer.

e o pior, é que, apesar de todas as promessas de acabarem com o despesismo, mantêm o "regabofe" dos institutos e afins, onde continuam a ser colocados os "bois".

Anónimo disse...

Sim, esta gente pode ser perigosa, mas agora me apercebo que os anteriores das PPP que segundo Gomes Ferreira da SIC pode dar lugar a segundo resgate, não serão menos perigosos.
A entrevista na SIC merece ser vista. Fechar os olhos a isto é que é perigoso.
Que nos diz a isto Doutor Correia Pinto? Acha que o nosso sistema judiciário tem leis à altura para os meter dentro e para já, arrolar os bens deles e dos familiares?
Abílio Pestana

Anónimo disse...

Esqueci-me de deixar o endereço da entrevista.
http://videos.sapo.pt/rQlncGNtGLZQzizuMgu1

Abílio Pestana

JM Correia Pinto disse...

Claro que os ladrões devem ir para a cadeia. Mas isso não é suficiente. O que é preciso é que nós não sejamos obrigados a pagar um cêntimo que seja àqueles que em última instância são os grandes beneficiários de tudo o que aconteceu. Isso é que é muito importante. O resto dá "moral", mas deixa a nossa bolsa muito mais pobre.

Anónimo disse...

Embora a luta tenha, neste momento, que ser travada contra o que se passa agora, é preciso não esquecer que tudo começou quando o Cavaco era primeiro ministro.
Só 3 grandes amigos e protegidos dele, seus homens de mão no governo e no partido, roubaram e deram a roubar, calculados por baixo, uns 10.000 milhões de contos.
V

Anónimo disse...

Rectifico: 10.000 milhões de euros.
V