O QUE ENTRETANTO SE PASSOU...
A muitos fusos horários de distância fui acompanhando o essencial.
Na política doméstica, fica cada vez mais claro a incapacidade de Ferreira Leite para governar os país. Não digo impreparação, porque ela já não está em idade de se preparar. Falo antes de incompetência. Perante uma crise de dimensões mundiais, ela insiste em diariamente dar provas de que não entende o que se está a passar no mundo. E compreende-se: como aqui se foi dizendo desde o início do seu mandato, ela sempre viveu politicamente amparada em alguém que pensava por si; e isso lhe permitia no seu dia-a-dia executivo fazer uso de duas ou três ideias muito simples, porém suficientes para as tarefas que tinha a seu cargo.
Agora, com responsabilidades de direcção e politicamente apoiada por ex-executivos da Goldman Sachs não é de estranhar que ande perdida, como perdidos andam os seus conselheiros políticos.
Do lado do Governo, Sócrates sem qualquer hipótese de participar nos fora que pretendem traçar os destinos do mundo, vai copiando o que de melhor se faz lá fora para atenuar a crise e deixando dito que é preciso tirar consequências políticas de tudo o que se passou…
Entretanto, o Presidente da República, com o mundo diariamente a desabar, vai mantendo a sua obsessão relativamente a duas ou três normas do Estatuto dos Açores, deixando criar na opinião pública a ideia de que, no actual momento político, esta é a principal questão com que o país se defronta. E nem sequer tem pejo em, de modo completamente naif, sublinhar o contraste do seu comportamento relativamente a outras questões, como a promulgação do plano de resgate dos bancos, ao vangloriar-se de ter assinado o diploma no tempo record de cerca de trinta minutos! Pois é, o problema de Cavaco é sempre o mesmo: não aprendeu a democracia na oposição ao fascismo, e agora ressente-se disso…
Internacionalmente, a crise financeira vai dia após dia alastrando e penetrando em todos os domínios da economia real. Da prometida reunião de Dezembro, com cerca de vinte países, não é de esperar grandes resultados.
Sarkozy “mexe-se” muito, mas não sai do sítio; Merkel está preocupadíssima com a situação interna e não parece ter uma ideia própria sobre como moldar o futuro; os emergentes defrontam-se com interesses muito particulares e é natural que continuem muito mais atentos ao que directamente os preocupa do que dispostos a colaborar na criação de uma nova ordem económica internacional; de Bush e da sua camarilha é de esperar uma actuação correspondente à máxima de Lampedusa: “É preciso que tudo mude, para que tudo fique na mesma”. Resta Gordon Brown que, nesta crise, tem sido o único a verdadeiramente marcar a diferença…mas, simultaneamente, sobra uma dúvida: depois das terceiras vias e de tantos ínvios percursos ainda terá o trabalhismo britânico folgo suficiente para lutar por uma proposta aceitável?
A oito dias das eleições americanas, só um verdadeiro tsunami político poderá tirar a vitória a Obama, uma vitória esmagadora, inclusive em estados onde os democratas há muito não ganham. Uma vitória que certamente se estenderá ao Congresso, onde se espera uma maioria democrática na Câmara dos Representantes e um reforço da maioria no Senado.
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