COMO PODE O PS GOVERNAR CONTRA A VONTADE DA MAIORIA?
Percebe-se pela forma como reage à presente situação política uma parte do PS que a única democracia que essa parte aceita é a que se identifica com a vontade de Sócrates. E a vontade de Sócrates é a de governar como bem entende, impondo um rígido dever de obediência ao seu grupo parlamentar e reservando para a oposição o simples papel de contestação, sem eficácia prática, das medidas aprovadas ou mandadas aprovar pelo governo.
Só que há um pequeno pormenor: isso foi assim até 27 de Setembro passado. A partir daí as coisas mudaram. E Sócrates se quer continuar a governar vai ter de fazer o que fazem quase todos os governantes da Europa, principalmente a Ocidental: coligações; acordos de incidência parlamentar e negociações pontuais. Todas as negociações pressupõem cedência, compromisso.
Não há expressão mais intensa da negociação do que o contrato (evidentemente que me não refiro aos contratos que o PS no Governo faz com as grandes empresas, refiro-me ao contrato”normal”): ora o contrato não é mais do que do que uma espécie de “conflitualidade consensual”. Cada contraente visa pela via do contrato um fim diferente do outro, mas ambos acabam por convergir na produção de um resultado comum.
Isto é o que o PS de Sócrates não sabe fazer. A defesa da maioria absoluta como modo privilegiado de governo e a ideia de que apenas ela assegura a governabilidade levam no seu desenvolvimento lógico ao partido único e à ditadura.
3 comentários:
Correia Pinto:
Para chegar à proposta conclusão vai um salto e tanto.Calma aí!Cumps.
Meu Caro Francisco Clamote
Eu não fiz nenhum juízo de intenções, nem - muito menos - admiti a probabilidade de a conclusão ocorrer. Limitei-me a afirmar que o desenvolvimento lógico de uma leva à outra. Têm a mesma raiz, independentemente de isso sequer passar pela cabeça de quem calmamente defende a tese da ingovernabilidade.
Obrigado e cumprimentos
JMCPinto
Não há dúvida que Socrates mexeu em muitos interesses sacrossantos e está a pagar por isso.
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