A CONVERSA E A PRÁTICA
A esquerda do PS, tanto a filiada no partido como a chamada “independente”, logo que a crise financeira começou a ganhar os contornos que hoje tem, passou a fazer um discurso contra o neoliberalismo sem que, com o andar dos tempos, se vislumbre qualquer correspondência entre a palavra e a acção.
No fundo, não andou muito longe do Secretário Geral, um homem do centro, moderno e moderado, como ele se auto-intitula, que, mal se apercebeu de um clima politicamente favorável àquele tipo de discurso, não teve qualquer pejo em no Parlamento o adoptar com o mesmo à vontade com que antes defendera o seu contrário.
O pior é que tanto num caso como noutro não há qualquer correspondência entre as palavras e os actos. O PM continua a governar do mesmo modo e para o mesmo fim, agora apenas sem qualquer preocupação pelo aumento da dívida, certo de que, quando chegar a hora de a pagar, será aos mesmos de sempre que ele (ou quem lá estiver) vai exigir o dinheiro e os sacrifícios.
Os outros, a tal esquerda que esboça protestos nos jornais quase sempre ao que já aconteceu e quase nunca para impedir que se consume o que vai acontecer, assiste passivamente às manifestações de neoliberalismo do governo…sem qualquer protesto.
Referimo-nos como é óbvio a essa operação ruinosa que vai ser a privatização da ANA e a construção de um aeroporto que não faz falta. Aqueles que clamam contra o excesso de privatizações, que acusam o neoliberalismo de querer despojar o Estado de qualquer papel na economia, enfim, aqueles como Mário Soares e Manuel Alegre que se referem abstractamente a estas questões, como se elas existissem em consequência de um desígnio providencial, têm aqui uma boa ocasião para travar dentro do PS uma luta que o impeça de levar à prática mais este atentado contra o Estado português.
Provavelmente, protestarão mais tarde, sempre contra um sujeito invisível, autor nefasto de acontecimentos de geração espontânea, quando já não há nada a fazer, e entretanto entretêm-se com o apoio ou o desapoio à candidatura de Durão Barroso!
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