sexta-feira, 11 de setembro de 2009

ONZE DE SETEMBRO


O QUE A HISTÓRIA REGISTA

Há trinta e seis anos as forças armadas chilenas derrubaram Salvados Allende, eleito democraticamente Presidente da República. Foi um rude golpe nas esperanças de todos aqueles que acreditaram que poderia haver uma via democrática para o socialismo. Depois de todos os boicotes e sabotagens, todavia insuficientes para afastar Allende e a coligação socialista do poder, a CIA e o Departamento de Estado, com o apoio da Casa Branca, organizaram, com um grupo facínoras das forças armadas chilenas, todos eles oficiais generais, um dos golpes mais mortíferos da segunda metade do século XX. Escusado será narrar o que se passou depois durante dezenas de anos e, restabelecida a democracia no Chile, a vergonha que foi a impunidade de que gozaram os seus autores, mas já seria ingenuidade não referir que o golpe de Pinochet, para além da comoção que causou em todo o mundo democrático, esteve sempre presente na situação política portuguesa, pairando como uma ameaça, muito mais activamente do que hoje pode supor-se.
Percebia-se em finais de 73 que o marcelismo estava no fim. Percebiam-no os democratas e percebiam-no também os ultras do regime. Os democratas contavam com a força do povo e de algumas, poucas, forças políticas organizadas. Os ultras contavam com importantes apoios no seio das forças armadas. O exemplo que estes tinham em mente para pôr novamente o regime na ordem era o exemplo chileno. Felizmente, uma terceira força, emergente do interior das forças armadas, restabeleceu a democracia e tentou pôr o país no caminho do socialismo. Nesta caminhada, que regista grandes conquistas, mas também derrotas, o golpe de Pinochet pairou como uma ameaça permanentemente presente.
Onze de Setembro de 2001. As Twin Towers, símbolo maior do imperialismo americano, foram derrubadas numa operação suicida que acarretou a morte de milhares de civis inocentes. Pela primeira vez na sua história, os americanos sofreram a dor amarga de um ataque perpetrado no interior do seu território e ficaram a saber, depois desta trágica experiência, que não há diferenças entre as vítimas civis, situem-se elas em Nova York, em Dresden, no Vietname, no Afeganistão ou em qualquer outra parte do mundo.

1 comentário:

anamar disse...

Era jovem e um pouco ausente!
Jamais esquecerei as noites de in´sonia, a seguir ao 25 de abril, de relatos de factos vividos, ouvidos durante a noite , na rádio .
Escuridão total, terror...
Tinha sido assim no Chile!
O sofrimento pelo terror é quase como a arte, não tem fronteiras!
Bfs, Zé Manel.
Abraço
:))