É ELEMENTAR: NUNCA ALINHAR COM A DIREITA
Os recentes episódios protagonizados por MFL a propósito da PT – venda da rede fixa e pressões do governo PSD/CDS sobre os jornais controlados pela empresa – demonstram aquilo que já todos tínhamos obrigação de saber há muito tempo: alinhar com a direita, qualquer que seja o assunto, mesmo que se trate de uma questão de princípio, é algo que acaba sempre por virar-se contra a esquerda.
Por outras palavras, se a direita protesta por alegada violação da liberdade de imprensa, a esquerda não deve fazer coro com ela qualquer que seja a razão do protesto, porque a probabilidade de tal protesto ter uma natureza puramente instrumental é quase de cem por cento.
Se a direita fala de transparência e de rejeição da promiscuidade entre política e negócios, fazendo a apologia da defesa de valores como a honestidade e outros semelhantes, a obrigação da esquerda é não a levar a sério e, pelo contrário, desmontar essa campanha através da enumeração de todos os casos que a desmentem.
Vem obviamente tudo isto a propósito das negociações entre a PT e a Media Capital, mas também a propósito de outras situações que aquele falhado negócio permitiu agora relembrar.
A ideia de que MFL é impoluta, no sentido de que nunca esteve solidariamente ligada a quem praticou actos contrários aos que ela prega em campanha eleitoral, é falsa. Como falsa é a defesa agora incondicionada do valor de transparência por quem, quando foi governo, foi tudo menos transparente.
Desmontar o mito da honestidade, da transparência, da defesa dos superiores interesses nacionais que do lado da direita, em parceria (com quem todos muito bem sabemos), se começa a criar, tem de tornar-se uma prioridade política deste longo período de pré-campanha que já se está a viver. Sem, evidentemente, deixar de sublinhar a tacanhez de espírito desta direita retrógrada, isolacionista, incapaz de perceber o que se passa no mundo.
Dir-se-á que se trata de uma posição sectária, inaceitável em democracia. A isso a gente deve responder que conhece a direita portuguesa há muitas décadas, as suas práticas e seu comportamento no poder. Até é difícil encontrar um assunto em que a esquerda esteja tão à vontade!
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