O CANDIDATO DEMOCRÁTICO ENCOSTA-SE AO CENTRO
São vários os indícios que parecem confirmar a tese muito em voga na América de que “a nomeação democrática se ganha à esquerda e a presidência ao centro”. De facto, desde que Obama tem como certa a nomeação pelo Partido Democrático, começou a haver um deslizamento da sua candidatura para o centro, de que são exemplo vários factos, todos no mesmo sentido.
Muito recentemente, nas vésperas do 4 de Julho, Obama tem-se multiplicado em declarações patrióticas e de defesa dos “valores americanos”, muito no estilo dos candidatos de direita. Depois, apoiou um programa de Bush destinado a financiar organizações religiosas que se dedicam a trabalhos de solidariedade social, tendo aproveitado a oportunidade para reafirmar a sua fé cristã.
Antes, poderíamos apontar a reafirmação ante o lobby judaico do apoio incondicional a Israel e à indivisibilidade de Jerusalém.
Menos controversas, mas mesmo assim susceptíveis de gerar polémica nos meios da esquerda americana, foram o apoio à decisão do Supremo Tribunal que interpretou a 2.º emenda constitucional no sentido de ser permitido aos cidadãos usarem armas de fogo e a mudança de posição relativamente ao financiamento da campanha.
Inadmissível foi, porém, a crítica a outra sentença do Supremo Tribunal que negou a pena de morte para violadores de crianças.
Há ainda mudanças, porventura mais subtis, mas detectáveis, relativamente aos tratados de comércio livre com o México e com a Colômbia e à retirada das tropas do Iraque – agora fala-se em retirada “responsável”.
Esta estratégia, claramente assumida com vista a cativar os eleitores centristas moderados, corre dois riscos: o primeiro é o de decepcionar a maior parte dos eleitores, principalmente os jovens, que lhe deram a vitória nas primárias; e o segundo – risco que nós em Portugal bem conhecemos – é o de, em caso de vitória, haver uma governação ainda mais à direita do que a campanha, então justificada pela necessidade de garantir também o apoio dos que não votaram nele…
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