AFINAL, NA ONU, PORTUGAL ABSTEVE-SE
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, a propósito do reconhecimento do Kosovo, entre as muitas coisas que disse para justificar o injustificável, afirmou que Portugal iria colaborar com a Sérvia, nomeadamente na Assembleia Geral da ONU, órgão ao qual aquele país ia propor um pedido de parecer ao Tribunal Internacional de Justiça sobre a legalidade daquela independência.
Submetida a questão à Assembleia Geral, a proposta foi aprovada: 77 votos a favor, 73 abstenções e 6 contra.
Votaram contra os Estados Unidos, a Mauritânia (em Agosto deste ano, um golpe de Estado militar depôs o Governo e o Presidente da República, este último o primeiro eleito democraticamente desde a independência em 1960), a Albânia (não precisa de apresentações, salvo no que respeita ao crime organizado praticado por algumas das mais poderosas máfias da Europa), as Ilhas Marshall (312 km2, Estado livremente associado aos Estados Unidos, local de testes nucleares americanos durante muitos anos, ainda hoje com elevados níveis de radiação), os Estados Federados da Micronésia (702 km 2, ilhas descobertas por um português, Diogo da Rocha, em 1527, já passaram por muitas mãos e tem um tratado de livre associação com os Estados Unidos, responsáveis pela defesa do território), Nauru (Estado sem capital, de 21 km2, paraíso fiscal, grande centro de lavagem de dinheiro e de evasão fiscal, cujas leis sobre a materia foram consideravelmente atenuadas a pedido dos Estados Unidos) e Palau (458 km2, nominalmente independente, com um tratado de livre associação com os Estados Unidos, que lhes permite controlar 51% das ilhas em caso de emergência nacional).
Portugal, num acesso de compreensível vergonha, absteve-se. O que não deixa de ser ilógico. Se reconheceu, por que não votou contra, ao lado de Palau, Nauru e companhia?
O Kosovo foi até hoje reconhecido por 48 países dos 192 que integram a Organização das Nações Unidas.
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