O MALOGRADO PLANO SARKOZY
Amanhã reúnem-se em Paris os chefes de Estado e de Governo dos quatro países da UE membros do G8 (França, Alemanha, Reino Unido e Itália) e os Presidentes da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Eurogrupo.
A cimeira foi convocada pela França, que ocupa a presidência de turno da União, e tem vista concertar uma posição comum para fazer face à crise financeira. A ideia inicial de Sarkozy, ao que parece combinada com os holandeses, era a criação de um fundo comum europeu de montante correspondente a cerca de 3% do produto interno bruto de cada Estado membro, algo da ordem dos 350 mil milhões de euros, destinado a garantir a solvabilidade dos principais bancos europeus.
A ideia foi de imediato rechaçada por Ângela Merkel que peremptoriamente se negou a passar um cheque em branco a todos os bancos. Face à reacção alemã, a França recuou e desmentiu a intenção de fazer aprovar na Europa um plano semelhante ao plano Bush, responsabilizando a Holanda pela ideia. Entretanto, o Primeiro-ministro holandês foi recebido no Eliseu e à saída afirmou que tudo não passava de um mal entendido.
As reacções dos principais países à intenção de Sarkozy, as medidas tomadas pela Irlanda relativamente à defesa dos depositantes, as intervenções já realizadas em diversos bancos a nível nacional, deixam claro que se entrou num “salve-se quem puder”, onde cada um só estará disposto a ir além da sua própria fronteira, se o que se estiver a passar na casa dos outros ameaçar verdadeiramente a sua!
A Irlanda, face ao modo como Londres foi resolvendo as diferentes manifestações da crise financeira (nacionalização do Northern Rock, fusão, contrária às regras comunitárias, do HBOS com o Lloyd’s TSB), decidiu garantir durante dois anos a totalidade dos depósitos bancários e algumas das espécies de dívidas dos seis maiores bancos nacionais, admitindo, embora não seja ainda seguro, a extensão da medida a certos bancos estrangeiros que operam no país. Londres reagiu com desagrado á decisão irlandesa, por temer uma fuga massiva de capitais para o país vizinho.
Por esta amostra se vê como, de assentada, foram mandadas às “urtigas”as sacrossantas regras comunitárias da concorrência e se entrou no tal “salve-se quem puder”que acabará, mais tarde ou mais cedo, por a todos prejudicar.
ADITAMENTO
Na carta enviada por Sarkozy aos restantes 26 Estados-membros, dando-lhes conta da realização da mini-cimeira de Paris e dos seus objectivos, pede-se expressamente:a) reforço das medidas de supervisão; b) respeito pelas normas comunitárias nas intervenções feitas a nível nacional; c) prevenção de efeitos perversos nos demais Estados-membros.
Enfim, recomendações à medida...
Sem comentários:
Enviar um comentário