O DESPUDOR EM POLÍTICA
Enquanto na América se descobre mais uma vigarice (a juntar às vigarices legais) de quatro grandes bancos de Wall Street, por cá Sócrates e Passos Coelho vão se pondo de acordo sobre como pôr mais uma vez os mesmos de sempre a pagar a crise.
Admite-se que as eventuais divergências possam ter incidido sobre quem tinha a proposta mais branda para quem pode pagar mais e é muito provável que tenham chegado ao compromisso que as medidas enunciadas reflectem: deixar os altos rendimentos e os lucros escandalosos inalterados…porque eles são poucos e não estão habituados a pagar! Qualquer alteração no status quo, concluíram, poderia gerar instabilidade social.
O mais prático para esta direita reaccionária que nos governa é pôr o que ganha 10 e o que ganha 1000 a pagar o mesmo, já que só assim se assegura o princípio da igualdade a que o PS e o PSD são tão apegados, bem como o melífluo Proença e o arremedo de central sindical que em nome daqueles está encarregado de gerir.
Enfim, esta gente perdeu completamente a vergonha. É gente despudorada sem princípios nem valores cujo carácter está espelhado na conduta dessa corja de super boys que pulula nas empresas públicas e participadas, cujo comportamento só veio ao conhecimento público por entretanto terem sido investigados.
Para que se compreenda: o que se pretende dizer é que há uma profunda identidade entre quem governa e esses super boys, sendo estes, por se encontrarem mais resguardados (ou tal suporem), o verdadeiro espelho do carácter daqueles.
Para que se faça uma ideia da abissal diferença que separa, repito, esta direita reaccionária que nos governa de outros políticos europeus que igualmente têm de fazer face ao saque do capital financeiro e especulativo atente-se nos dois exemplos seguintes.
Alain Juppé, gaullista, diz num interessante artigo intitulado: “Você disse rigor?”, que é preciso exigir um sacrifício suplementar àqueles que menos sofrem com a crise, desde que não se ataque as classes médias, mas sim os verdadeiros titulares dos altos rendimentos. E à objecção de que os ricos se irão embora, de que podem fugir, Juppé responde: “Por vezes é preciso escolher o mal menor!”
Zapatero, por seu turno, está a estudar medidas adicionais de redução do défice que incidirão sobre quem tem mais, sem afectar a classe média.
É por estas e por outras que desprezo do povo por esta gente do sistema é total. Pois, mas vai ser preciso passar aos factos, melhor dizendo, aos actos…
1 comentário:
Leio este magnífico post (concordo particularmente com a conclusão) e atrás de mim papagueiam os do "Expresso da Meia Noite". Não olho nem me incomoda o ruido. Mesmo que quisesse não conseguia ouvi-los. Digam o que disserem é de certeza nauseabundo.
V
Enviar um comentário