AS VICISSITUDES DA POLÍTICA ESPANHOLA
I- José Bono, ex-ministro da defesa e ex-presidente de Castilla-La Mancha, foi eleito presidente do Congresso dos Deputados à segunda volta, por maioria simples. É a primeira vez, desde a transição, que o presidente da Câmara não é eleito por maioria absoluta. Situado na ala direita do PSOE, candidatou-se ao lugar por convite do Presidente do partido, José Luis Zapatero. Não conseguiu obter o apoio dos partidos nacionalistas (votos contra do PNV e da CiU e abstenção do BNG), que o consideram pouco respeitador da pluralidade espanhola; há dias um conhecido deputado do PNV, para atenuar os efeitos de uma eleição tida por inevitável, disse: “Por vezes mais vale ter os cabrestos no redil do que à solta. Causam menos dano tanto ao seu dono como a terceiros”.
II- No dia 9 de Abril, depois do debate do dia anterior, terá lugar a investidura do presidente do Governo. Admite-se que Zapatero não consiga a maioria absoluta por dificuldades de negociação com o PNV, já que o acordo com a CiU parece afastado por pressão dos socialistas catalães. Se assim acontecer, Zapatero, tal como Bono, terá de requerer uma segunda votação, na qual será eleito por maioria simples.
III- O Banco de Espanha prevê para o ano em curso um crescimento de 2,4% e de 2,1% para 2009; o superavit público baixará para 1,2% este ano e desaparecerá em 2009; a recessão imobiliária em 2008 destruirá 200 mil empregos criados em 2007 e fará subir a taxa de desemprego para 10% em 2009.
IV- Não cessam de vir a público episódios ilustrativos da crise da justiça em Espanha. Sabe-se agora que o presumível assassino de Mariluz deveria ter sido preso em Dezembro de 2004. Não foi, porque o juiz que nesse mês o condenou a dois anos de prisão, por abusar de uma menina de 9 anos, lhe suspendeu a pena por ele não ter antecedentes penais. E ele não os tinha, porque, naquela data, um tribunal de Sevilha ainda não havia redigido a sentença de condenação de um outro crime por ele cometido, também por abusos sexuais, sobre a sua própria filha. O juiz levou 31 meses a redigir a sentença…que somente agora, depois da morte de Mariluz, foi executada! Se isto acontecesse em Portugal, acabava o país…
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