quarta-feira, 29 de abril de 2009

REGRESSAMOS



QUASE TRÊS SEMANAS DEPOIS

Afastado dos assuntos nacionais há cerca de três semanas, a muitos fusos horários de distância, lá bem perto da “swine flu” – apesar de o meu amigo JVC, grande especialista na matéria, não se cansar de explicar que ela nada tem de suíno – só a pouco e pouco me vou inteirando do que entretanto aconteceu.
Houve a entrevista do PM, o discurso do PR, a entrevista de MFL e os primeiros debates entre os candidatos ao Parlamento Europeu. Para dizer a verdade, nada de muito novo ou diferente do esperado.
Cavaco dá conselhos, envia recados, fala da “nossa democracia”, mas verdadeiramente nada tem de novo e de importante para nos dizer. Insiste na dívida, descreve algumas consequências da crise, ensaia dar-nos algumas lições de moral (sobre quanto gastar nas eleições, sobre que falar nos debates eleitorais e outras banalidades do género), mas percebe-se, ao ouvi-lo, que ele tem da democracia e das origens da crise uma visão muito limitada.
Será que Cavaco, ao menos como economista, ainda não compreendeu que uma das principais causas da crise eclodida nos países ricos é a terrível desigualdade na distribuição de rendimentos que levou o capitalismo a estimular permanentemente a procura mediante o recurso ao endividamento pessoal e familiar? A título de exemplo, falando apenas da América: a dívida privada das famílias americanas com cartões de crédito atingiu, em 2007, 900 mil milhões de dólares! Ou seja, o dobro da existente dez anos antes. E a dívida das famílias, no seu conjunto, passou de 46% do PIB em 1979 para 98% em 2008! E por ai fora nos demais países…
E no que respeita à democracia, mais do que palavras, o que interessa é praticá-la diariamente…
Ferreira Leite, na entrevista de ontem à noite ao inefável Crespo - agora também prefaciador encomiástico de um dos grandes expoentes do neoconservadorismo (Robert Kagan) -, mais uma vez nos deixou a ideia de que ainda não compreendeu a crise em que o mundo está atolado, e continua a falar de economia e do país como se estivesse a tratar de economia doméstica numa perspectiva estreitamente pequeno-burguesa.
A entrevista de Sócrates, para dizer a verdade, não tive paciência para a procurar na internet. Sei que falou em cada um pedalar sua própria bicicleta – preocupação saudável, em termos ambientais -, que não resistiu a insurgir-se contra a TVI das sextas-feiras – o que é mau, como se verá – e outras coisas do género…
Houve também o 17 de Abril – 40 anos, como o tempo passa! – e o 25 de Abril – 35 anos…
Um dia destes falarei das duas datas…

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