AMADO E CAVACO
Ao ouvir hoje à tarde as declarações de Luis Amado sobre o comportamento dos deputados e dos partidos na Assembleia da República seria levado a pensar quão pudicos são os ouvidos de certos políticos portugueses, não fora o facto de já estarmos em crise de pré-pós-socratismo, com cada um dos contendores a lutar pela próxima pole position.
Mais tarde, ao tomar conhecimento do desprestígio que tais discussões acarretam para os políticos, Cavaco dixit, achei que é isso que mais tarde ou mais cedo vai acontecer.
Mas achei também que a questão é um pouco mais entaramelada do que parece. Eu vejo as coisas assim:
Cavaco quer governar. Não directamente, mas por interposta pessoa. Não tem confiança pessoal, nem política em Sócrates. Quer substituí-lo, mas não quer eleições. Porque também não tem confiança, nem a mínima consideração por Passos Coelho, nem pela sua gente.
Todo este imenso enredo à volta da aprovação do orçamento demonstra isso. Demonstra que Cavaco se substituiu a Passos Coelho nessa negociação, tendo para tanto jogado, com habilidade e argúcia, em dois tabuleiros. Se a negociação falhasse, ele acabaria por impor a sua solução; se não falhasse, ficava demonstrado que Passos Coelho não manda nada e Cavaco apressar-se-ia, como apressou, a recolher os louros do entendimento alcançado.
Encurralados, Sócrates e Passos Coelho tiveram de aceitar. Passos Coelho, que julga estar por cima, sentiu-se desautorizado e ordenou à sua gente que fizesse, na terça-feira passada, aquele número no Parlamento.
E voltou a levar nas orelhas, juntamente com Sócrates.
Próximo episódio, mas já em curso: Cavaco, depois da reeleição, vai arrumar com Sócrates, pondo o PS perante a seguinte alternativa: ou o substituem, ou convoco eleições (Cavaco não quer eleições, mas vai ameaçar…).
Entre deixar o poder, e continuar, com outro timoneiro, o PS, ou uma parte considerável do PS, vai optar pela substituição de Sócrates.
Só que esta solução pressupõe que seja Cavaco a escolher o Primeiro-Ministro e que este constitua uma espécie de governo de “salvação nacional”, sem gente marcadamente partidária, um "governo de homens bons da Pátria portuguesa", com alguém da confiança pessoal de Cavaco nas Finanças.
Ao ouvir hoje à tarde as declarações de Luis Amado sobre o comportamento dos deputados e dos partidos na Assembleia da República seria levado a pensar quão pudicos são os ouvidos de certos políticos portugueses, não fora o facto de já estarmos em crise de pré-pós-socratismo, com cada um dos contendores a lutar pela próxima pole position.
Mais tarde, ao tomar conhecimento do desprestígio que tais discussões acarretam para os políticos, Cavaco dixit, achei que é isso que mais tarde ou mais cedo vai acontecer.
Mas achei também que a questão é um pouco mais entaramelada do que parece. Eu vejo as coisas assim:
Cavaco quer governar. Não directamente, mas por interposta pessoa. Não tem confiança pessoal, nem política em Sócrates. Quer substituí-lo, mas não quer eleições. Porque também não tem confiança, nem a mínima consideração por Passos Coelho, nem pela sua gente.
Todo este imenso enredo à volta da aprovação do orçamento demonstra isso. Demonstra que Cavaco se substituiu a Passos Coelho nessa negociação, tendo para tanto jogado, com habilidade e argúcia, em dois tabuleiros. Se a negociação falhasse, ele acabaria por impor a sua solução; se não falhasse, ficava demonstrado que Passos Coelho não manda nada e Cavaco apressar-se-ia, como apressou, a recolher os louros do entendimento alcançado.
Encurralados, Sócrates e Passos Coelho tiveram de aceitar. Passos Coelho, que julga estar por cima, sentiu-se desautorizado e ordenou à sua gente que fizesse, na terça-feira passada, aquele número no Parlamento.
E voltou a levar nas orelhas, juntamente com Sócrates.
Próximo episódio, mas já em curso: Cavaco, depois da reeleição, vai arrumar com Sócrates, pondo o PS perante a seguinte alternativa: ou o substituem, ou convoco eleições (Cavaco não quer eleições, mas vai ameaçar…).
Entre deixar o poder, e continuar, com outro timoneiro, o PS, ou uma parte considerável do PS, vai optar pela substituição de Sócrates.
Só que esta solução pressupõe que seja Cavaco a escolher o Primeiro-Ministro e que este constitua uma espécie de governo de “salvação nacional”, sem gente marcadamente partidária, um "governo de homens bons da Pátria portuguesa", com alguém da confiança pessoal de Cavaco nas Finanças.
Este governo, sem ser de coligação, contará com o apoio de uma grande parte da bancada do PSD.
O PS tem gente para desempenhar este papel e o PSD também. O sagrado interesse nacional fará o resto…
O PS tem gente para desempenhar este papel e o PSD também. O sagrado interesse nacional fará o resto…
2 comentários:
Se Sócrates se deixar morrer sem estrebuchar e o PS substituir o Secretário Geral sem recurso a eleições internas.
São ses a mais...
Cumprimentos
Também me custa a crer que o Sócrates, que também já viu esse filme, emigre sem estrebuchar. Até porque o Craxi já morreu e ele não é dado a solidões.
O PS até lhe arranja um passaporte falso e um contrabandista para o passar a salto na fronteira.
O Cavaco quer ter o gozo de o demitir, o que só pode fazer em Abril.
O Passos Coelho sabe que tem o Cavaco à perna e quer o Sócrates na liderança do PS e do governo até às eleições.
Ele, Sócrates, se não tiver negócios muito importantes pendentes, está morto por se ver livre do governo, continuando à frente do PS. Se pudesse punha lá o Cavaco. JÁ!
Que grande confusão. Se o Dias Loureiro não estivese em Cabo Verde ainda ia ele para 1º Ministro e ficavam todos satisfeitos. E se o mandássemos vir?
V
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