A REUNIÃO DA PRÓXIMA TERÇA-FEIRA
Constituiu um escândalo, melhor dizendo, uma verdadeira obscenidade, os proventos que um pouco por toda a Europa são percebidos pelos executivos das grandes empresas. O fenómeno é chocante em países, como Portugal, onde a maior parte da população se debate com dificuldades quotidianas de subsistência ou de uma vida com um mínimo de dignidade, mas não deixa de constituir um problema grave mesmo nos países mais ricos que vêem nessas retribuições uma violação do pacto social que durante muitas décadas presidiu à sua vida económica.
Recentemente, com a crise financeira, certos sectores da sociedade americana começaram a questionar em que medida os altos rendimentos dos executivos estabelecidos em função dos lucros obtidos a curto prazo podem ter contribuído para a adopção de riscos desproporcionados e por essa via levado ao desequilíbrio do sistema financeiro como aconteceu com a crise do subprime.
Na próxima terça-feira, os ministros da Economia da zona euro vão fazer “uma discussão bacteriologicamente pura” desta questão, ou seja, vão analisar com base em argumentos exclusivamente económicos e financeiros se a vinculação, a resultados de curto prazo, de prémios e outras remunerações acessórias (bónus, stock options e contratos blindados com indemnizações milionárias) dos executivos não pode contribuir para aumentar os riscos de instabilidade financeira internacional.
Numa perspectiva ético-política, a questão dos altíssimos vencimentos dos executivos em geral já tinha sido condenada pelo Parlamento Europeu e pelo Presidente do Banco Central Europeu, tendo, no verão passado, sido trazida para a discussão no seio do Eurogrupo pelo seu presidente, o primeiro-ministro luxemburguês, Jean-Claude Juncker.
Entre nós, também Cavaco, meses mais tarde, se referiu ao assunto numa perspectiva nacional.
Evidentemente que o problema não se resolve com condenações morais, mas com medidas. A Holanda e a Alemanha vão avançar com tributações mais elevadas sobre esses rendimentos.
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