segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

AFINAL, QUEM É TERRORISTA?



A AMÉRICA DE OBAMA MANTÉM CUBA NA LISTA NEGRA

No contexto da histeria gerada pelo atentado frustrado a bordo de um avião americano, o governo dos Estados Unidos da América decidiu reforçar as medidas de segurança aérea e estabelecer controlos adicionais para os nacionais de países terroristas. O que é para ao Estados Unidos da América um Estado terrorista? Contrariamente ao que se poderia supor, a designação de um Estado como terrorista assenta num critério puramente formal. Terroristas são os Estados assim denominados pelo Departamento de Estado dirigido pela Sra Clinton. Quem consta da lista é terrorista, quem não consta não é. Além dos Estados, também há, com base no mesmo critério, uma imensa lista de pessoas consideradas terroristas. Dessa lista fazia parte até há bem pouco tempo Nelson Mandela.
Em 1982 Cuba foi incluído na lista dos Estados terroristas pela administração Reagan, não mais deixando de nela figurar até hoje. A administração Obama também considera Cuba um Estado terrorista. Todavia, a América nunca conseguiu provar nos seus próprios tribunais um acto terrorista de Cuba ou de apoio a organizações terroristas. O contrário, porém, não é verdadeiro: desde que Fidel chegou ao poder, os Estados Unidos da América acolheram e continuam a acolher dezenas de terroristas que praticaram actos terroristas em Cuba, muitos deles de extrema gravidade, como, por exemplo, os que levaram á explosão em voo de aviões da companhia aérea cubana.
O nigeriano acusado da prática de vários crimes na sequência do frustrado atentado da véspera de Natal tinha visto de entrada nos Estados Unidos, não obstante os serviços de informação americanos disporem de elementos seguros que o referenciavam como pessoa hostil e próxima da Al Queda. Por outro lado, à semelhança do que aconteceu com os autores materiais dos atentados de 11 de Setembro, também foi na Europa, mais concretamente na Inglaterra, que o nigeriano fez a sua formação e não no Iémen onde apenas terá estado de passagem.
Já se percebeu que o terrorismo serve para muita coisa, mas vai servir também para que fiquem definitivamente enterradas as esperanças de a América pôr em prática uma nova política externa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois é, CP. Para consumo interno até pode haver um ou outro que pareça menos mau (já assim foi com o John Kennedy), mas o que eles na realidade são é presidentes da potência imperial.

Jorge Almeida disse...

O conceito de terrorista sempre foi moldado conforme dava mais jeito a quem faz tais acusações, e naquelas conjunturas.

É lembrar o que os EUA de Reagan chamavam a Khadafi.

É lembrar o que Salazar chamava aos movimentos que lutavam pela independência das colónias portuguesas em África.

É lembrar o que, ainda na semana passada, pessoas empossadas pelo governo de Angola, exclusivamente apoiado pelo MPLA (curiosamente um dos "terroristas" segundo Salazar) chamaram ao ataque da FLEC ao autocarro onde seguia a selecção nacional de futebol do Togo quando entrava no enclave de Cabinda por autocarro vinda da RDC.

Já agora, o que chamar ao ataque em si? É, pelo menos, tão estúpido quanto a justificação da FLEC ao dizer que não queriam atacar a selecção do Togo, mas somente a escolta policial.
Se é assim, como é que uma das balas foi parar ao corpo do GR do Togo? Será que ele confundiu bala com bola, e procurou defender aquele tiro?