O QUE DIZ CAVACO
O que é para Cavaco o consenso? Consenso significa
concordância ou uniformidade de opiniões, de pensamentos, de sentimentos, de
crenças da totalidade dos membros de uma comunidade.
Cavaco reclama o consenso só de alguns, não de
todos. Deixa propositadamente de fora uma importante parcela daqueles
que, segundo ele, estariam em condições de “outorgar o consenso”. Mas há mais:
a vontade de alguns cujo consenso Cavaco reclama não passa de um pequeníssimo
número de pessoas. Segundo Cavaco – ele não o diz expressamente, mas só pode
ser este o seu pensamento - trata-se de pessoas que que têm o poder de
representar um número indeterminado de outras pessoas, certamente um conjunto
de pessoas muitíssimo numeroso, de milhões. Só que aqui surge um outro
problema, muito mais complexo: quem atribuiu a esse pequeno número de pessoas o
poder de representar milhões de outras pessoas? Quem?
O que Cavaco quer dizer quando apela ao “consenso”, quando
clama “consenso”, é que a democracia acabou. Que aqueles que realmente têm o
poder de decidir não têm nada para decidir. Pelo menos, nos próximos vinte
anos.
Cavaco é coerente e sabe o que faz. Como defensor do
neoliberalismo, Cavaco sabe – e concorda
– que o neoliberalismo afastou a democracia das questões económico-financeiras e por arrastamento de todas as questões em que a importância daquelas se reflecte.
Quem dita as regras nestas matérias não é o povo, directamente ou por
intermédio dos seus representantes, mas os mercados. Os mercados é que dizem o
que se pode ou não pode fazer. Por outro lado, o poder político, a política –
por outras palavras, a democracia – não pode interferir com a “justiça” do
mercado. Não há justiça social que se sobreponha à “justiça do mercado”.
Portanto, o que Cavaco está a dizer aos portugueses é, por
outras palavras, o seguinte: “A democracia acabou. O que se pode ou não fazer
nos domínios da governação, seja em que campo for, depende das imposições do
mercado. Quanto a isso nada poderemos fazer. O que nós podemos e devemos é
tentar agradar aos mercados, tentar “amaciar” a sua acção para que o tratamento
deles relativamente a nós seja o mais brando possível. E é
minha convicção que se o PS, o CDS e o PSD fizerem simultaneamente essa
profissão de fé e derem garantias aos mercados de que não tentarão interferir
com as suas normas, eles nos tratarão melhor do que nos tratariam se essa garantia
lhes não for dada”.
Isto é o que diz Cavaco. E nós o que dizemos? E o que fazemos a um Presidente como este?
2 comentários:
Cavaco é coerente
com o que desfez
um aliado com memória
sem atenuantes
que a história julgará
mesmo fora das urnas
este cavaco já não conta e só quer vender e ganhar dinheiro com os roteiros ou lá o que é.Que mais esperar do campon~es algarvio.Eu só quero a receita para sairmos disto,mas hà muito que eu acho que só uma guerra é que teremos como mais certa.
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