quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A ENTREVISTA DE BELMIRO DE AZEVEDO NA SIC N


O QUE FICOU POR PERGUNTAR

Não vi toda a entrevista, mas o que vi dá para fazer um breve comentário.
Tanto quanto me apercebi, teria ficado acordado que a entrevista não abordaria questões especificamente políticas. Acordo que não foi respeitado, como seria de prever, não havendo, de resto, nenhum mal nisso.
Pena foi que nas questões propriamente políticas, relacionadas com a actividade empresarial do entrevistado, não tivessem sido feitas perguntas pertinentes sobre o papel e o comportamento do Público no recente caso das escutas. É claro que o Gomes Ferreira falou do Público, mas sempre com todas as cautelas, não fosse o entrevistado ofender-se. Não há dúvida de que o entrevistador da SIC actua com muita mais à vontade com empresários falidos, como Sousa Cintra ou João Rendeiro, do que com os outros, estejam eles muito endividados ou não.
Vê-se na abordagem dos temas políticos que hoje a bête noir dos grandes empresários portugueses é o Bloco de Esquerda. Não dispõem contra o Bloco das mesmas armas que podem utilizar contra o PCP. É a tal questão de ter ou não ter passado que há dias aqui abordei. O Bloco e os ataques ad hominem de Louçã deixam-nos fora de si e até ao bispo Edir Macedo o comparam…
Nas questões propriamente económicas tem de reconhecer-se que algumas das propostas de Belmiro, por exemplo, em matéria de exportação, grandes projectos, pequenas e médias empresas, estão a léguas das banalidades que costumámos ouvir a Cavaco, a Ferreira Leite e a outras luminárias, como Borges, que pululam pelo PSD.
Assentar a exportação e a expansão das empresas nacionais para mercados estrangeiros com base na inovação, na formação de excelência e por ai fora é algo completamente distinto do advogado por Cavaco, Pinho, os acima citados e muitos outros, para os quais o modelo a seguir é, com variantes de pormenor, o chinês. De facto, pela cabeça desta gente parece nunca ter passado a necessidade de fazer uma pergunta bem simples: por que razão é que a maior potência exportadora da Europa é simultaneamente aquela onde o trabalho é mais bem retribuído e onde os direitos sociais em geral estão mais garantidos? E, ainda, por que razão, em matéria de exportação, a Espanha, igualmente uma grande potência exportadora, tem cada vez mais como modelo a Alemanha?

Sem comentários: