QUE GARANTIAS DÁ COMO PM ALGUÉM INCAPAZ DE ALTERAR UMA DECISÃO POLÍTICA RUINOSA?
Já há muito tempo não havia tantas notícias no mesmo dia, ainda por cima em mês de férias. Os telejornais tiveram por onde escolher. Para começar, eu registo as declarações de MFL a propósito da venda da rede fixa à PT.
Este é um dos tais casos que demonstram à saciedade como a importância das coisas está completamente invertida em Portugal. Procuro nas edições on line dos jornais e não encontro a mais leve referência ao assunto.
A Presidente do PSD é acusada de ter feito um negócio ruinoso para o país, vendendo por um sexto do preço a rede fixa à PT. Há documentos oficiais que comprovam a deliberação tomada pelo governo PSD/CDS, de que ela era Ministra das Finanças e responsável directa pelo negócio.
E o que diz hoje a dita Senhora. Diz que a decisão política já estava tomada pelo Governo PS. Formalmente é mentira. A Resolução do CM prova o contrário. Mas, mesmo que materialmente fosse verdade, isto é, que já houvesse no seio do anterior governo (PS) um entendimento para vender por aquele preço, tal atitude por parte de um ministro do novo governo significa que essa pessoa não tem condições para integrar um governo, menos ainda para o chefiar. Como se pode confiar numa pessoa que aceita manter um negócio ruinoso, apenas porque politicamente ele já vinha apalavrado do Governo anterior? Como se pode confiar numa pessoa que não tem coragem para, em nome do tal interesse nacional, que tanto apregoa, romper com um negócio vergonhoso, ainda por cima sem quaisquer consequências jurídicas? Como se pode entregar o governo de um país a quem se comporta politicamente de forma tão covarde?
Mas este caso é também exemplar a outros títulos. Em primeiro lugar, ele demonstra como os governos do bloco central - ou do arco da governabilidade, como eles dizem para passarem por gente séria - tratam os interesses do país e como porventura fica aquém da verdade aquilo que a esquerda tem denunciado acerca da gestão que eles fazem do interesse nacional. Quem no PS ou fora dele tiver acerca disto alguma ilusão deverá certamente perdê-la, sob pena de a ingenuidade passar a ter outro nome.
Mas é exemplar também para demonstrar como são falsas e hipócritas as defesas do interesse nacional feitas por esses “respeitáveis economistas” que para aí pululam e por essa gente do “Compromisso Portugal” que de tempos a tempos emerge para afundar ainda mais o Estado.
E alguém ouviu uma palavra – uma que fosse – à SEDES sobre o modo como esta e outras nacionalizações se fizeram? Não o que nós ouvimos de uns e de outros foi “moderação salarial”, “flexibilidade laboral”, enfim, algo que possa legalizar as novas e mais lucrativas formas de exploração.
E, para terminar, alguém ouviu ao Presidente da República uma palavra, indirecta que fosse, sobre estes temas, ele que ultimamente tão preocupado diz estar com a transparência na política?
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