HÁ OU NÃO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO?
Na América, o candidato presidencial que tivesse beneficiado de um negócio altamente lucrativo feito com um Banco sujeito a resgate do Estado, já teria abandonado a sua candidatura, fosse por vontade própria ou alheia.
Em Portugal, tudo é permitido. Os nossos jornalistas estão muito preocupados com a liberdade de imprensa na Bielorrússia, com a sorte dos georgianos da Abekázia, com as Damas de Branco de Havana, enfim, com os assuntos que os americanos põem na agenda internacional para distrair as atenções de qualquer outra coisa que estão a fazer noutro lado. Mas não estão nada preocupados no esclarecimento do “caso BPN”, no qual Cavaco é suspeito de ter auferido um lucro "impossível" de acontecer em circunstâncias normais.
O caso é tanto mais grave quanto é certo ele ter-se passado com um banco onde proliferaram os negócios ilícitos, realizados nas condições mais estranhas, gerando prejuízos sem conta, que, por infeliz decisão do governo, vão ser pagos pelos contribuintes portugueses.
Perante este quadro, é inadmissível que o actual Presidente da República e candidato à reeleição do cargo, se negue a dar explicações sobre as condições da realização do negócio de compra e venda de acções da SLN, exclusiva proprietária do BPN.
Se as acções tivessem sido compradas e vendidas em bolsa, em princípio, tudo seria normal. Mas como se pode considerar normal um negócio particular que em cerca de dois anos proporciona um lucro de 140%?
A quem vendeu Cavaco as acções? A um banco? A uma empresa? A um particular? Ou a Oliveira e Costa em nome individual ou à entidade por ele representada?
E por quanto se venderam à época as acções da mesma empresa em negócios particulares? Foram todas vendidas ou adquiridas pelo mesmo preço que pagaram a Cavaco?
Sejamos claros: o que é preciso esclarecer é se se trata de um enriquecimento ilícito ou de um negócio perfeitamente normal.
Cavaco não pode eximir-se a uma resposta, nem ensaiar a habitual vitimização de quem se sente acossado. Ele vai ter que responder.
Em vão, no famoso site da Presidência da República se procura uma resposta para estas questões. Aliás, a resposta não tem que ser dada pelo Presidente da República, nem pelo site institucional da função, mas pelo cidadão Cavaco Silva.
Cavaco não pode eximir-se a uma resposta, nem ensaiar a habitual vitimização de quem se sente acossado. Ele vai ter que responder.
Em vão, no famoso site da Presidência da República se procura uma resposta para estas questões. Aliás, a resposta não tem que ser dada pelo Presidente da República, nem pelo site institucional da função, mas pelo cidadão Cavaco Silva.
2 comentários:
.. e mais sobre as escutas...
ser presidente, suponho,
não dá direitos de imunidade sobre actividades privadas e ou criminais...
«Colombo Português-Novas Revelações» (edições Ésquilo), é o melhor livro que tenho lido sobre a tese do Colombo Português. Devo dizer, com toda a franqueza, que acho a obra de Manuel Rosa muito válida, escrita em estilo académico mas simples e muito bem fundamentada. É uma obra que se destaca pela seriedade e rigor. A tese que o autor defende é suportada por vários documentos apresentados no livro, alguns pela primeira vez. Notável é o desenvolvimento da linhagem da esposa Filipa Moniz. Pela primeira vez constato que nesta questão as peças do "puzzele" Colombo começam a fazer algum sentido. É excepcional. Resumindo: vale a pena ler.
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