MAS NÃO SE ESTAVA MESMO A VER?
Que um deputado mais ou menos desconhecido tenha vindo apelar para a intervenção do Presidente da República, invocando o irregular funcionamento das instituições, por o Governo não saber dialogar no Parlamento, é coisa que não se estranha, olhando para a generalidade dos deputados do PS ou, pelo menos, para aqueles que o PS põe a falar. Agora, que o "inteligente" Vitorino tenha mais ou menos vindo dizer a mesma coisa já é de estranhar a vários títulos.
Dizem que Vitorino é muito inteligente, o que naturalmente lhe acarreta particulares responsabilidades. Não estou em condições de poder corroborar aquela afirmação, e muito menos de a negar, o mais que posso fazer é ir avaliando a prestação dos políticos sob os vários aspectos que interessa ter em conta e depois tirar as consequências.
E a intervenção de Vitorino, apelando para um maior envolvimento de Cavaco, foi tudo menos inteligente. Antes de mais, é oportunista, porque sabendo-se quais são os poderes constitucionais do Presidente da República, poderes que os socialistas - e bem - tem vindo a sublinhar, e as suas limitações, o apelo a uma intervenção presidencial tende sempre a ser entendida como uma acentuação da vertente presidencialista do regime, agora justificada por uma conveniência política de ocasião.
Mas se com ela Vitorino pretendia "entalar" Cavaco, colocando-o perante uma escolha difícil, também não é certamente essa a forma mais inteligente de resolver a presente situação. Pode ser mais uma daquelas esperteza em que os portugueses são férteis, e de que Vitorino parece ser um bom intérprete, mas que historicamente nunca têm trazido nada de bom a Portugal e aos portugueses.
As palavras de Cavaco não abrem a porta a uma dissolução do Parlamento, mas também não põem de parte a hipótese - e bem - de uma eventual substituição do Primeiro Ministro por alguém que no PS saiba governar em minoria e dialogar. Aliás, a porta ficou escancarada pelo "inteligentíssimo " deputado do PS que falou em "irregular funcinamento das instituições", única causa que, à luz da Constituição, pode determinar a exoneração do Governo pelo Presidente da República.
Vitorino e o PS tiveram a resposta que mereciam e quem ficou a ganhar foi Cavaco!
1 comentário:
Naturalmente Vitorino não foi tão pouco inteligente como isso. Naturalmente Vitorino já calculava qual seria a respota de Cavaco. E como tal, naturalmente, ficou-se a saber melhor o que no íntimo Cavaco pretende. Não acha?
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