quarta-feira, 30 de abril de 2008

HILLARY CLINTON GANHA FORÇA NA CORRIDA CONTRA OBAMA


AS PRÓXIMAS PRIMÁRIAS

São cada vez mais ténues as hipóteses de Barack Obama obter a nomeação do Partido Democrático, na Convenção Nacional de Denver, a 25 de Agosto. Os factos ainda não apontam nesse sentido, mas o clima já é esse. Ontem foi um dia fatídico para Obama: o pastor Jeremiah Wright não podia ter escolhido pior oportunidade para falar sobre o seu apostolado. Numa altura em que Obama estava fragilizado pela derrota na Pensilvânia, as declarações do pastor, a que justa ou injustamente o eleitorado o considera ideologicamente ligado, caíram como sopa no mel para os adversários do senador de Illinois. Bem pode Obama dizer que se sente horrorizado com o que ouviu e que rejeita em absoluto as opiniões do pastor. Para o eleitor médio do Partido Democrático, está, no mínimo, instalada a dúvida. E é natural que outros sectores do partido comecem a reequacionar as consequências do apoio a um candidato hipotética ou potencialmente perdedor.
Obama tem ainda uma hipótese de reverter a situação, ganhando, no dia 6, em Indiana, um estado com peso operário, não obstante ter dado a vitória ao candidato republicano nas últimas eleições. As sondagens dão-no com uma ligeira vantagem relativamente a H. Clinton, mas como se trata de um estado com voto livre, tudo pode ainda acontecer.
Na Carolina do Norte, Obama continua à frente, com uma vantagem confortável, não obstante o governador, Mike Easley, ter ontem assegurado o seu apoio a Hillary. Mesmo assim, Obama mantém neste estado uma vantagem razoável entre os superdelegados (6 contra 2).
As sondagens dizem também que dois em cada três apoiantes de Hillary não votarão em Obama se ele for o nomeado. Estes dados podem ainda alterar-se, embora sejam reveladores do grau de animosidade que a campanha atingiu. Pela própria composição do eleitorado de cada candidato, é perfeitamente natural que os fiéis de H. Clinton sejam muito mais renitentes em conceder o voto a Obama do que os deste a Clinton e esse será mais um factor a pesar negativamente na sua candidatura.
Nos tempos difíceis que ai vem, nada pior poderia acontecer ao mundo do que a rotatividade entre os Bush e os Clinton, na América. Teríamos “mais do mesmo”, sem prejuízo de o “mesmo” não ser idêntico em ambos os casos.
Na Europa, toda a ala atlantista (e natista), da Inglaterra à Itália de Berlusconni, passando pelo bloco central português de obediência americana, até aos aspirantes a “protectorados respeitados e respeitáveis” do leste europeu, suspira por uma vitória de Clinton. Nada mais tranquilo de que aquilo a que Guterres chamava a “hegemonia benigna”, que os Clinton certamente assegurariam.
Na América, com os Clinton no poder, nada de verdadeiramente diferente se passaria. Apenas mais impostos para os ricos, que Bush obscenamente isentou, e mais saúde para os pobres. Tudo o resto continuaria na mesma: Wall Street continuaria a especular e o contribuinte americano a pagar os prejuízos sempre que a crise acender a luz vermelha. Na reserva federal e na secretaria do tesouro continuariam a mandar os representantes do grande capital financeiro, no comércio, os representantes das grandes empresas americanas, na defesa, um homem da confiança do complexo militar-industrial e nas relações externas, alguém capaz de entoar uma música audível por europeus ansiosos de participar no concerto…
E o mundo continuaria cada vez mais perigoso!

AGÊNCIAS DA ONU CULPAM FMI PELA CRISE ALIMENTAR


A DIATRIBE DE JEAN ZIEGLER

O relator especial da Organização das Nações Unidas para o Direito à Alimentação, Jean Ziegler, qualificou ontem de autêntica tragédia o aumento do preço dos alimentos e pediu fundos suplementares para fazer frente à fome.
Numa reunião das agências das Nações Unidas, em Genebra, Jean Ziegler, na presença do Secretário-geral da Organização, imputou a responsabilidade pela crise aos biocombustíveis e às “políticas aberrantes” do FMI.
No que respeita aos biocombustíveis, o conhecido sociólogo qualificou a produção de biocombustíveis como um crime contra a humanidade. Quanto ao FMI, acusou-o de ter destruído as culturas de subsistência em troca do desenvolvimento das culturas de exportação destinadas a reduzir a dívida externa.
Igualmente criticado, foi o director da OMC, Pascal Lamy, que, ao advogar o fim do proteccionismo, imprimiu à organização uma linha de trabalho totalmente contrária aos interesses dos povos martirizados pela fome.
Ziegler pediu ainda aos dadores do PAM (Programa Alimentar Mundial), de que dependem mais de 75 milhões de pessoas, um reforço das ajudas para fazer face à queda de 40% do poder aquisitivo.
Finalmente, considerou positiva a atitude do novo director do FMI, Dominique Strauss-Kahn, que recomendou aos países “prioridade absoluta no cultivo de alimentos".

terça-feira, 29 de abril de 2008

HOWARD DEAN QUER QUE UM DESISTA EM 3 DE JUNHO


A INCERTEZA DO PARTIDO DEMOCRÁTICO


Há sondagens para todos os gostos. Umas dão Hillary como vencedora no confronto com McCain, outras continuam a apontar Obama como o melhor candidato para bater o senador do Arizona.
Até há bem pouco tempo todos diziam que a acirrada disputa entre os pré- candidatos democráticos favorecia o candidato republicano, a ponto de um conhecido radialista da direita americana incitar os republicanos a votar nas primárias democráticas…para manter a contenda em aberto e “fazê-los sangrar”. Agora, já há quem diga que esta permanente atenção dos media nos candidatos democráticos faz perder visibilidade ao candidato republicano, que, além do mais, tem dificuldade em intervir, já que as diferenças entre os candidatos democráticos incidem sobre pontos que raramente lhe permitem opinar sem parecer que está a tomar partido.
Seja como for, o certo é que a campanha dos democratas está longe de terminar, a menos que Obama perca as duas primárias de 6 de Maio. Se isso não acontecer, o mais provável é que a luta se mantenha até à última primária, em Porto Rico, a 3 de Junho.
Howard Dean, presidente do partido, voltou hoje a reiterar, embora em termos diferentes, o pedido de a disputa não ser levada até Denver, à convenção nacional democrata, em 25 de Agosto, sugerindo aos candidatos que um deles se retire a 3 de Junho.
De facto, em 3 de Junho todos os delegados “pledged” estarão identificados. E Dean acredita que até lá se terão pronunciado todos os superdelegados que ainda o não fizeram.
Obama, que continua a despertar a simpatia do eleitorado mais jovem, do afro-americano e dos democratas mais instruídos e com rendimento mais elevado, tem tido dificuldade em penetrar nos sectores mais populares e de mais baixo rendimento do partido democrático. O reverendo Jeremiah Wright, por seu lado, também não ajuda. Ainda ontem reiterou todos os pontos mais polémicos do seu discurso e acrescentou que os ataques de que está a ser alvo não são contra ele, mas contra a igreja negra. Obama demarcou-se dizendo que o reverendo não fala em seu nome.


CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA ALTA DOS PREÇOS DOS ALIMENTOS

A TORMENTA PERFEITA

Segundo os peritos das Nações Unidas, a subida do preço dos alimentos deve-se a uma acumulação de factores – sociais, demográficos, políticos e até especulativos – que faz com que a crise não seja passageira, mas antes um dado com que doravante terá de contar-se. Ao lado do petróleo, principal responsável nos últimos anos pela inflação, o preço dos alimentos passará a ser a outra grande causa de inflação.
A média da inflação, em 2007, nas 30 economias mais avançadas era de 2,1%. Em 2008 subirá até aos 3%.
Para as economias mais avançadas a consequência daquela subida é a inflação, para os mais pobres a consequência é a fome.

Segundo os organismos especializados das NU, as causas da subida dos preços são:
O crescimento da população mundial, à média de 75 milhões de pessoas por ano;
O preço do petróleo, que afectou o cultivo e o transporte dos alimentos;
As mudanças alimentares na China e na Índia (cerca de 40% da população mundial) – ambos os países, em consequência do crescimento económico, passaram a consumir mais;
Os biocombustíveis, responsáveis pela subida dos alimentos entre 5% e 10%, segundo a FAO;
A especulação, dada a menor rentabilidade e maior risco de outras aplicações.

Face ao que se está a passar, apenas breves duas observações:
Primeira – A crise parece ter apanhado toda a gente de surpresa, não obstante os múltiplos indícios que iam surgindo um pouco por todo o lado; todas as atenções estavam viradas para o petróleo, porventura por as correntes neo-liberais haverem desprezado a agricultura como sector estratégico fundamental.
Segunda – O objectivo neo-liberal de completa desregulamentação dos mercados parece cada vez mais inalcançável, desde logo na agricultura (como se verá na próxima ronda das negociações da OMC), onde, dada a radical alteração das circunstâncias, a necessidade de regulamentação dos mercados e dos preços acabará por impor-se.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

EPISÓDIOS DE ARBITRAGEM


FUTEBOL AINDA PIOR DO QUE A POLÍTICA

Acabei de ver na TVI o resumo do Sporting – Marítimo, arbitrado pelo mesmo árbitro que aqui há umas semanas dirigiu o Boavista – Benfica. Agora percebe-se melhor por que razão Pinto da Costa, segundo uma gravação publicada o ano passado pelo Correio da Manhã, depois do jogo Sporting – Porto, do último ano de Mourinho, arbitrado por aquele mesmo Senhor, disse ao telefone a um amigo que os jogadores do Porto tinham chamado ao árbitro todos os nomes possíveis, sem que da parte deste tivesse havido qualquer outra reacção que sorrisos e mais sorrisos. Segundo o presidente do Porto, os jogadores reagiam daquele modo ao favorecimento do Sporting.
É caso para dizer que os jogadores do Porto sabiam do que falavam e, principalmente, com quem falavam
O árbitro incapaz, pelo seu passado, de adoptar o comportamento devido, limitava-se a sorrir, como se nada se passasse.
Pôr, nesta fase do campeonato, este árbitro a arbitrar um jogo do Sporting, ainda por cima em Alvalade, seria como pôr um daqueles políticos que ingressaram na direcção de certas grandes empresas a decidir sobre concursos a que elas tivessem concorrido.

domingo, 27 de abril de 2008

A CRÓNICA DO SR. ANTÓNIO BARRETO

BASTA PEDIR DESCULPA?

Pela leitura do Público de domingo depreendo que o cronista António Barreto, há duas semanas atrás, aceitou como verídicos e inquestionáveis os “factos” descritos pelo autor do livro “Holocausto em Angola”. Entre os ditos “factos” conta-se a famosa carta apócrifa de Rosa Coutinho a Agostinho Neto, que a extrema direita portuguesa e os ex-pides refugiados na África do Sul divulgaram de mão em mão há muitos anos e que, pelos vistos, continuam a divulgar, agora com recurso a novas tecnologias.
Barreto no Público de hoje desculpa-se (diz desconhecer que sobre o assunto já tivesse sido publicado qualquer desmentido), lamenta ter utilizado como argumento um documento apócrifo e pede desculpa a Rosa Coutinho.
Não creio que a questão posa ficar arrumada com estas desculpas. O episódio diz muito sobre a credibilidade do seu autor e sobre o modo como infelizmente se “faz opinião” em Portugal. Não sou de opinião que o Público tenha particulares responsabilidades no sucedido ou sequer tenha qualquer responsabilidade. O que entendo, todavia, é que num país a sério este Senhor nunca mais escreveria num jornal…por falta de leitores.
De facto, não se trata de um erro vulgar, mas antes de um atitude de espírito de quem está predisposto a aceitar como verdadeiros factos que nem o mais néscio dos leitores aceitaria sem, no mínimo, os questionar. Procurou Barreto informar-se sobre a veracidade dos mesmos? Que diligências fez? Teria ele tido a mesma atitude se factos semelhantes fossem imputados a uma das suas “vacas sagradas”?
E é gente desta que ensina nas nossas universidades!

A BÊTE NOIR DO EMPRESARIADO PORTUGUÊS


O PONTO DE VISTA DA JERÓNIMO MARTINS

Percorro o Público de hoje. Detenho-me na página de economia. Leio a entrevista do principal responsável pela Jerónimo Martins. Procuro em vão uma ideia nova do empresariado português para os tempos de mudança que se antevêem. Que encontro? O mesmo problema de sempre: a incontornável dificuldade de as empresas terem de laborar com trabalhadores!
E havendo trabalhadores há os problemas de sempre, ou melhor, os problemas herdados do século passado: a não liberalização dos despedimentos, apesar da taxa de desemprego, dos contratos a prazo e dos recibos verdes; o excesso de direitos, não obstante a constante diminuição do salário real dos trabalhadores; o “impacto brutal” do 25 de Abril de que “ainda estamos a pagar a factura” (a factura da “inflexibilidade” e dos “direitos”); a “inflexibilidade dos horários”, por exemplo, do horário de refeições, por que não reduzir essa pausa a meia-hora ou até a menos, se o trabalhador estiver de acordo?
Por último, o dito empresário acha que a crise resulta de só se falar de problemas e mais problemas. E confessa-se um homem formado numa escola em que o domingo era o dia da família e de ir à missa. De estar com o avô, com os pais, com os tios…Mas está de acordo com a abertura dos supermercados ao domingo, com outros horários para os serviços públicos, para as escolas…e, presumo, também para as missas e já agora para as visitas familiares (talvez de madrugada…).
Na Polónia dos manos ou do actual governo liberal este empresário sente-se bem. Aqui, em Portugal, é preciso licenças para tudo. Na Polónia não. É tudo rapidíssimo. É um prazer lá estar.
Da Polónia, este empresário tem a opinião do turista. Daquele que vê superficialmente aquilo que o acaso lhe mostra. Saberá ele porventura quantos polacos qualificados emigraram para o Reino Unido, para a Irlanda, para a Suécia, enfim, para os países da Europa ocidental desde a adesão da Polónia à União Europeia? Mas que é que isso lhe interessa se tiver gente disponível para empregar como caixa de supermercados com a possibilidade de despedir sempre que as superiores conveniências da empresa o exijam?
Este é mais um exemplo do empresariado português. Mais um exemplo da gente para quem o “Bloco Central” governa!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

O QUE ENTRETANTO SE PASSOU


DOZE DIAS IMPORTANTES, MAS INSUFICIENTES PARA ABALAR O MUNDO

Separado por muitos fusos horários e sem possibilidade de aceder à internet nas horas disponíveis, foram-me chegando os ecos do entretanto acontecido.
Registo: 1) a vitória de Berlusconi e a derrota do centro (já não há esquerda em Itália?); 2) a demissão de Menezes depois do ataque soez a Fernanda Câncio, prenunciadora da desagregação do PSD; 3) a triste figura de Cavaco na Madeira, que recebeu os deputados da oposição no hotel; 4) o ataque do PS ao contrato de trabalho, pondo a nu a falsificação ideológica daqueles que insistem em ver nele um partido social-democrata; 5) o corajoso artigo de Mário Crespo sobre os aviões executivos; 6) o ataque de Lula ao FMI, a propósito de uma situação recorrente há mais de vinte anos, para indirectamente reagir à louvável tomada de posição de Dominique Strauss-Khan contra o biocombustível; 7) a derrota de Obama na Pensilvânia, que pode pôr em causa a sua nomeação; 8) a incapacidade de o Benfica-clube reagir à crise, consequência da completa ausência de vitalidade do seu corpo associativo.

25 DE ABRIL SEMPRE






A DEMOCRACIA INACABADA

Trinta e quatro anos depois do dia que pôs termo a 48 anos de ditadura e a 42 de poder pessoal retrógrado, tirânico e policial, da esperança que inundou o país, sobra a democracia representativa de soberania partidária ou, para não ser tão cáustico, de soberania parlamentar.
Apesar das evidentes limitações deste tipo de regime, tanto no plano político, como nos planos económico, social e cultural, não há comparação possível entre as realizações da ditadura durante os quase 50 anos de vigência e as da democracia representativa durante um período relativamente menor.
Esta verdade evidente não nos pode contentar. Todos os democratas sabiam que o regime que queriam construir não tinha a ditadura salazarista por termo de comparação. Sonhavam com mais, com muito mais. E é exactamente esse sonho que continua por realizar.

domingo, 13 de abril de 2008

JIMMY CARTER DEFENDE ENCONTRO COM HAMAS

CARTER ABRE CAMINHO A OUTRA DIPLOMACIA NO MÉDIO ORIENTE

Contrariando os conselhos do Departamento de Estado, Jimmy Carter continua a defender a possibilidade de se reunir, na Síria, com representantes do Hamas, durante a sua visita ao médio oriente na semana que vai entrar.
Carter considera que a paz entre Israel e os seus vizinhos não pode excluir ninguém, além de que falar com o Hamas é importante para avaliar da sua flexibilidade e para o tentar convencer a interromper os ataques contra civis inocentes.
Apesar das críticas de Condolezza Rice, que não vê no encontro qualquer vantagem, o que Carter parece querer dizer aos americanos é que a paz no Médio Oriente e noutras partes do mundo só é possível negociando, principalmente quando começa a estar à vista de toda a gente que outros métodos estão muito longe de levar aos resultados esperados.

ESPANHA: UMA MULHER NA DEFESA


9 MINISTRAS, 8 MINISTROS

Segundo Zapatero, o novo governo espanhol, hoje empossado, terá três grandes objectivos: assegurar o crescimento económico com mais valor acrescentado; afrontar de maneira integral os grandes desafios das mudanças climáticas e garantir a igualdade entre homens e mulheres. Porventura para dar um sinal de que este último objectivo está alicerçado numa sólida vontade política, foi nomeada ministra da Defesa uma mulher, Charme Chacón e criado o ministério da Igualdade.
O novo governo, composto por 17 ministros, mantém o núcleo duro do governo anterior, os vice-presidentes, Teresa de la Vega e Pedro Solbes, Rubalcaba no Interior, Moratinos nos Assuntos Exteriores e Bermejo na Justiça, sendo de sublinhar a entrada de apenas cinco novos ministros.
Pela primeira vez em Espanha, à frente da Defesa ficará uma mulher e, também pela primeira vez, o Governo terá mais mulheres do que homens.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

AINDA OS BIOCOMBUSTÍVEIS


A SUBIDA DOS PREÇOS DAS MATÉRIAS-PRIMAS VEGETAIS

No debate quinzenal de hoje, o primeiro-ministro, ao abordar os temas da energia, anunciou que, em 2010, dez por cento da energia consumida pelos transportes terá a sua origem no biocombustível.
A satisfação com que o primeiro-ministro anunciou a meta a alcançar parece só ter paralelo nos grandes produtores de etanol, já que por todo o lado são cada vez em maior número as vozes que se erguem contra o biocombustível.
Ainda esta semana, na reunião de primavera das instituições de Bretton Woods, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional se uniram contra os biocombustíveis, responsabilizando-os pela alta dos preços de alimentos básicos como o trigo e o arroz. E na Europa, a Agência Europeia do Meio Ambiente considera que eles nem sequer contribuem para a redução do efeito estufa.
A subida dos preços dos produtos alimentares, que já era uma consequência do aumento de consumo dos países emergentes, foi extraordinariamente potenciado pela produção dos biocombustíveis. Se a isto juntarmos a actividade especulativa daqueles que passaram a apostar nas matérias-primas agrícolas teremos uma situação de consequências imprevisíveis. Situações como a que agora se registou no Haiti vamos certamente tê-las em muitas partes do mundo.
Perante um cenário desta natureza soam a irresponsabilidade as respostas e as réplicas do primeiro-ministro durante o debate parlamentar de hoje.

ALGUNS DADOS DA CRISE ITALIANA


NA VÉSPERA DE ELEIÇÕES

A Itália é um país em crise há muitos anos. Crise económica, política e social. Depois da “operação mãos limpas”, que varreu da cena política os partidos saídos da situação política subsequente à segunda guerra mundial e à derrota do fascismo, pode dizer-se que a Itália nunca mais se encontrou. Sem nunca ter tido um grande peso na cena política internacional, salvo o que lhe advinha de aliada fiel dos americanos, a Itália prestigiou-se e impôs-se nos tempos modernos pelo seu poderio económico.
Hoje a Itália é uma pálida imagem dos idolatrados tempos do milagre italiano.
Os dados recentemente tornados públicos pela Universidade de Turim, mostram-nos uma Itália totalmente dependente do petróleo, com uma despesa pública à volta de 40% do PIB, uma dívida pública de 105%, taxas de desemprego e precariedade muito altas, taxas de ocupação feminina baixas, subida em flecha do número de famílias em dificuldades, os impostos mais altos da Europa a seguir à Alemanha e salários apenas superiores aos de Portugal. Uma Itália dominada em grande medida pelas máfias, como ainda agora se evidenciou na crise de Nápoles, fracturada entre o norte e o sul e politicamente desagregada, como os recentes e cada vez mais frequentes poderes assumidos pelos municípios, em domínios da competência governamental, claramente revelam. Uma Itália, enfim, já ultrapassada pela Espanha, brevemente pela Grécia e dentro de mais ou menos uma década pela Roménia.
É neste contexto que vão ter lugar as eleições de domingo e segunda-feira próximos. Eleições fundamentalmente disputadas entre o Partido Democrático (PD), de Veltroni, e seus aliados, e o Partido do Povo da Liberdade (PDL), de Berlusconi, que concorre aliado à Liga do Norte e ao Movimento para a Autonomia (MPA), da Sicília.
As sondagens dão uma vitória à direita na câmara baixa, Câmara dos Deputados, com uma margem entre 7 e 9 pontos, embora não sejam tão conclusivas quanto à câmara alta, Senado, que em Itália tem uma importância praticamente equivalente à daquela. Sem maioria no Senado dificilmente se governa e em minoria, em princípio, não se governa, como aconteceu a Prodi.

BRASIL PREPARA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE BIOCOMBUSTÍVEIS


COMBUSTÍVEL ALTERNATIVO OU MAIS DO MESMO?

O Brasil espera receber representantes de todo mundo na Conferência Internacional de Biocombustíveis que, em Novembro, terá lugar em S.Paulo.
O Brasil e os Estados Unidos são os dois países mais interessados na promoção do biocombustível como alternativa aos combustíveis fósseis. O Brasil produz etanol extraído da cana-de-açúcar e os Estados Unidos, do milho. Ambos os países lideram as respectivas produções mundiais e ambos estão empenhados em demonstrar que a diminuição do consumo de combustíveis fósseis mediante o incremento do consumo de etanol contribuiria para a redução das emissões de gazes poluentes causadores do efeito estufa.
À primeira vista, parece que a altura escolhida pelas autoridades brasileiras para a realização da conferência não poderia ser pior. Para além da crítica geral que se faz ao etanol, assente no argumento de que muito mais importante do que mudar o combustível o que verdadeiramente interessava era substituir o motor de combustão, a recente crise das matérias-primas agrícolas, caracterizada pelo extraordinário aumento do seu preço, parece desaconselhar a promoção de um combustível produzido a partir de produtos cujo preço subiu consideravelmente nos últimos tempos. E, embora esta subida seja a consequência da conjugação de várias causas, parece consensual estar entre elas a produção de biocombustível.
No Brasil, o etanol é ainda acusado de impulsionar a deflorestação de vastíssimas áreas, incluindo a Amazónia, para onde tenderiam a avançar as produções de cana-de-açúcar, o que, a concretizar-se, contribuiria mais para o efeito estufa do que o consumo de combustíveis fósseis.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

ZAPATERO NÃO OBTÉM INVESTIDURA NA PRIMEIRA VOTAÇÃO


PSOE GOVERNARÁ SEM ALIANÇAS FIRMES

Como se esperava, José Luis Zapatero não foi hoje investido primeiro-ministro por não ter obtido a maioria absoluta dos votos (176). Em princípio, e salvo qualquer surpresa que se não espera, será investido na próxima 6.ª feira com maioria relativa.
O desfecho da votação de hoje era esperado, por não ter sido alcançado um acordo estável com as forças que, em princípio, poderiam apoiar Zapatero: a Convergências e União (CiU), da Catalunha e Partido Nacionalista Vasco (PNV), do País Basco.
As negociações, que decorreram durante alguns dias, não se traduziram em qualquer acordo firme, facto que não constituiu surpresa para ninguém, já que desde a primeira hora se compreendeu que o PSOE não estaria na disposição de selar um acordo a qualquer preço. Zapatero considera-se hoje mais forte do que há quatro anos, principalmente no País Basco e na Catalunha, regiões onde ganhou as eleições em todas as províncias. Por outro lado, um entendimento com a CiU não era do agrado do Partido Socialista da Catalunha (PSC), circunstância que pesou decisivamente no desfecho das negociações. Relativamente ao PNV, uma certa ambiguidade da linha política, depois da derrota de 9 de Março, também não favoreceu um entendimento com os socialistas.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

A CRISE AMERICANA SEGUNDO A ACTA DO FOMC

A ACTA DO FOMC ADMITE CRISE ECONÓMICA PROLONGADA E SEVERA NOS EUA

A acta do FOMC (Comité federal do mercado aberto) do FED (Reserva federal) de 18 de Março, hoje tornada pública, refere a possibilidade de ocorrer uma prolongada e severa desaceleração económica no país, tendo sido essa a razão que levou aquele Comité a um corte de 0,75% da taxa de juro, agora fixada em 2,25%. A esperada contracção na economia americana no primeiro semestre deste ano, depois de um crescimento muito baixo no último trimestre de 2007, configura o conceito técnico de recessão.
De certo modo, no mesmo sentido se pronunciou o FMI, que hoje confirma que a crise ultrapassou os confins do mercado americano do “subprime” e já atinge os principais mercados imobiliários, o crédito do consumo e o crédito das empresas, admitindo ainda a sua continuação em circunstâncias mais perigosas

terça-feira, 8 de abril de 2008

VANTAGEM DE HILLARY NA PENSILVÂNIA DIMINUI


A ÚLTIMA SONDAGEM

Segundo uma sondagem divulgada hoje, a vantagem de Hillary Clinton na Pensilvânia diminuiu mais três pontos. Conta agora com 50% das intenções de voto contra 44% de Obama.
Em meados de Março, a vantagem da Senadora era de 12%. Segundo o instituto que tem feito as sondagens, esta descida deve-se à perda de votos no eleitorado feminino, onde, apesar da quebra, mantém vantagem. Quanto aos restantes sectores do eleitorado democrático, mantém-se as preferências já registadas noutras eleições.
As primárias da Pensilvânia acabam por ser muito importantes para ambos os candidatos: se Hillary ganhar, mesmo que seja por escassa margem, certamente que encontrará nessa vitória uma boa razão para se manter na corrida; pelo contrário, se Obama ganhar (admitindo que no mesmo dia ganhará na Carolina do Norte, como tudo indica) dificilmente ela terá condições para continuar.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

AS ESCUTAS NÃO PODEM SER USADAS NO APITO FINAL?


O SENTIDO DA LEI

Diz o Diário de Notícias de hoje que "todos juristas estão de acordo que as escutas telefónicas só podem ser usadas no fim para que foram solicitadas", ou seja, no processo criminal. Logo, a acusação da Liga para poder levar à condenação dos visados terá de basear-se noutros meios de prova.
Sem fazer muita questão no “todos”, que justificaria uma resposta à Almeida Garrett, parece-me que a Constituição não obsta à relevância no processo disciplinar de meios de prova obtidos no processo criminal. O que a Constituição não permite é que tais meios de prova sejam obtidos noutro processo que não o criminal, já que este é o único que dá garantias de defesa dos direitos dos arguidos.
Em Portugal é assim que se actua. Por um lado, clama-se que não se faz justiça e que todos os ilícitos ficam impunes. Por outro, quando se trata de fazê-la, contextualiza-se mal o assunto e invocam-se condicionalismos legais vários para que tudo fique na mesma.
Este défice democrático nenhuma lei pode colmatar.

A DESINTERESSANTE ENTREVISTA DE JARDIM GONÇALVES


AOS COSTUMES DISSE NADA

Abrigado sob o guarda-chuva do segredo de justiça, nada disse sobre os assuntos em que seria interessante conhecer a sua opinião.
Quanto ao mais, defendeu-se com as habituais imputações de culpa àqueles que dão a conhecer os factos, seguindo o velho princípio de que a culpa das más notícias é dos mensageiros, que sempre actuam para favorecer interesses ocultos.
Finalmente, quanto às remunerações dos gestores, distingue entre administradores e colaboradores (o nome que passou a ser usado para acabar com essa coisa antiga de apropriação da mais-valia). E conclui que os “colaboradores” sempre tiveram condições de compensação do seu esforço de construção do banco muito acima dos seus colegas de sector, enquanto os administradores tinham as remunerações que lhes eram oferecidas
Enfim, o banco era uma família e numa família, como nas “famílias” romanas, cada um tem o seu lugar…e o seu pecúlio!

A ENTREVISTA DE GREENSPAN AO EL PAIS

DUAS NOTAS

Da entrevista que Greenspan concedeu ao El País, para sinalizar o lançamento, em Espanha, do seu livro, Era da Turbulência, já publicado em português, tanto em Portugal, como no Brasil, destaco duas notas:
Primeira – O crescimento sem inflação é cada vez mais difícil; segundo Greenspan, este período está a chegar ao fim, já que ele coincidiu com tempo de ajustamento das economias planificadas (Rússia, China e outras) a um mercado concorrencial, livre e competitivo; o preço das exportações destes países está a subir e isso terá como consequência inevitável um aumento da inflação;
Segunda – No livro acima citado, Greenspan disse: “Entristece-me que seja politicamente inconveniente reconhecer o que todo o mundo sabe: que a guerra do Iraque tinha que ver, sobretudo, com o petróleo”; agora explica que apenas queria dizer que se não houvesse petróleo no Iraque, Sadam Hussein não teria podido lançar mão dos recursos que lhe permitiram ameaçar os países vizinhos; foi o petróleo que deu a Sadam os recursos que criaram os problemas que levaram à reacção contra ele.

Ouvido ou lido isto, a gente pergunta: então não seria melhor que Greenspan, apesar de reformado, continuasse a trabalhar no aperfeiçoamento dos tais modelos econométricos que permitirão, no futuro, evitar as crises do capital especulativo do que pôr-se a falar de política? Além de que, com a sua explicação de agora não resolve nada: Bush e Cheney tiraram o petróleo a Sadam. E a quem o deram? Às vezes mais vale estar calado…

O MNE ACTOU COM MÁ FÉ


A PUBLICAÇÃO DE DESPACHOS COM DOIS ANOS DE ATRASO

Em 2005, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, invocando dificuldades orçamentais e a necessidade de pôr em prática uma nova política, baseada no mérito e na competência, despediu com grande alarido público 22 conselheiros e adidos do quadro externo do MNE (apesar de em nota de imprensa então divulgada pelo seu assessor de imprensa ter indicado um número muito superior-39).
No entanto, pelo comportamento do Ministro, depois de anunciada a tal nova política, como pelo do seu sucessor, logo se compreendeu que as razões invocadas não passavam de um falso pretexto para substituir pessoas que não eram do seu agrado. Na verdade, como neste blog já foi sublinhado, não só não foi posta em prática nenhuma nova política decorrente da aprovação de novos diplomas legais, como, pelo contrário, se reforçou a nomeação de conselheiros e adidos à luz da legislação em vigor, a ponto de hoje se poder dizer que desde então se abriram mais 5 novas vagas, se prorrogaram 10 comissões de serviço (as que foram publicadas em DR, havendo certamente muitas outras que se desconhecem por não ser obrigatória a sua publicação) e se fizeram 26 novas nomeações!
Na altura em que os despedimentos foram comunicados, alguns dos visados reagiram jurisdicionalmente, com vista à suspensão da decisão e posterior anulação. E muitos deles sabiam, inside information, que alguns dos nomes que constavam na nota de imprensa não só não tinham sido despedidos, como, pelo contrário, haviam sido nomeados para outros postos – situação que do ponto de vista financeiro lhes era muito mais favorável do que a continuação no mesmo posto, já que teriam direito a receber vários subsídios (de instalação e outros). Conhecia-se a informação, mas não se podia provar o facto, por falta de publicidade. Este facto era importante para o desfecho daquelas acções, nomeadamente para a suspensão da decisão.
E então o que fez o MNE? O MNE deixou passar dois anos e publicou agora, na sexta-feira, dia 4 de Abril, um despacho de nomeação para um novo posto de uma das tais pessoas que constavam da nota de imprensa como despedidas (despacho n.º 9904/2008, DR II Série, n.º 67º, de 4 de Abril de 2008), com efeitos retroactivos a 1 de Outubro de 2006! Para além do que representa este comportamento do MNE do ponto de vista da lisura de procedimentos, a questão que se coloca é a seguinte: como é que um funcionário que está nomeado para o desempenho de determinadas funções num certo país pode tomar posse num país diferente de outro lugar, sem que os respectivos despachos de exoneração e de nomeação tenham sido publicados?
Razão tinha Kant, quando afirmou que a “fórmula transcendental do direito público” é princípio segundo o qual “todas as acções relativas ao direito de outros homens cuja máxima não é conciliável com a publicidade são injustas”.
Quando o Governo e seus defensores atacam os funcionários públicos, com base nos mais variados pretextos, todos tendentes a subliminarmente fazer passar a mensagem de que são eles os responsáveis pelo elevado nível das despesas públicas, desequilibrador das contas públicas, a maior parte das pessoas desconhece que os responsáveis por todos os actos gravosos para o erário público são os ministros, os secretários de estado e os dirigentes superiores da administração pública, embora estes muito mais raramente, apesar agora serem de escolha política do Governo. Quem nunca é responsável são os funcionários. Para quem tiver dúvida recomenda-se a leitura das auditorias do Tribunal de Contas sobre, por exemplo, a Lusoponte, as Scuts, as parcerias público privadas, etc.. O caso descrito neste post enquadra-se bem no que acaba de ser dito.

domingo, 6 de abril de 2008

CASAL CLINTON ACUMULA FORTUNA DE US $108 MILHÕES EM OITO ANOS


OS RENDIMENTOS DOS CLINTON
A Senadora H. Clinton, depois de muito instada, divulgou ontem a declaração de rendimentos. Segundo a documentação tornada pública, o casal teve um rendimento de US$ 2o,4 milhões em 2007 e ambos acumularam um rendimento de US$ 109 milhões desde que Bill Clinton deixou a presidência. A declaração do último ano de mandato, 2000, foi de US$ 416 mil.
Todos os candidatos prestaram ontem homenagem a Martin Luther King, mas somente Obama não foi a Memphis. Discursou em Fort Wayne, onde disse: "Martin Luther King sabia que a luta pela iguldade racial e pela igualdade económica eram uma coisa só. Ambas fazem pate da luta maior pela liberdade, dignidade e humanidade".

TRABALHO IGUAL, SALÁRIO DIFERENTE


UMA SENTENÇA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DAS COMUNIDADES EUROPEIAS

A segunda secção do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias na quinta-feira passada declarou incompatível com a directiva comunitária dos trabalhadores deslocados os normas do Länder alemão da Baixa Saxónia, que obrigava as empresas que contratavam trabalhadores de outros países a pagar-lhes salários idênticos ao do seu contrato colectivo.
O Länder adjudicou a uma empresa alemã uma obra, tendo ficado estabelecido no contrato a obrigação de o adjudicatário respeitar os contratos colectivos e, mais concretamente, a obrigação de pagar aos trabalhadores empregados na obra, no mínimo, o salário vigente no lugar da execução do contrato.
A empresa adjudicatária subcontratou uma empresa polaca, que interveio com 52 trabalhadores aos quais foi pago apenas 46,57% do salário mínimo.
Tendo-se suscitado o conflito, as partes recorreram ao Tribunal das Comunidades, que considerou que “a obrigação de respeitar os convénios colectivos está justificada por razões imperiosas de interesse geral”. Mas acrescentou de seguida que, neste caso, a norma contratual “vai além do que é necessário para proteger os trabalhadores”. E que tal exigência “redunda na perda pelas ditas empresas da vantagem competitiva que para elas resulta dos custos salariais mais baixos”. Para o tribunal, o convénio em questão não é de aplicação geral, indo, na sua aplicação ao caso, contra a directiva que se opõe a que um Estado membro exija às adjudicatárias de obras públicas que trabalhem com empresas que paguem aos seus trabalhadores ao menos o que fixa o convénio desse território.
As consequências desta decisão são óbvias para os trabalhadores da nacionalidade do dono da obra. E depois venham os nossos drs. da democracia representativa dizer-nos que o Tratado de Lisboa não pode ser referendado por os trabalhadores e o povo em geral não compreenderem a sua complexidade!

ALTA DE PREÇOS DAS MATÉRIAS PRIMAS AGRÍCOLAS


SUBIDA DO PREÇO DO ARROZ CAUSA ALARME MUNDIAL

As matérias-primas agrícolas, nomeadamente o trigo, a soja e o milho, têm registado subidas no mercado internacional, em ritmos diferentes mas sempre muito significativas. A subida do trigo, por exemplo, ronda, acumulada, os 100% no último ano.
Todavia, a subida que nas últimas semanas causou alarme internacional foi a do arroz. O arroz, que é o alimento básico 3.000 milhões de pessoas, atingiu nos últimos dias o seu máximo histórico: foi cotado na bolsa de Chicago a 20,26 dólares cada 100 libras, qualquer coisa como 12,93 euros por 45,35 kg.
Esta subida do preço do arroz pode destabilizar a economia de muitos países, nomeadamente dos mais pobres, tanto mais que a alta dos últimos dias não é um facto isolado. O arroz subiu 42% durante o primeiro trimestre de 2008, a maior subida em 14 anos. De Abril do ano passado para este ano, o seu preço mais que duplicou.
É certo que a produção mundial tem aumentado, o que, em princípio, levaria a uma contenção dos preços, mas esse aumento não tem sido suficiente sequer para manter a oferta no mercado mundial, em virtude de da redução das exportações. O Vietname, por exemplo, que é o segundo produtor mundial, reduziu as exportações 22% para conter ou desacelerar a inflação interna. A China e a Índia seguiram a mesma política e a Indonésia baixou os direitos sobre as importações. Os preços devem, não obstante estas medidas, continuar a subir não apenas na Ásia mas também na América Latina. Na Europa, onde igualmente se espera um aumento da procura, é natural que os preços também subam, apesar do aumento da produção.
Certamente que o incremento da procura influi no preço. Mas ela não é a única causa: igualmente importante tem sido o papel dos especuladores, que, arredados de áreas onde grassa a crise, têm visto nas matérias-primas agrícolas um bom mercado para aplicação dos capitais especulativos.
Para desencorajar movimentos especulativos, as Filipinas o maior produtor mundial de arroz e também um dos principais consumidores, com uma procura da ordem de 13 milhões de toneladas, passou a punir com prisão perpétua os açambarcadores de arroz.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

JANE FONDA APOIA OBAMA

QUEM SABE NUNCA ESQUECE

Jane Fonda apoia Obama, confirmou ontem a actriz em Los Angeles.
Quem se bateu contra a guerra do Vietnam, quem sempre apoiou os movimentos antibelicista, só poderia votar Obama.
A coerência ainda é um valor

HOMENAGEM A MARTIN LUTHER KING JR


QUADRAGÉSIMO ANIVERSÁRIO

Há 40 anos foi tragicamente assassinado em Memphis, Tennessee, EUA, o Reverendo Martin Luther King Jr.
O mais jovem prémio Nobel da paz, o grande combatente pelos direitos civis e contra a discriminação racial, o grande paladino da não-violência, morreu às 19 horas do dia 4 de Abril de 1968, depois de ter sido alvejado, na varanda do seu quarto de hotel, por um segregacionista branco.
I HAVE A DREAM”, disse Luther King num famoso discurso proferido, em 28 de Agosto de 1963, em Washington, diante do Lincoln Memorial. Esse sonho, que a publicação da Lei dos Direitos Civis durante a administração Johnson ajudou a tornar realidade, poderá, em breve, ser ultrapassado pela própria realidade. E então a América redimir-se-á!

SARKOZY ACUSA EUA E BRASIL DE DUMPING EM BIOCOMBUSTÍVEIS

A PROPÓSITO DA LIBERALIZAÇÃO DO COMÉRCIO MUNDIAL

Sarkozy acusou o Brasil e os Estados Unidos de praticarem dumping fiscal sem precedentes na produção de biocombustíveis (ver aqui a notícia no Portugal Digital).
Escusado será dizer que as negociações da Ronda de Doha, no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC), não vão ter vida fácil, principalmente para o G20 (grupo de países emergentes, liderado pelo Brasil, que pretende a abertura dos mercados agrícolas dos países ricos). As próximas negociações que decorrerão, em princípio, durante a a presidência francesa da UE terão muito provavelmente mais dificuldade em alcançar um acordo do que as anteriores. É que, apesar das contradições existentes no seio dos países europeus (divergência de interesses entre o norte e o sul) e entre estes e outros países ricos, há, tanto na Europa como na América, cada vez mais sinais de que o grave desiquilíbrio nos custos de produção, se não for acompanhado de grandes concessões dos emergentes, que estes não estão na disposição de fazer, acabará por inviabilizar o acordo. Aliás, Sarkozy já escreveu a Barroso, Presidente da Comissão Europeia, para lhe comunicar que não estão reunidas as condições para um acordo equilibrado para a União Europeia.
No fundo, o que se discute é se a globalização deve ou não ser regulamentada. Como ninguém dá nada a ninguém todos acham que a desregulamentação é boa quando são por ela favorecidos e má no caso contrário.

ZAPATERO QUER A NATO VINCULADA À ONU

ASSIM É QUE É

Zapatero na sua alocução em Bucareste expressou o desejo de que a Aliança esteja mais centrada na paz, na democracia e na solidariedade e que, além disso, actue vinculada à ONU e esteja mais virada para o Mediterrâneo e o Norte de África.
Foi ainda contra a adesão da Ucrânia e da Geórgia e apoiou a posição da Grécia, no conflito que este país mantém com a Macedónia, relativamente ao nome desta ex-República da Jugoslávia. Manifestou-se também contrário ao aumento das tropas espanholas no Afeganistão: “O contingente espanhol é suficiente e assim se manterá”, disse.
Segundo Zapatero, a NATO deve adaptar-se à nova realidade do mundo, marcada pela inexistência de blocos e deverá antes ter em conta as actuais ameaças e os desafios para a segurança mundial. Ainda segundo Zapatero, o instrumento básico para manter a segurança, a democracia e a paz, é uma Aliança Atlântica vinculada às Nações Unidas.
Um oceano separa a concepção espanhola da NATO da que ontem foi expressa pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luis Amado.
Mais palavras para quê?

SÉRVIA VAI REALIZAR ELEIÇÕES NO KOSOVO

AS ELEIÇÕES PARLAMENTARES E LOCAIS DE 11 DE MAIO
O Governo sérvio decidiu hoje que as eleições parlamentares e locais do dia 11 de Maio também se realizarão nas regiões do kosovo povoadas por sérvios. Nesse sentido, será formulado um pedido à missão das Nações Unidas (UNMIK) sediada naquela província sérvia.
Causou grande consternação na Sérvia a absolvição pelo Tribunal Penal Internacional de Haia do ex-primeiro ministro do Kosovo, Ramush Haradinaj, comandante guerrilheiro kosovar acusado de crimes de guerra e de lesa-humanidade.

FALECEU NORBERTO COLLADO, CAPITÃO DO GRANMA

MORREU O HOMEM QUE LEVOU FIDEL PARA CUBA

Morreu na passada terça-feira Norberto Collado, capitão do Granma, o navio que em 1956 transportou do México para Cuba os revolucionários que iniciaram o levantamento armado contra Fulgêncio Batista.

JIMMY CARTER SINALIZA APOIO A OBAMA

A FAMÍLIA DE CARTER PREFERE OBAMA
Jimmy Carter, ex-presidente americano, inclina-se para apoiar a candidatura de Obama, confirmou hoje uma das suas assessoras em Atlanta, na Geórgia. Carter, que se encontra de visita à Nigéria, apenas disse que uma boa parte da sua família prefere Obama e que este tinha recolhido a maior parte dos votos na sua terra natal, Plains. E concluiu: "Como superdelegado não vou revelar as minhas preferências. Deixo que sejam vocês a adivinhar".
Dos 13 superdelegados da Geógia somente três ainda não se pronunciaram. Dos restantes, 7 apoiam Obama e 3 H. Clinton.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

BUSH ESTRAGA PLANOS DE AMADO


A CONFERÊNCIA DA NATO EM BUCARESTE

Bush aterrou em Bucareste disposto a deixar a Rússia completamente cercada pela NATO (ver post anterior) e logo no primeiro dia insistiu no seu propósito de batalhar a favor da entrada da Ucrânia e da Geórgia na organização. Esta obstinação de Bush, ainda por cima em fim de mandato, só serve para irritar os aliados que nem em voz baixa querem por agora ouvir falar dessa eventualidade. Até o errático e hiperactivo presidente francês se opõe a essa proposta.
Amado, que tão empenhadamente tem trabalhado o desenvolvimento do Novo Conceito Estratégico da NATO com vista à integração nela da União Europeia, embora esteja de acordo com o objectivo de Bush, sabe, porém, que não é agora altura de falar no assunto e que esta insistência do presidente americano, inclusive rechaçada pelo Secretário-geral da organização, Hoop Scheffer, só serve para criar anticorpos na Europa e afastá-la de uma excessiva proximidade com a América, já que depressa se cria a convicção entre os Estados europeus que os americanos, em política externa, têm muita dificuldade em aceitar qualquer posição que não seja a sua. Que saudades de Clinton, nem que seja um Clinton de saias.
Mas a verdade é que as coisas não estão muito viradas para as congeminações estratégicas de quem pretende integrar a União Europeia na NATO. Vejamos o que se passa com no Afeganistão.
Bush considera a campanha no Afeganistão como mais uma frente da guerra contra o terrorismo. Conseguiu, na sequência do clima emocional gerado pelos acontecimentos do 11 de Setembro, meter lá a NATO (erro que vai ser pago bem caro), depois de derrubado o regime dos talibãs. Se numa primeira fase tudo parecia correr sobre rodas, hoje a "International Security Assistance Force" (ISAF) da NATO, para o Afeganistão, começa a defrontar-se com as mesmas dificuldades já experimentadas, embora num contexto muito diferente, pelos ingleses no século XIX (ver, Cartas de Inglaterra, Eça de Queirós) e, um século depois, pelos soviéticos. De facto, a NATO não consegue reforçar em 12 mil homens a força da ISAF, actualmente com 47 mil soldados.
Bush, que tem no Afeganistão mais de 20 mil homens, anunciou em Bucareste o reforço das tropas americanas em 3500 marines e pediu aos aliados que reforcem igualmente a sua participação com forças suplementares. Apesar de se estar – e vai ser essa certamente uma das pedras angulares da nova estratégia da NATO para o Afeganistão – a caminhar para a “afeganização”, algo que recorda a vietnamização, não estará para breve o regresso das tropas da NATO a casa. Muito pelo contrário, segundo o Secretário-geral da NATO, vai ser necessário permanecer lá por muitos anos. Ora, é exactamente esta perspectiva e o modo como o conflito se tem desenvolvido que assusta os europeus e os torna reticentes no envio de mais tropas, porque a experiência lhes diz que quantos mais soldados lá tiverem, mais dificuldades terão em sair.
A posição dos aliados europeus é, muito sumariamente, a seguinte: Portugal, diga o Ministro o que disser, vai desinvestir: envia um avião C-130 e 15 homens especializados em formação militar, mas em Agosto regressa a unidade de comandos integrada na força de reacção rápida da ISAF. A Espanha, que no passado reforçou a sua participação, para contrabalançar a retirada do Iraque, e que agora tem lá 750 efectivos, está muito renitente em aumentar as suas tropas e em levantar os caveats (limitações), que impedem o deslocamento de tropas para o sul, área de mais intensa actividade dos talibãs, ou a sua participação em acções ofensivas. A Alemanha poderá aumentar, mas não significativamente, as suas forças e somente a França, embora com grande contestação interna, se propõe fazê-lo. De qualquer modo, nunca se atingirá o número de reforços pedidos.
Actualmente, há no Afeganistão cerca de 60 mil soldados estrangeiros, dos quais 47 mil são da ISAF, a que se juntam cerca de 70 mil soldados afegãos, embora este número seja, segundo o comandante daquela força, Dan McNeil, francamente insuficiente para os fins em vista, já que um território como o do Afeganistão exigiria nunca menos que 400 mil soldados.
Tudo isto para concluir que a obstinada persistência do Ministro dos Negócios Estrangeiros na NATO, como pedra angular de toda a política europeia, parece votada ao fracasso e de nada vale enfatizar a viragem da política francesa, já que muito provavelmente ela não passará de uma chuva de verão…
Ponto interessante a analisar no futuro é de saber se há em Portugal, como já sugeri em post anterior, duas políticas externas, uma do Ministro (e, eventualmente, também do Governo, o que, em alguns casos, me permito duvidar) e outra do Presidente da República, nos domínios da sua competência constitucional. Pode também dar-se o caso de haver apenas uma retórica, infirmada pelos factos, sem força política para se impor.

OUTRAS PAIXÕES SOCIALISTAS


OS ASSANHADOS DEFENSORES DO GOVERNO PS

Pode partir tranquilo Jorge Coelho do seu querido PS, já que longe vão os tempos em que tinha de ser ele, homem forte do aparelho, a vir a terreiro defender o partido de todos aqueles que ousavam manifestar-se contra as políticas do governo, naquele seu jeito tão cordial: “Basta. Basta de atacar o PS. Daqui para frente quem se meter com o PS leva. Ai leva mesmo!”.
Hoje os tempos mudaram. Há quem esteja encarregado de fazer a defesa do Governo “na hora”. Quem actue como porta-voz oficioso e quem, mais célere que Zéfiro, antecipe a defesa e desenvolva o ataque, mesmo antes de a contestação começar. E se por infelicidade a contestação se instala aí estão eles a dizer nos jornais e nos blogues, que o Governo não tem que lhe dar ouvidos, que o governo é que “tem legitimidade democrática para actuar”e não os que se manifestam na rua, sejam eles funcionários públicos ou professores, classes repletas de privilégios e preconceitos corporativos.
Deixo à consideração dos leitores: o que os faz correr tanto?

A PAIXÃO SOCIALISTA DE JORGE COELHO


JORGE COELHO NA MOTA-ENGIL, COMO PRESIDENTE EXECUTIVO

O homem forte do aparelho do PS, ex-ministro das Obras Públicas e ex-número dois do Governo Guterres, vai abandonar, ou já abandonou todos os cargos partidários, e demais ocupações políticas e privadas para assumir o cargo de presidente executivo da Mota-Engil, o maior grupo de construção civil português.
No novo lugar, Jorge Coelho vai certamente poder concretizar aquela que sempre foi a grande paixão da sua vida: o socialismo democrático!

O RELACIONAMENTO UE/EUA, SEGUNDO LUIS AMADO


A CONCEPÇÃO EUROPEIA DO MNE

O Público de 2 de Abril traz a segunda parte da entrevista do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luis Amado, toda ela dedicada à abertura de um novo ciclo na relação transatlântica. Contrariamente à de ontem – que se enredou na questão do reconhecimento do Kosovo, por força da posição tomada pelo Presidente da República -, a de hoje é uma entrevista bem interessante já que nela Luis Amado expõe as suas concepções sobre a NATO e o seu alargamento, sobre a relação da União Europeia/Nato com os Estados Unidos (parece haver aqui um erro lógico, mas não há, como se verá) e também, na medida em que as anteriores concepções o permitirem, sobre a União Europeia.
1. Sobre a Nato e o seu alargamento, a posição do MNE é clara. Obviamente, que o alargamento da NATO a leste é um desígnio estratégico da organização, que o MNE perfilha completamente. Mas não segundo o calendário de Bush. Para alargar é preciso primeiramente que a Geórgia se consolide como Estado fora da órbita da Rússia e que a Ucrânia, internamente, esbata consideravelmente a divisão leste/oeste que a dilacera. Esta posição tem a vantagem de não afrontar a Rússia numa situação de fragilidade dos países candidatos e de lhe fazer supor que ela terá uma palavra a dizer sobre o alargamento. A questão da NATO é uma questão chave no pensamento de Amado, por isso tem de ser tratada com prudência e sem o ansioso voluntarismo de Bush, que, pretendendo o alargamento imediatamente para evitar uma futura reversão da situação nas ex-repúblicas soviéticas, iria criar uma insustentável crispação com a Rússia, além de prejudicar a evolução natural da Ucrânia, da Geórgia e, eventualmente, de outros países do Cáucaso no sentido de uma aproximação ao “ocidente”.
2. A integração da União Europeia na NATO é um outro objectivo que o Ministro se propõe prosseguir sob a denominação de um Novo Conceito Estratégico a trabalhar no seio da UE com vista a fazer da NATO uma organização que não mais possa ser tida como uma entidade estranha à construção europeia. Este objectivo, impossibilitado no passado pela posição francesa e, depois da Queda do Muro, pela relativa autonomia da política externa alemã, está agora, no entender do Ministro, muito facilitada pela nova posição francesa na NATO e na Europa, designadamente por força da “entente amicale”com o Reino Unido e o consequente esbatimento do eixo Paris/Berlim (o Ministro não o diz, mas é nisto que está a pensar). Sobre o entendimento que tem da NATO, o Ministro até é relativamente claro na entrevista: “ A minha perspectiva é a de que nos devíamos centrar na coesão do sistema Euro-Atlântico na sua dimensão Europa-América do Norte. Com a entrada em vigor do novo Tratado (…), a UE deveria abrir o debate sobre qual o seu posicionamento no sistema de segurança colectiva a que pertencemos nos últimos 60 anos. (…) A perspectiva de um sistema de segurança e defesa independente do sistema NATO é obviamente inaceitável”.
Tudo ficará enormemente facilitado, segundo suponho ser o pensamento do Ministro, com o novo quadro institucional do Tratado de Lisboa, nomeadamente se o Presidente do Conselho for uma personalidade capaz de dar corpo àquele entendimento estratégico. A eleição de alguém como Blair encaixaria às mil maravilhas no desenvolvimento desta estratégia, já que ajudaria a transformar não apenas as relações euro-atlânticas, mas principalmente a relação da UE com a Nato, em consequência da redefinição do conceito estratégico desta.
3. Perguntar-se-á o que restaria da Europa se esta concepção estratégica fosse levada à prática. Restaria o que sobrasse. E o que sobra não é muito diferente daquilo que os ingleses querem e que se tornou mais fácil de concretizar depois do alargamento da União Europeia. Ou seja, o sonho da velha ideia europeia de construir uma Comunidade que caminhasse gradualmente para uma União com formas cada vez mais integradas de governação política, de política externa e segurança comum, de políticas fiscais e sociais tendencialmente comuns e outras, seria completamente posto de parte nesta concepção. Em seu lugar ficaria um vasto mercado comum, com liberdade de circulação de capitais, serviços pessoas e bens, militarmente defendido por uma aliança euro-atlântica, estrategicamente dominada pelos detentores da força militar.
4. Esta concepção europeia do Ministro, mesmo supondo que seja a do Governo português, facto que me permito duvidar, assenta em pressupostos demasiado frágeis e que por isso a tornam relativamente inconsistente.
a) O primeiro pressuposto é o de que está estabilizada uma nova política externa francesa e consolidado um novo entendimento da posição da França na NATO. A natureza hiperactiva e o carácter errático do Presidente francês de forma alguma permitem gizar com um mínimo de segurança uma política assente naquilo que parece ser a posição francesa. Além de que, como já se está a ver, essa política, indo ao arrepio do que tem sido a política francesa desde o pós guerra e mesmo depois da guerra fria, levanta muitas objecções em França, tanto nos meios políticos como militares. Por outro lado, as especificidades da situação económico-social francesa dificilmente se coadunam com ela.
b) Em segundo lugar, embora o Ministro admita que a situação na América se vai alterar, seja qual for a nova administração, ele só está a entrar em linha de conta com certos aspectos da acção externa dos EUA. Só que a alteração, como tudo indica, vai ser muito mais profunda - já está a ser - e ela vai afectar a própria estrutura do sistema económico tal como nós conhecemos designadamente nos últimos vinte anos. E essa mudança vai necessariamente implicar uma redefinição da concepção económica da união europeia.
c) Em terceiro lugar, ela assenta no pressuposto de que as teses que tendem a conceber a Europa como um vasto mercado comum e que perfilham a integração da UE na NATO serão sem dificuldade partilhadas por uma grande maioria de Estados. Embora o alargamento dificulte enormemente a concretização do sonho europeu, a ideia de uma Europa europeia ainda está suficientemente arreigada na generalidade dos Estados para que possa ser posta de parte.
d) Por último, é muito duvidoso que esta concepção europeia do Ministro seja perfilhada pelo Governo português ou, se quiser, pelo Estado português.

AINDA A FRAUDE FISCAL NA EUROPA


OS DEPÓSITOS BANCÁRIOS NO LIECHTENSTEIN

Já abordámos várias vezes a questão do famoso DVD, comprado pelos serviços secretos alemães, com dados bancários de clientes do LGT (Liechtenstein Global Trust) que, nos seus respectivos países, fraudaram o fisco.
A questão que se põe é a seguinte: já fez o Governo português, nomeadamente o Ministro das Finanças, algo para saber se no DVD também há cidadãos ou empresas portuguesas com domicílio fiscal em Portugal? E se o Governo não fez nada, já terá esta mesma questão sida posta por algum deputado?
A gente fala nisto por saber que o lucro dos bancos portugueses cresceu 9,1% em 2007 face ao ano anterior – 2,4 mil milhões de euros, informação da APB – e não obstante foram tributados em sede IRC com uma taxa inferior à do ano passado!
É por isso que a gente fala nisto!!!

O PROGRAMA DO DR. MÁRIO SOARES NA RTP


UMA LIÇÃO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA

Hoje aprendi muito. Vi parte do programa do Dr. Mário Soares na RTP, gravado em Berlim e fiquei a saber:
a) Que Churchill foi o grande vencedor da II Guerra Mundial; o homem que bateu Hitler;
b) Que Truman foi um grande presidente americano; não sei se disse também, distraí-me, um grande democrata;
c) Que as bombas atómicas lançadas (exactamente por Truman) sobre Hiroxima e Nagasaki foram recebidas pela sua geração como um grande alívio – acabava a guerra;
d) Que em Moscovo se assustou numa encruzilhada de quatro estações, porque numa delas havia mujiques medievais com patos e outros animais domésticos;
e) Que os comunistas tinham roubado em Caxias um carro blindado que Hitler havia oferecido a Salazar e que Abranches Ferrão gostaria de ter comprado.
Assim sim, assim a gente aprende e a RTP faz serviço público!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

HILLARY CLINTON APOIOU GOLDWATER CONTRA JOHNSON


A EXPERIÊNCIA DE H. CLINTON

Sabe-se agora que H. Clinton em 1964 apoiou Barry Goldwater, candidato republicano à presidência da república contra Lyndon Johnson, que sucedeu a Kennedy. Goldwater, conhecido pelas suas posições de extrema-direita e racistas, votou duas vezes contra a Lei Eleitoral dos Direitos Civis, aprovada durante a administração Johnson. Ver aqui o interessante artigo de Barbara Probst Solomon, jornalista e escritora americana.

NOTÍCIAS DE ESPANHA


AS VICISSITUDES DA POLÍTICA ESPANHOLA

I- José Bono, ex-ministro da defesa e ex-presidente de Castilla-La Mancha, foi eleito presidente do Congresso dos Deputados à segunda volta, por maioria simples. É a primeira vez, desde a transição, que o presidente da Câmara não é eleito por maioria absoluta. Situado na ala direita do PSOE, candidatou-se ao lugar por convite do Presidente do partido, José Luis Zapatero. Não conseguiu obter o apoio dos partidos nacionalistas (votos contra do PNV e da CiU e abstenção do BNG), que o consideram pouco respeitador da pluralidade espanhola; há dias um conhecido deputado do PNV, para atenuar os efeitos de uma eleição tida por inevitável, disse: “Por vezes mais vale ter os cabrestos no redil do que à solta. Causam menos dano tanto ao seu dono como a terceiros”.
II- No dia 9 de Abril, depois do debate do dia anterior, terá lugar a investidura do presidente do Governo. Admite-se que Zapatero não consiga a maioria absoluta por dificuldades de negociação com o PNV, já que o acordo com a CiU parece afastado por pressão dos socialistas catalães. Se assim acontecer, Zapatero, tal como Bono, terá de requerer uma segunda votação, na qual será eleito por maioria simples.
III- O Banco de Espanha prevê para o ano em curso um crescimento de 2,4% e de 2,1% para 2009; o superavit público baixará para 1,2% este ano e desaparecerá em 2009; a recessão imobiliária em 2008 destruirá 200 mil empregos criados em 2007 e fará subir a taxa de desemprego para 10% em 2009.
IV- Não cessam de vir a público episódios ilustrativos da crise da justiça em Espanha. Sabe-se agora que o presumível assassino de Mariluz deveria ter sido preso em Dezembro de 2004. Não foi, porque o juiz que nesse mês o condenou a dois anos de prisão, por abusar de uma menina de 9 anos, lhe suspendeu a pena por ele não ter antecedentes penais. E ele não os tinha, porque, naquela data, um tribunal de Sevilha ainda não havia redigido a sentença de condenação de um outro crime por ele cometido, também por abusos sexuais, sobre a sua própria filha. O juiz levou 31 meses a redigir a sentença…que somente agora, depois da morte de Mariluz, foi executada! Se isto acontecesse em Portugal, acabava o país…

BRASILEIROS E ESPANHOIS ASSINAM PROTOCOLO SOBRE "INADMITIDOS"


SERÁ QUE VAI SOBRAR PARA PORTUGAL?

O Brasil e a Espanha assinaram ontem um protocolo de seis pontos para tentar pôr fim à crise diplomática aberta com a recusa, pelas autoridades espanholas, da autorização de entrada a brasileiros, em aeroportos espanhóis, e da subsequente retaliação das autoridades brasileiras. Apesar de o acordo se limitar a dizer que os”inadmitidos”passam a ter o direito de solicitar o apoio das respectivas autoridades consulares e de poderem ter acesso às casas de banho (!) e às malas, não deixa de ser estranho que um responsável brasileiro do Itamaraty tenha dito, depois do encontro de Moratinos com Celso Amorim, que as dificuldades surgidas com Espanha se deviam à rigidez das autoridades portuguesas na aplicação de Schengen!

OBAMA À FRENTE NAS SONDAGENS PELA QUARTA VEZ


CRESCE A PRESSÃO PARA QUE HILLARY DESISTA

Barack Obama, segundo o instituto Gallup, está à frente nas preferências nacionais para a nomeação pelo Partido Democrático à presidência da república. Obama tem a preferência de 51% do eleitorado contra 43% da senadora de NY. Contudo, segundo o mesmo instituto, no confronto com McCain ambos perdem. McCain tem mais 1% que Obama e mais 2% que H. Clinton.
Entretanto, cresce a pressão para que Hillary desista, nomeadamente com as novas adesões de superdelegados à candidatura de Obama, enquanto ela se vai comparando a Rocky Balboa.
Depois de um artigo da Times sobre a hipótese da desistência de ambos os candidatos a favor de Al Gore, que a não descartou em termos definitivos, Larry King, na CNN, passou o programa a discutir essa possibilidade. Depois de tudo o que já aconteceu, não é de crer que esta hipótese tenha viabilidade, a menos que as sondagens assegurassem uma vitória inequívoca a Al Gore. Para já, ela parece mais a procura de uma terceira via por parte de quem não quer perder para a segunda via…

"POVO QUER LULA MAIS TEMPO NO PODER", DIZ ALENCAR

EMENDA CONSTITUCIONAL À VISTA?

José Alencar, vice-presidente do Brasil, disse ontem, em entrevista à Rádio Bandeirantes, estar convencido de que o povo quer Lula mais tempo no poder.
A constituição brasileira limita a dois o número de mandatos consecutivos do presidente da república. Esta mesma constituição, antes da emenda constitucional de 97, não permitia a reeleição do presidente da república. Será que quem faz uma, faz duas? Ou será que Lula não quer mesmo o terceiro mandato, como ele próprio já afirmou?

POST DO POLITEIA TRANSCRITO NO PÚBLICO

O NOSSO AGRADECIMENTO

É claro que o Público, citando o POLITEIA, com pouco mais de um mês de vida, deu uma grande ajuda na divulgação do blog.
O nosso reconhecimento.

A ESTRANHA POSIÇÃO DE LUIS AMADO SOBRE O RECONHECIMENTO DO KOSOVO


AFINAL, O QUE QUER O MNE?

Temos presente as primeiras declarações de Luis Amado, enquanto presidente de turno da UE, sobre a independência do Kosovo: “Tudo devemos fazer para evitar uma divisão da União Europeia”, temporalmente muito próximas das de Bush, quando este afirmou: “Por que continuar a negociar se já temos a nossa posição e os russos não concordam connosco”?
A ideia com que se ficou, é que Portugal, depois de passar a presidência da UE à República da Eslovénia, reconheceria o Kosovo, na esteira da posição americana e também das 4 grandes potências europeias que alinharam com os americanos. Entretanto, o Presidente da República, no desempenho das suas competências, falou e disse, por outras palavras, temos de ser prudentes e não ter pressas. Nesta altura, Luis Amado entaramelou (para quem tiver dúvidas ver aqui, transcrição das suas palavras no Notas Verbais) e nunca mais se encontrou na condução deste “dossier”.
Na entrevista que concedeu ao Público, insiste que a UE está unida nesta questão, quando toda a gente vê o contrário. Confesso que tenho muita dificuldade em compreender uma política que passa pela negação da realidade, nomeadamente quando o que se passa está à vista de todos. Esta questão tem implicações muito mais profundas do que parece, já que tem a ver com o papel da mentira na política. Não pode por isso ser abordada agora. Ficará para mais tarde.
Por outro lado, fica-se a saber que o MNE, isto é (será?), o Governo, quer reconhecer o Kosovo, mas não o faz para não contrariar a posição do PSD (alguém acredita?) e a do Presidente da República. Bem, aqui a coisa fia mais fino. Não se trata de contrariar, trata-se de uma questão de competência. O Governo não tem competência para reconhecer a independência contra a vontade do Presidente da República (levava muito tempo a explicar isto agora, por isso, quem tiver dúvidas, leia os “Poderes do Presidente da República” de Gomes Canotilho e Vital Moreira, Coimbra Editora, 1991). Mas o que é inexplicável é ouvir o MNE fazer uma ameaça retroactiva ao PR quando diz: “A posição de Portugal seria eventualmente mais voluntarista, se não se tivesse atingido um número crítico de Estados, que era importante para dar sustentação à missão da UE (é óbvio que esta última parte da frase é conversa, porque a missão da UE já lá estava antes da declaração de independência). E conclui a seguir: “Definimos que um número crítico em torno dos 20 dava alguma robustez às posições da EU. Esse número está praticamente alcançado”. A gente lê e não acredita! Como é possível afirmar que não reconhecemos porque houve 20 países que já reconheceram, embora pudéssemos actuar de forma diferente se, em vez de 20, apenas tivessem reconhecido 16, ou 15 ou 17? Ou quererá antes dizer-se que o número de reconhecimentos já alcançados dá-nos tempo para tratar da coisa cá dentro neste jeito mole que é o nosso?
A intervenção do PR foi importante para pôr termo a esta trapalhada e é a posição politicamente correcta, embora esteja mal justificada.
Nenhum povo tem que pedir licença à comunidade internacional para ser independente. A independência é um facto, que existe ou não existe. À comunidade internacional, ou seja, aos Estados que a integram apenas lhes compete avaliar, do seu ponto de vista, se aquela independência existe. E digo do seu ponto de vista, porque não existe nenhuma regra de direito internacional que imponha a um Estado o reconhecimento de outro Estado por se verificarem no caso em apreço os elementos constitutivos que, segundo o direito internacional, integram o conceito de Estado. Embora já seja discutível, pelo menos para alguns, o contrário: i.e.: pode um Estado reconhecer como Estado uma situação que, segundo o direito internacional, não integra o conceito de Estado? Parece que não deverá fazê-lo, embora não esteja juridicamente impedido de o fazer. Evidentemente, que se alguns o fizerem aquela situação que de início não passava de uma quase ficção ou de uma situação muito frágil tenderá a ganhar alguma consistência. Ponto é saber, se essa consistência é suficiente para lhe assegurar a viabilidade como Estado. Se a dita situação não goza de fronteiras claramente demarcadas, porque outros tantos Estados as não reconhecem e as contestam, se o Governo não assegura o poder em todo o território porque uma parte da população não se deixa governar por aquele poder, etc., etc., como vai essa dita situação recorrer à organização internacional representativa dos Estados para ela lhe fazer respeitar a independência, se essa mesma organização a não reconhece? Está assim criada uma situação de conflito na sociedade internacional que o mais elementar bom senso político exigiria não fosse constituída.
Do que vem de ser dito, igualmente se conclui que não há uma prática constante e uniforme dos Estados em matéria de reconhecimento, uns actuam de uma forma outros de outra, pelo que nenhuma regra de direito se pode constituir sobre uma prática fragmentária. Assim sendo, o reconhecimento tem efeitos meramente declarativos e obedece fundamentalmente a critérios políticos definidos por quem reconhece.
No caso do Kosovo, que na realidade é uma amputação territorial com vista a uma futura anexação, o reconhecimento da independência seria, no plano internacional, um aventureirismo político e, no plano nacional, um acto de grande irresponsabilidade política.

terça-feira, 1 de abril de 2008

INJUSTA REPOSIÇÃO


VITAL MOREIRA NÃO TEM RAZÃO

No Público de hoje, Vital Moreira, desenvolvendo a linha do Governo, defende a descida do IVA como uma decisão oportuna, justa e responsável.
Sobre a oportunidade da decisão, não me pronuncio. O Governo e Vital Moreira sabê-lo-ão melhor do que eu. Sobre a responsabilidade, também não, já que ela será responsável se do ponto de vista do Governo for oportuna (isto é, servir os efeitos práticos que tem em vista).
Apenas me pronuncio sobre a sua justiça. Antes disso, para evitar dúvidas, gostaria de dizer que não desvalorizo a redução do défice orçamental. O défice, por mais “virtuoso” que seja, é sempre um pesado fardo sobre as gerações futuras, que ficam com o ónus de arcar com os encargos contraídos pelas gerações passadas, sem terem tido oportunidade de sobre eles se pronunciar. Pelo contrário, enfatizo essa redução conseguida fundamentalmente à custa dos trabalhadores (públicos e privados) e dos reformados portugueses, e, dentre estes, dos de mais baixos rendimento, que são o alvo privilegiado do Governo.
E exactamente por isso é que eu não vejo razão para que os beneficiários directos, e quase exclusivos, da primeira medida de alívio com que o Governo pretende sinalizar uma nova etapa da vida económica sejam aqueles que menos contribuíram (ou que só muito indirectamente contribuíram) para a redução do défice. E isto está evidente nas primeiras declarações dos comerciantes que já se mostraram indisponíveis para baixar os preços e menos ainda para serem controlados pelo Governo. Ou seja, limitaram-se a dizer aquilo que ainda recentemente fizeram a propósito de uma redução muito mais significativa do IVA num sector específico.
O que o Governo deveria ter feito, se realmente queria repor alguma da justiça distributiva, seriamente afectada pelas suas anteriores políticas, era devolver em espécie o montante correspondente à redução do IVA às camadas mais desfavorecidas e mais penalizadas com as suas políticas restritivas. Mais tarde, se as previsões de redução do défice se confirmarem, desceria o IVA significativamente, não apenas para o alinhar com o IVA espanhol, mas também para, no plano das receitas, atenuar o impacto financeiro da medida. Fazendo o que fez, apenas diminuiu a receita pública e aumentou a receita privada de uma camada da população.
Portanto, a redução do IVA em 1% não “beneficia directa e imediatamente toda a gente” (e, muito menos, como começa por dizer Vital Moreira, “relativamente mais aos que têm menores rendimentos”). Beneficia os comerciantes e pode beneficiar muito remotamente os adquirentes de bens de maior valor, ou seja, aqueles que tem mais poder aquisitivo. De facto, quem comprar um BMW vai ter algum pequeno benefício…Pois, mas esse é o critério de justiça distributiva do Governo e de Vital Moreira. Não é, nem nunca foi o meu!

ESTADOS UNIDOS INICIAM REFORMA DOS MERCADOS FINANCEIROS


A CONSEQUÊNCIA DA CRISE: FIM DA LIBERDADE SEM REGULAMENTAÇÃO

Mesmo antes da eleição do próximo presidente americano, os Estados Unidos já puseram em marcha a maior reforma da regulamentação dos mercados financeiros desde os anos trinta, anos da Grande Depressão. A reforma pretende fazer face à complexidade dos mercados financeiros modernos e aos desafios da globalização. A reserva federal (FED) terá as suas competências consideravelmente alargadas. Será o efectivo regulador da estabilidade dos mercados e poderá inspeccionar qualquer empresa que constitua uma ameaça potencial para o sistema financeiro.
A reforma contém medidas de aplicação imediata ou de curto prazo, mas também de médio prazo e de longo prazo.
Dada a sua complexidade, ela terá de ser concluída pela próxima administração e carecerá obviamente da aprovação do Congresso.
Será de esperar que o nosso Ministério das Finanças quebre finalmente o tabu relativamente aos bancos e demais empresas financeiras e que essa coisa mole que é o Banco de Portugal desempenhe finalmente as suas funções.

OBAMA ACREDITA NA UNIDADE DOS DEMOCRATAS


OBAMA CONTORNA HILLARY

Obama num grande comício ontem realizado na Pensilvânia contornou com elegância a declaração da véspera de H. Clinton sobre a continuidade da sua candidatura.
Obama não quer que os democratas se sintam frustrados pela duração desta pré-batalha eleitoral, já que ela é uma bela competição importante para a América. “Eu acho mesmo fantástico”, disse, “que os apoiantes da Senadora Clinton estejam tão apaixonadamente comprometidos nesta campanha como os meus, porque isso vai-nos permitir ter gente muito empenhada na campanha presidencial, na qual, estou absolutamente convencido, os democratas vão estar unidos!”.
Na véspera, H. Clinton, respondendo a algumas pressões directas ou difusas de importantes sectores democráticos para que desistisse, disse ao Washington Post que não desistiria e que a sua candidatura seria levada até à Convenção.

BUENOS AIRES SEM CARNE DE VACA PELA PRIMEIRA VEZ NA SUA HISTÓRIA


A CRISE NA ARGENTINA

Em consequência da crise que opõe os agricultores argentinos ao Governo, resultante do aumento da taxa de retenção sobre as exportações, não há carne bovina à venda nos talhos, nem nos supermercados de Buenos Aires.
O braço de ferro entre ambas as partes dura há 18 dias. Em virtude da greve, que inclui piquetes nas estradas de acesso às principais cidades do país, escasseiam ou faltam os produtos alimentares e A inflação de alguns produtos disparou para níveis alarmantes.
A Presidente Cristina Fernández recusa-se a negociar enquanto a greve não terminar e os produtores não terminam a greve enquanto a taxa de retenção não descer.

EDUARDO BARROSO CHUTA AO LADO

OS COMENTÁRIOS DE EDUARDO BARROSO NOS ARTISTAS DA BOLA

Creio que, pela segunda vez, ouvi hoje parcialmente o programa da Antena 1, chamado os “Artistas da Bola”.
A propósito dos novos desenvolvimentos do “Apito Dourado”, Eduardo Barroso disse que lhe parecia uma idiotice que os jogos do FCP, na era Mourinho, sob suspeita (está equivocado: já não é sob suspeita, é sob acusação) fossem com o Beira-Mar e com o Estrela da Amadora, ainda por cima numa época em que o FCP foi campeão europeu, embora se tivesse mostrado algo intrigado por o árbitro de um desses jogos ter visitado a casa do presidente do FCP (segundo Carolina Salgado – agora sou eu que digo - para receber uma recompensa) e de o outro ter admitido que lhe serviram “fruta” no hotel onde pernoitou, antes ou depois do jogo.
Eduardo Barroso deveria saber:
Primeiro: que o presidente do FCP é tudo o que ele quiser, menos estúpido;
Segundo: que os jogos sobre que recai a acusação de corrupção desportiva activa foram aqueles a propósito dos quais os investigadores conseguiram recolher indícios de corrupção, depois confirmados por outro tipo de prova;
Terceiro: que não constitui qualquer idiotice tornar de resultado certo um jogo de natureza aleatória, mesmo que o grau de aleatoriedade do jogo em questão seja baixo, principalmente quando se está em competição em várias frentes.
Eduardo Barroso chuta ao lado…mas há quem chute direito!