A CAMPANHA PRO BLAIR
Como já tive oportunidade de referir num post aqui publicado há cerca de um mês, os “europeístas” que querem ligar a União Europeia à NATO e, obviamente, submetê-la em matéria de defesa e de diplomacia aos interesses estratégicos dos Estados Unidos, irão fazer campanha por Blair como presidente do Conselho Europeu.
Os dois mais conceituados atlantistas do governo português, Luís Amado e Severiano Teixeira, já deram o mote, não de uma forma escandalosamente directa, mas mediante uma pretensa teorização das grandes áreas de afirmação de União Europeia depois do Tratado de Lisboa – a defesa e as relações externas – como áreas futuras de integração. Qualquer pessoa percebe que, tendo estes dois ministros a ambição de tornar a política de defesa europeia coincidente com a da NATO, e contando, aparentemente, no quadro desta estratégia, com as recentes posições da França, só podem encarar com grande entusiasmo a campanha a favor de Blair como presidente do Conselho Europeu.
Esta campanha, a nível interno, é deixada, de forma directa, a outros conhecidos “europeístas” que nos jornais em que escrevem não se cansam de exaltar as virtudes de Blair para o lugar. Ainda hoje, um deles dizia: “ Blair (…) é, entre os nomes que circulam, o mais forte e aquele que, inquestionavelmente, daria à Europa um rosto internacional e uma marca igualmente fortes”.
O puzzle ficaria completo se o novo presidente americano fosse um Clinton, já que este, exercendo a tal “hegemonia benigna”, não geraria os mesmos anticorpos que um Bush da segunda geração.
Claro que estas posições têm a importância que têm, vindas de um pequeno país com diminuta ou nenhuma influência na decisão destas questões. Mas nem por isso deixam de ser importantes internamente pelo que revelam do modo como alguns, com grandes responsabilidades políticas, entendem a Europa, além de nos deixaram elucidados sobre as “profundas convicções europeístas” de outros que não fazem outra coisa que não seja escrever sobre a Europa. Por outro lado, são também reveladoras da campanha em curso na Europa, sendo, nesta perspectiva, a posição dos pequenos países, no seu conjunto, importante.
Cá dentro, além dos propagandistas parece que ninguém liga ao assunto e este alheamento permite-lhes fazer o seu caminho tranquilamente. Vamos ter esperança de que a Alemanha, apesar de relativamente isolada, acabe por impor um qualquer Solana…
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