“NÓS NÃO SOMOS A GRÉCIA!”
O que acabei de ver na televisão é lamentável. Eu sei que se corre sempre o risco de tomar a parte pelo todo, quando se faz fé numa reportagem televisiva. Mas a gente conhece os antecedentes, conhece a conversa dos media, dos políticos, dos comentadores do regime enfim, a gente conhece a mensagem.
Essa coisa de ir à Bolsa de Neva York dizer: “Nós não somos a Grécia!”, “Nós somos bem comportadinhos, por favor gostem de nós”, além de ser uma imbecilidade, é uma atitude muito reprovável no actual contexto comunitário. Numa altura em que tanto se fala da falta de solidariedade dos mais fortes, este exemplo de completa ausência de solidariedade um dos mais fracos é lamentável.
Esta triste ideia muito comum em certos meios de a vítima se acolher à protecção do algoz supondo que vai ser poupada não leva, como é óbvio, a nada.
Independentemente de o caminho a seguir ser outro, e ter de ser trilhado na Europa, pode aceitar-se uma acção promocional junto dos grandes centros da pirataria financeira, se se tratar de uma acção bem concebida. Agora, ir para Nova York enterrar os gregos mais do que já estão e tentar captar a simpatia dos ditos meios, isolando os “maus”para assim procurar ficar na companhia dos “bons”, é uma acção antecipadamente votada ao insucesso.
Tal como o lobo ataca a presa mal sente a sua fragilidade, também estes farão o mesmo logo que a ocasião se perfile.
Na América as coisas não se tratam assim. Se há algum exemplo a seguir na história da diplomacia portuguesa sobre como tratar assuntos na América ainda é, quer se goste quer não, a forma como a ditadura actuou junto da Casa Branca para contornar as proibições da ONU e do Congresso sobre a venda de armamento e demais material militar. Beneficiando de um contexto que ela conhecia bem, por um lado, o facto de a “entourage” de Nixon ser bastante racista, e, por outro, venal e sempre pronta a entrar em “negócios escuros”, a diplomacia portuguesa comprou um conjunto importante de boys, alguns desapareceram com Watergate, outros, curiosamente, ainda andam por aí, que se encarregou da defesa dos interesses colonialistas com razoável êxito.
Claro que agora estamos a falar de dinheiro, de especulação, de capital financeiro e, portanto, tudo se complica enormemente. Uma coisa porém é certa: o caminho escolhido está errado.
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