AS ELEIÇÕES AMERICANAS VISTAS DE CUBA
Cuba tem estado muito presente nas eleições americanas, principalmente quando os candidatos se deslocam à Florida, estado chave na eleição presidencial.
McCain, das vezes que foi à Florida em campanha eleitoral, reafirmou, perante os cubanos de Miami, aquela que tem sido a política do Partido republicano face a Cuba nos últimos 50 anos. Até, porventura, a excedeu quando deixou no ar a hipótese de levar os irmãos Castro ao banco dos réus!
Do lado do Partido democrático, como se sabe, as primárias da Florida não contam para o resultado final, por a direcção do Partido as ter antecipadamente anulado, em virtude de o comité local ter desrespeitado as datas acordadas para a sua realização. Por essa razão, Obama não fez na campanha na Florida. H. Clinton, quando por lá andou em campanha, abordou, como não poderia deixar de ser, a questão cubana e nada disse de novo relativamente ao que tem sido a política americana em relação à ilha.
Obama, que já se sente designado pelo Partido democrático, foi agora à Florida em campanha eleitoral contra McCain e falou na Fundação Nacional Cubano-Americana, em Miami, perante um auditório difícil, sobre as relações entre os dois países.
O discurso de Obama, embora mantenha muitas das posições tradicionais em relação a Cuba, tem muitas nuances e inovações, desde logo não rejeitar um diálogo directo com os dirigentes cubanos, que são atentamente seguidas em Havana.
Fidel, no seu já tradicional artigo de opinião no Granma, reconhece que Obama é “o mais avançado candidato à presidência, do ponto de vista social e humano” e diz “não lhe guardar rancor por não ser responsável pelos crimes cometidos contra Cuba”.
Mas depois critica as suas propostas. Diz que a manutenção do embargo pode traduzir-se numa fórmula de fome para a nação, que as remessas autorizadas são uma espécie de esmolas e que as visitas (a autorizar) a Cuba da comunidade cubano-americana podem ser fonte de propagandado do consumismo.
Todavia, o trato é, no essencial, respeitoso. Continuando a criticar a política de Washington, Fidel acaba por afirmar: “Não questiono a aguda inteligência de Obama, a sua capacidade polémica e o seu espírito de trabalho. Domina as técnicas da comunicação e está muito acima dos seus rivais em competência eleitoral; (…) é sem dúvida um quadro humano agradável”.
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