sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

DA GUERRA JUSTA



A PROPÓSITO DO DISCURSO DO NOBEL DA PAZ

Muito se tem escrito ao longo da história sobre a guerra justa. O tema é muito conhecido e as teorizações também (vale a pena ler, por todos, Michael Walzer - guerras justas e injustas -, hoje já um clássico). Bem podem os filósofos esforçar-se por teorizar a guerra justa e os políticos dizerem que os seguem. Mas não é verdade.
É justo o bombardeamento de Dresden? É justo o bombardeamento de Hiroshima e Nagasaki? É justo o bombardeamento das cidades da Normandia pelas tropas aliadas? É justo o tratamento dado ao VI Exército alemão depois da rendição de Von Paulus?
Claro, que apenas falo dos vencedores, porque dos vencidos a condenação já existe. E é indiscutível e irrevogável.
Talvez por tudo isto Thomas Hobbes continue a ser tão actual. Diz ele por estas ou outras palavras: a guerra enquanto dura é justa para ambas as partes. O que determina a justiça da guerra é a vitória. Como na comunidade internacional não há um terceiro independente cuja decisão se possa sobrepor à das partes em confronto, quem decide da justiça de uma contenda é quem a ganha.
Certamente que a justificação de Hobbes não é tão cínica como parece e encaixa perfeitamente no sistema complexo de relações das quais nasce o pacto social que está na origem do Estado. Mas não vale a pena continuar a explicação, nem aprofundar tanto a teorização, porque Obama também o não fez. Apenas enunciou os princípios…

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