O PONTO DE VISTA DA JERÓNIMO MARTINS
Percorro o Público de hoje. Detenho-me na página de economia. Leio a entrevista do principal responsável pela Jerónimo Martins. Procuro em vão uma ideia nova do empresariado português para os tempos de mudança que se antevêem. Que encontro? O mesmo problema de sempre: a incontornável dificuldade de as empresas terem de laborar com trabalhadores!
E havendo trabalhadores há os problemas de sempre, ou melhor, os problemas herdados do século passado: a não liberalização dos despedimentos, apesar da taxa de desemprego, dos contratos a prazo e dos recibos verdes; o excesso de direitos, não obstante a constante diminuição do salário real dos trabalhadores; o “impacto brutal” do 25 de Abril de que “ainda estamos a pagar a factura” (a factura da “inflexibilidade” e dos “direitos”); a “inflexibilidade dos horários”, por exemplo, do horário de refeições, por que não reduzir essa pausa a meia-hora ou até a menos, se o trabalhador estiver de acordo?
Por último, o dito empresário acha que a crise resulta de só se falar de problemas e mais problemas. E confessa-se um homem formado numa escola em que o domingo era o dia da família e de ir à missa. De estar com o avô, com os pais, com os tios…Mas está de acordo com a abertura dos supermercados ao domingo, com outros horários para os serviços públicos, para as escolas…e, presumo, também para as missas e já agora para as visitas familiares (talvez de madrugada…).
Na Polónia dos manos ou do actual governo liberal este empresário sente-se bem. Aqui, em Portugal, é preciso licenças para tudo. Na Polónia não. É tudo rapidíssimo. É um prazer lá estar.
Da Polónia, este empresário tem a opinião do turista. Daquele que vê superficialmente aquilo que o acaso lhe mostra. Saberá ele porventura quantos polacos qualificados emigraram para o Reino Unido, para a Irlanda, para a Suécia, enfim, para os países da Europa ocidental desde a adesão da Polónia à União Europeia? Mas que é que isso lhe interessa se tiver gente disponível para empregar como caixa de supermercados com a possibilidade de despedir sempre que as superiores conveniências da empresa o exijam?
Este é mais um exemplo do empresariado português. Mais um exemplo da gente para quem o “Bloco Central” governa!
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