segunda-feira, 10 de maio de 2010

AS "PREOCUPAÇÕES" DE EX-MINISTROS DAS FINANÇAS

QUE CREDIBILIDADE?

Dez ex- Ministros das Finanças foram a Belém dar conta ao Presidente da República da preocupação com que encaram a situação financeira portuguesa.
Para a representação ter ficado completa deveriam ter levado Constâncio e Braga de Macedo. Entre os que lá foram, Jacinto Nunes destoa claramente do conjunto, por razões que toda a gente compreenderá, e é pena que tenha desempenhado o papel de “idiota útil”.
Antes de mais nada, esta diligência deve ser interpretada como uma pressão sobre o Presidente da República com vista a uma maior intervenção. Como os poderes do PR estão constitucionalmente fixados, as personalidades que foram a Belém, de resto em consonância com as intervenções que a maior parte delas vinha individualmente fazendo, demonstram um fraquíssimo apego à legalidade constitucional e entendem que a economia, tal como elas a interpretam, justifica todas as excepções.
Ainda a título preliminar, convém dizer que no plano da cidadania e da defesa do interesse comum, as ditas personalidades, pelo seu passado político e pelo modo como se inserem na sociedade democrática, não oferecem qualquer garantia de defesa daqueles interesses.
A maior parte delas está altamente comprometida com o grande capital, algumas com o próprio capital financeiro – o grande responsável pela actual situação; outras passaram directamente do Governo para as empresas que tutelavam; outras têm oscilado nos seus apoios políticos consoante as altas benesses que lhes são previamente garantidas, sempre à custa do erário público; outras ainda beneficiam de reformas milionárias por elas próprias votadas ou construídas à custa do capital das empresas sob a sua gestão; outras passaram vagamente por instituições públicas e cobram por essa passagem uma reforma superior a uma dezena de salários médios; outras, enfim, nem sequer gozam de uma saúde mental recomendável.
Dito isto, não será difícil prever o que as ditas personalidades foram dizer a Belém. Que o défice deve ser reduzido ainda mais à custa do congelamento de salários ou mesmo do seu abaixamento, do congelamento das baixas pensões, do corte de despesas sociais, da redução do investimento público, enfim, a receita do costume, recessiva, sem perspectivas e com total ausência de preocupações sociais, a começar pela insensibilidade relativamente à questão do emprego.
Sobre o contexto em que tudo isto acontece, porque acontece e que políticas alternativas poderiam e deveriam ser postas em prática, tanto a nível nacional como europeu, não é de crer, a avaliar pelos antecedentes, que tenham dito uma única palavra.

1 comentário:

Anónimo disse...

Cinismo sem limites é o que esta gente revela. Transformam as vítimas, da desgovernação e do saque, em réus. Têm vindo a público notícias, mal elaboradas, mas relacionadas com o aumento do encargo do Estado com medicamentos, quando o Governo poderia, sem qualquer dificuldade, poupar várias centenas de milhões nesta área da despesa, mas não, decide aumentar a margem das farmácias transferindo, literalmente, do Estado para este conglomerado, só por este efeito, qualquer coisa como 90M de euros. Note-se, trata-se de um suplemento líquido no lucros. Um exemplo: Há dias tive que comprar, para um familiar, em Salamanca, um embalagem de Omeprazol. Fiquei boquiaberto com o preço (venda ao público sem qualquer comparticipação), 7,41euros; preço em Portugal (mesma marca, -Myland- dosagem e quantidade) 31,72 euros!!!. Pude constatar uma diferença abissal numa série de medicamentos de grande consumo.
O Governo e os seus conselheiros pensam que o problema se deve resolver carregando sobre a malandragem que vive principescamente à custa da Seg. Social e quanto mais distribuído for o rendimento menor é a capacidade de aforro. Têm razão! Agora percebi.