A DESFAÇATEZ DO CRONISTA
Depois do que se passou, Barreto, se aplicasse a si próprio o que permanentemente prega aos outros, abandonava a crónica dominical no Púbico e retirava-se do convívio com os leitores. Não o fazendo, ele deixa claro que o pedido de desculpas, introduzido quase como um post-scriptum na sua crónica de 27 de Abril, não passa de uma manobra táctica, destinada a segurar o lugar a qualquer preço.
A aceitação, como verdadeira, de uma carta que tresanda a provocação legionária, como disse, por estas ou outras palavras, Medeiros Ferreira, e a sua utilização como argumento, retira a Barreto qualquer legitimidade para continuar no Público. Fazendo de conta que nada se passou, ele que, em nome de uma pretensa superioridade moral, sempre foi implacável nos seus comentários contra todos os políticos ou outras figuras públicas que tivessem tido um percalço de percurso, demonstra à saciedade que não passa de um de um daqueles pregadores que atemorizam os seus ouvintes com as penas do além e são eles próprios os mais condenáveis dos seres.
Insisto no que já disse no meu blog: a conduta de Barreto não pode ser qualificada como um erro vulgar ou sequer como um erro grave, mas antes um comportamento revelador de uma atitude de espírito de quem está predisposto a aceitar como verdadeiros factos – que nem o mais néscio dos leitores aceitaria sem no mínimo os questionar – contanto que tais factos possam politicamente ser imputados a certas correntes de opinião.
O que faria perante um caso semelhante uma pessoa bem formada? Não, não estou a falar nos deveres deontológicos dos jornalistas, que não são para aqui chamados, já que se trata de um artigo de opinião. Falo do comportamento exigível a uma pessoa de bem. De uma pessoa que, além do mais, torna pública a sua opinião e pretende por via dela orientar ou influenciar a opinião pública. Qualquer pessoa bem formada, perante a gravidade do texto, procuraria informar-se sobre a veracidade dos factos. São factos do nosso tempo, factos da história que nós vivemos! Não faltaria gente a quem perguntar…
No fundo, interrogo-me sobre como certas pessoas exercem a sua profissão, nomeadamente quando têm de lidar com factos. Mais ainda: quando essa profissão tem por finalidade a formação de outras pessoas…
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