OS PRESUPOSTOS DO NOVO “TABU”
É óbvio para toda a gente que Cavaco Silva se vai recandidatar.E também é evidente que Cavaco está em campanha eleitoral há muitas semanas. Mas já não é tão seguro, principalmente para Cavaco, que a vitória esteja garantida nos termos em que ele gostaria de a obter.
O actual Presidente da República gostaria de ser reeleito por uma votação tão expressiva como a dos seus dois últimos antecessores. Uma reeleição pela margem mínima, mesmo que ocorra à primeira volta, deixá-lo-ia numa posição relativamente desconfortável: não só não estaria em condições de atender às demandas de uma direita que não se cansa de apelar a um reforço da intervenção presidencial, como também não ganharia qualquer nova margem de manobra para lidar quer com o actual governo, quer com qualquer outro que o substituisse.
Por isso, Cavaco se esforça por reforçar a sua intervenção como candidato, disfarçada nas funções presidenciais, certo de que o estatuto de Presidente lhe confere uma importância que o de candidato não teria.
Cavaco justifica-se invocando prática seguida pelos dois últimos Presidentes. Mas não há analogia entre as duas situações: os dois últimos Presidentes, justa ou injustamente, concitaram uma relativa unanimidade no fim do primeiro mandato, tanto assim que a direita praticamente se absteve de concorrer e a esquerda apenas aproveitou o acto para umas tantas sessões de propaganda política. Nada disso se passa agora: Cavaco estava muito longe de ser consensual quando foi eleito e desde então até hoje nada progrediu nesse sentido, tendo, inclusive, em muitas fases do seu mandato reforçado, com a sua actuação, a distância que o separa de muitos eleitores, tanto à esquerda, como à direita.
Mas para além de todas estas razões de natureza táctica ou pragmática, há um claro pré-conceito ideológico de desvalorização da contenda eleitoral, como acto menor ou como mal necessário, por que o candidato tem de passar a contra-gosto para continuar a desempenhar as funções que hoje ocupa. O modo como Cavaco reage à crítica, o ar ofendido com que recebe, “enquanto Presidente”, os apelos ao voto numa candidatura rival, a sua atitude filosófica perante o conflito, enfim, a identificação da divergência com “falta de educação” , demonstram que Cavaco Silva está ainda muito longe de ter interiorizado em toda a sua imensão o conceito de democracia.
O actual Presidente da República gostaria de ser reeleito por uma votação tão expressiva como a dos seus dois últimos antecessores. Uma reeleição pela margem mínima, mesmo que ocorra à primeira volta, deixá-lo-ia numa posição relativamente desconfortável: não só não estaria em condições de atender às demandas de uma direita que não se cansa de apelar a um reforço da intervenção presidencial, como também não ganharia qualquer nova margem de manobra para lidar quer com o actual governo, quer com qualquer outro que o substituisse.
Por isso, Cavaco se esforça por reforçar a sua intervenção como candidato, disfarçada nas funções presidenciais, certo de que o estatuto de Presidente lhe confere uma importância que o de candidato não teria.
Cavaco justifica-se invocando prática seguida pelos dois últimos Presidentes. Mas não há analogia entre as duas situações: os dois últimos Presidentes, justa ou injustamente, concitaram uma relativa unanimidade no fim do primeiro mandato, tanto assim que a direita praticamente se absteve de concorrer e a esquerda apenas aproveitou o acto para umas tantas sessões de propaganda política. Nada disso se passa agora: Cavaco estava muito longe de ser consensual quando foi eleito e desde então até hoje nada progrediu nesse sentido, tendo, inclusive, em muitas fases do seu mandato reforçado, com a sua actuação, a distância que o separa de muitos eleitores, tanto à esquerda, como à direita.
Mas para além de todas estas razões de natureza táctica ou pragmática, há um claro pré-conceito ideológico de desvalorização da contenda eleitoral, como acto menor ou como mal necessário, por que o candidato tem de passar a contra-gosto para continuar a desempenhar as funções que hoje ocupa. O modo como Cavaco reage à crítica, o ar ofendido com que recebe, “enquanto Presidente”, os apelos ao voto numa candidatura rival, a sua atitude filosófica perante o conflito, enfim, a identificação da divergência com “falta de educação” , demonstram que Cavaco Silva está ainda muito longe de ter interiorizado em toda a sua imensão o conceito de democracia.
1 comentário:
A forma como Cavaco reagiu á carta interna de Edite Estrela aos militantes, só demonstra que o que lhe sobra na permanente pose de dignidade ofendida lhe falta na dimensão do homem que deve existir por detrás de um Presidente.
Subscrevo: “...demonstram que Cavaco Silva está ainda muito longe de ter interiorizado em toda a sua dimensão o conceito de democracia.” Muito longe… e já tarde para lá chegar.
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