AGRAVAM-SE AS DIFICULDADES PARA O PS
O PS e o PSD têm uma manifesta dificuldade em justificar a existência de listas separadas ao Parlamento Europeu. Rigorosamente, deveriam concorrer na mesma lista. Quase não há diferenças entre os dois partidos e não há diferenças praticamente nenhumas entre os dois cabeças de lista.
O CDS, historicamente muito mais ambíguo – já defendeu o federalismo e o anti-europeísmo - , prevalece-se nesta eleição da inteligência de Nuno Melo e da sua capacidade parlamentar para se introduzir entre o PS e PSD, tentando ficar com votos de ambos.
Do lado da esquerda, a separação das águas é mais nítida. O PCP continua muito ligado a uma posição nacionalista e soberanista sem sequer fazer muita força na defesa da construção de uma Europa de natureza radicalmente diferente da que existe. Pelo contrário, o BE rejeita completamente a Europa que existe em nome de uma outra.
Dada a dificuldade de marcar diferenças relativamente à concepção europeia, tanto o PSD como o CDS fustigam o PS com questões relacionadas com a execução das políticas comunitárias e com típicas questões de política interna. E o candidato do PS é sistematicamente batido neste tipo de debate, não tendo até hoje sido capaz de encontrar um espaço próprio de afirmação política.
Ele não cativa à esquerda, nem seduz a direita. Não consegue desligar a actual crise dos fundamentos neoliberais em que assenta a construção europeia, nem passar com convicção a mensagem de que o futuro político da Europa se afastará do neoliberalismo, tal a veemência com que defende o Tratado de Lisboa. É um candidato que precisa manifestamente do auxílio partidário para se livrar do naufrágio.
Mais difícil será prever em que medida tanto o PCP como o BE poderão, na defesa de Europas alternativas, capitalizar o descontentamento popular gerado pela crise. Uma vez que essa parece claramente ser a estratégia do PSD e do CDS: beneficiar do descontentamento sem questionar a Europa.
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