NA VÉSPERA DE ELEIÇÕES
A Itália é um país em crise há muitos anos. Crise económica, política e social. Depois da “operação mãos limpas”, que varreu da cena política os partidos saídos da situação política subsequente à segunda guerra mundial e à derrota do fascismo, pode dizer-se que a Itália nunca mais se encontrou. Sem nunca ter tido um grande peso na cena política internacional, salvo o que lhe advinha de aliada fiel dos americanos, a Itália prestigiou-se e impôs-se nos tempos modernos pelo seu poderio económico.
Hoje a Itália é uma pálida imagem dos idolatrados tempos do milagre italiano.
Os dados recentemente tornados públicos pela Universidade de Turim, mostram-nos uma Itália totalmente dependente do petróleo, com uma despesa pública à volta de 40% do PIB, uma dívida pública de 105%, taxas de desemprego e precariedade muito altas, taxas de ocupação feminina baixas, subida em flecha do número de famílias em dificuldades, os impostos mais altos da Europa a seguir à Alemanha e salários apenas superiores aos de Portugal. Uma Itália dominada em grande medida pelas máfias, como ainda agora se evidenciou na crise de Nápoles, fracturada entre o norte e o sul e politicamente desagregada, como os recentes e cada vez mais frequentes poderes assumidos pelos municípios, em domínios da competência governamental, claramente revelam. Uma Itália, enfim, já ultrapassada pela Espanha, brevemente pela Grécia e dentro de mais ou menos uma década pela Roménia.
É neste contexto que vão ter lugar as eleições de domingo e segunda-feira próximos. Eleições fundamentalmente disputadas entre o Partido Democrático (PD), de Veltroni, e seus aliados, e o Partido do Povo da Liberdade (PDL), de Berlusconi, que concorre aliado à Liga do Norte e ao Movimento para a Autonomia (MPA), da Sicília.
As sondagens dão uma vitória à direita na câmara baixa, Câmara dos Deputados, com uma margem entre 7 e 9 pontos, embora não sejam tão conclusivas quanto à câmara alta, Senado, que em Itália tem uma importância praticamente equivalente à daquela. Sem maioria no Senado dificilmente se governa e em minoria, em princípio, não se governa, como aconteceu a Prodi.
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