quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A ENTREVISTA DE ALEGRE



E UM FRENTE A FRENTE NA SIC NOTÍCIAS

Não há muito a dizer sobre a entrevista de Manuel Alegre à RTP. Disse o que se esperava e a entrevistadora não pôde deixar de abordar os negócios de Cavaco Silva com a SLN.
Alegre não confundiu a situação do BPN anterior à “nacionalização” com a gerada por esta medida, embora se perceba que não se sente muito à vontade com ela. Alegre não pode desautorizar o Governo, mas toda a gente sabe que se tratou de uma decisão inconcebível só possível no quadro de uma grande irresponsabilidade governativa. Portanto, nada de muito novo aconteceu.
Mais importante é a confirmação de que as acções de Cavaco na SLN foram compradas por ordem de Oliveira e Costa. E por mais voltas que Cavaco dê a confirmação desta notícia arrasta consigo a suspeita do que já se veiculava: a de que tal compra não pode deixar de configurar-se como uma situação de favor!
Aliás, vários factos apontam nesse sentido, quer os que tentaram dissimular o negócio, quer os que pretendem agora fazer crer que se tratou de um negócio normal.
A primeira estratégia de Cavaco foi dissimular o facto, escondê-lo, sob a capa de um preciosismo jurídico. Sentindo-se culpado, ou supondo-se acossado – Cavaco lá saberá – mandou publicar um comunicado dizendo que não tinha comprado nem vendido nada ao BPN. Era verdade, mas tinha comprado e vendido acções de uma empresa proprietária do BPN a 100%.
E por que razão omitiu Cavaco este facto, que só se veio a conhecer quando o Expresso o tornou público? Pela razão muito simples de se tratar de acções de uma empresa não cotada em bolsa que foram compradas e revendidas à mesma entidade com um lucro de 140%! Tudo isto em pouco mais de ano e meio. E mais: pelo facto de essa entidade estar ligada à maior fraude bancária posterior ao 25 de Abril.
Tudo isto Cavaco sabe tão bem ou melhor que todos nós. E sabe também que não se dá ordem de compra nem de venda de títulos não cotados em bolsa. Em empresas como a SLN, a compra e a venda de acções fazem-se por ajuste entre o comprador e o vendedor. Daí que não possa deixar de considerar-se sibilina a referência feita no comunicado à ordem para vender todos os títulos.
Finalmente, é de facto espantoso que o mesmo homem que no auge da especulação bolsista da sua segunda maioria absoluta tenha advertido os portugueses, como primeiro-ministro, de que era preciso ter cautela porque andava muita gente a comprar “gato por lebre”, não se tenha apercebido, face a uma taxa de lucro incomparavelmente superior à da especulação bolsista no seu maior pico, de que alguém em negócio particular lhe estava a comprar “rato por lebre”! É de facto espantoso! E como o facto é em si inexplicável no quadro de uma gestão normal, ninguém agora o poderá considerar como tal!
Cavaco não tem desculpa. Se como cidadão comum era apenas mais um dos que beneficiou dos negócios ruinosos do BPN, como Presidente da República o seu acto torna-se politicamente insustentável não apenas por o ter cometido, mas principalmente por o ter tentado esconder.
Lamentável, melhor dizendo, execrável, foi também a intervenção desse inefável Miguel Relvas num frente-a-frente com Fazenda.
De Ricardo Costa que veio a seguir à seráfica Ana Lourenço explicar o comportamento de Cavaco (coitado, cometeu um “errozito”…) não há nada a dizer, como nada há dizer da quase totalidade da imprensa portuguesa, além daquilo que já se sabe: uma merda!

3 comentários:

Maria de Fátima Filipe disse...

Uns merdosos mesmo, que nojo!

Zé_dopipo disse...

Nem mais!

Anónimo disse...

e...

a intervenção do funcionario de JCoimbra, patrão da SLN e financiador de cavacu,

o pequeno Marques Mendes

demonstrando que afinal Cavacu ate vendeu mais barato que outros accionista

tambem vendedores mesmas acções...

abraço