sábado, 16 de janeiro de 2010

MANUEL ALEGRE CANDIDATO A BELÉM


ALEA JACTA EST

Já não há recuo, Manuel Alegre será candidato a Belém, conforme se esperava depois da entrevista da passada semana ao Expresso.
Como convém a uma candidatura presidencial, também esta foi lançada com tempo suficiente para se afirmar. Cavaco vai ficar nervoso e a candidatura de Alegre vai condicionar muito a sua actuação até que anuncie a sua candidatura. Se o PSD ainda existir daqui a uns meses, e se estiver a ser dirigido por alguém com um mínimo de capacidade política, Cavaco vai ser pressionado a decidir-se com alguma antecedência, nomeadamente se as sondagens não lhe forem completamente favoráveis. É que a direita, apesar das desavenças pessoais que reinam no seu seio, até tem melhor candidato do que Cavaco, embora ninguém se atreva a fazer-lhe frente antes que decorra um prazo razoável.
Do lado do PS só um nome poderia fazer frente a Alegre, embora o seu lançamento pressuponha agora uma jogada muito arriscada: refiro-me a Sócrates. Houve momentos nesta legislatura em que pareceu que Sócrates não desdenharia medir-se com Cavaco. Agora, com Alegre já em palco, a hipótese de Sócrates perde terreno. Assim sendo, o PS ou repete 2006 ou apoia Alegre, qualquer que seja a opinião da sua ala direita.
Como se viu nas últimas presidenciais, o Bloco não tem grande peso autónomo neste tipo de eleições, embora o seu eleitorado das legislativas apoie claramente Alegre, que vai ter de fazer algum esforço para não se deixar colar excessivamente ao Bloco.
Do lado do PCP não se compreendeu muito bem uma parte das declarações de Ruben de Carvalho. Dizer que o PCP não prescinde de apresentar o seu próprio candidato é normal e nada tem de novo relativamente ao que se passou em todas as presidenciais. Mas avançar com a consideração de que nem sequer é seguro que Alegre faça o pleno do PS e da esquerda é que já parece despropositado, pelo menos no que se refere ao PS. De qualquer modo, Ruben não é para este efeito a voz do partido…
Por último, Alegre é o único candidato de esquerda que pode recolher votos anti-cavaquistas de direita, sendo nisso muito ajudado pelo seu discurso sinceramente patriótico e vagamente nacionalista que a direita aprecia.

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