segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O CASO TVI: HÁ ALGO DE ESTRANHO

O QUE SE PERCEBE MAL

Do ponto de vista dos “princípios” a questão já foi abordada neste blogue. Nada há a acrescentar. Já o mesmo se não poderá dizer do ponto de vista da compreensão dos factos. Aí, sim, há muita coisa que não se percebe bem.
Nas vésperas da decisão da Prisa, Moura Guedes deu várias entrevistas a vários órgãos de comunicação social claramente desafiadoras ou mesmo provocatórias. O seu esposo também se pronunciou num tom porventura mais comedido embora no mesmo sentido.
É claro que o PS tem um “histórico” relativamente ao jornal de sexta-feira da TVI, um “histórico” que agora o prejudica,
E o jornal tem na sua génese um objectivo muito claro: atacar Sócrates, num estilo que degrada a democracia, com a colaboração de intelectuais frustrados. Se isto ocorre apenas por decisão de Moura Guedes e do esposo, por recalcamento de ódios antigos, é coisa que não sabemos, embora a experiência nos diga que planos desta envergadura raramente são postos em prática com base em tão mesquinhas razões.
Que Moniz, grande divulgador de lixo televisivo, nos venha falar em polvo que aperta a liberdade de informação, não pode deixar de ser entendido, por quem tem memória, como mais uma manobra de diversão. Falam contra si os telejornais da RTP no tempo do cavaquismo, a ponto de terem motivado uma mensagem do Presidente da República à Assembleia da República (Mário Soares) e, mais recentemente, o modo como os factos são tratados na TVI, desde o caso Casa Pia ao Freeport.
Outro elemento a ter em conta e que raramente é focado é o facto de a Prisa estar em dificuldades e andar de “candeias às avessas” com o PSOE de Zapatero, ela que tão bem se dava com o PSOE de Gonzalez e de Almunia. Ainda há bem poucos dias JL Cebrián, tomando como pretexto a actividade legislativa do governo por meio de decretos-leis, mas que tinha como pano de fundo a questão da TDT, lançou um forte ataque a Zapatero. Ou seja, as relações da Prisa com o PSOE, em matéria de negócios, não são boas.
Concluindo, se o PS fez alguma pressão para que Moura Guedes saísse do ar, tal comportamento, a três semanas das eleições, além de democraticamente reprovável, apesar de o dito jornal ser um pasquim, era também muito estúpido. Há, porém, sempre a hipótese de o “tarefismo”, excessivamente diligente, desempenhar um papel e fazer o que não deve. E isso nos partidos acontece muitas vezes. Também não é de pôr de parte a hipótese de perfídia, menos plausível, mas sempre possível. Há quem diga que os grandes inimigos estão sempre mais próximos do que se julga...
Uma coisa é certa: seja o que for que tenha acontecido, a suspensão do jornal a três semanas das eleições só pode favorecer a direita, que, paradoxalmente, acabará por tirar mais vantagem desta pretensa violação da liberdade de imprensa do que a esquerda.

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