quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A ELEIÇÃO DE BARROSO


ESTÁ TUDO RESOLVIDO?

Depois de uma luta política sem precedentes no seio da União Europeia e vários compromissos, Durão Barroso conseguiu ser reeleito Presidente da Comissão. É a primeira vez que um presidente é reeleito com o voto do Parlamento.
Com 382 votos a favor, 219 contra e 117 abstenções, Barroso acabou por ser reeleito por maioria absoluta, o que por outras palavras significa que, mesmo que a eleição se fizesse segundo as regras do Tratado de Lisboa, Barroso seria na mesma eleito. Barroso contou com o apoio do PPE, da ALDE (Aliança de Liberais e Democrata da Europa), da ERC (Conservadores e Reformistas) e ainda com alguns votos socialistas portugueses, britânicos e espanhóis. Os restantes socialistas, os verdes e a esquerda votaram contra.
Nem todos os que concederam o apoio a Barroso terão votado a favor, como facilmente se constata fazendo as contas, mas os que votaram foram suficientes para lhe assegurar a maioria absoluta e, em condições normais, seriam suficientes para lhe garantir tranquilidade relativamente às eleições que se seguem. Acontece que nem tudo está terminado. No próximo dia 2 de Outubro, a Irlanda vai de novo a votos. Se os irlandeses votarem a favor, Barroso poderá respirar fundo e, com mais ou menos dificuldade, a sua nova equipa de comissários acabará por ser favoravelmente votada pelo Parlamento. Se a Irlanda votar novamente contra o Tratado de Lisboa, facto que de momento as sondagens parece não confirmarem, tudo será posto em causa e ninguém poderá dizer o que vai acontecer. Uma coisa é, porém, certa: com esta eleição, a Europa já terá um responsável pelo fracasso e esse responsável será Durão Barroso, como assertivamente sentenciou Medeiros Ferreira.

2 comentários:

Anónimo disse...

Há coisas que, provavelmente devido a limitações minhas, não consigo entender. De entre elas estão algumas opiniões sobre a eleição de Durão Barroso. Goste-se ou não; tenha-se ódio de estimação, ou não; o que não se pode esquecer é que o homem acaba de ser eleito para o 2º mandato com maioria absoluta depois de tudo aquilo que aconteceu e todas as campanhas que foram feitas.
Não bastando o forte handicap de Barroso para os portugueses – o facto de ser português – agora ainda lhe é atribuída a responsabilidade pelo hipotético fracasso da UE, decorrida do facto de ter sido eleito com maioria absoluta. Ou seja: os 382 parlamentares que nele votaram não têm qualquer responsabilidade; os Estados (todos) que o propuseram também não. A responsabilidade é só dele e pronto! E se os irlandeses votarem contra o Tratado de Lisboa, claro que a responsabilidade também vai ser dele!
Não será redutor querer atribuir os insucessos (pelos vistos só estes) da UE a Barroso?

Na minha terra havia um indivíduo chamado Zé Vitória, que tinha uma gata de estimação que, ainda nova, ficou cega de um olho. Um dia, quando almoçarmos, não me esquecerei de lhe contar a interessante história da “gata do Vitória”.

JR

JMCPinto disse...

Meu Caro JR

Não são os portugueses que analisam a sua eleição que atribuirão a Barroso o hipotético insucesso decorrente da rejeição do Tratado pelos irlandeses. São aqueles europeus que votaram nele mas que nos últimos tempos tudo fizeram para que ele não fosse eleito. Esses é que são os verdadeiros responsáveis pela construção desta Europa, antidemocrática e feita à margeem dos cidadãos. Como é óbvio, precisam de um bode expiatório. E se o referendo da Irlanda correr mal, já o têm! Só isso.
CP