quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O IRAQUE E A HIPOCRISIA EUROPEIA



AS “INVESTIGAÇÕES” NA GRÃ-BRETANHA E NA HOLANDA

Não há ninguém com um mínimo de conhecimentos políticos que não soubesse em Março de 2003 o que sabe hoje sobre a guerra que Bush e os seus aliados estavam para desencadear no Iraque.
A guerra do Iraque nada tinha a ver com as tais armas de destruição em massa, que os americanos afirmavam existir, e que as equipas da ONU, no terreno, nunca confirmaram, mas antes com uma estratégia americana, intimamente apoiada pelos ingleses, para o Médio Oriente, na qual aparecia como factor determinante o controlo das riquezas energéticas da região.
O facto de Saddam Hussein governar em ditadura e se ter mostrado implacável com os seus inimigos internos, bem como com o movimento separatista curdo, não constituía em si uma preocupação para os americanos que sempre conviveram muito bem com as ditaduras mais execráveis.
Houve na altura tempo mais do que suficiente para desmontar as pseudo-provas que a América e a Inglaterra afirmavam possuir sobre a existência das tais armas, houve debates parlamentares em todos os países, houve reuniões do Conselho de Segurança, houve manifestações em todo o mundo, como há muito não se viam, condenando a iminente invasão, havia portanto, toda uma informação muito completa sobre as intenções de Bush e sobre as manobras que a sua diplomacia estava tentando pôr em prática para assegurar uma réstia de legitimidade ao crime que estava em vias de ser perpetrado.
A Europa da NATO, com as honrosas excepções da França (Jacques Chirac) e da Alemanha (Schröder), apoiou sem reticências a aventura americana, embora com intensidade diferente de país para país. O entusiasmo guerreiro de Bush e de Blair, acolitado pela Espanha de Aznar, pela Polónia (de todos) e pela generalidade dos países do Leste, mesmo dos que não faziam, nem fazem, parte da NATO, como a Ucrânia e a Geórgia, hipocritamente atenuado por outros, começa agora a ser questionado um pouco por toda a parte.
Este ajuste de contas, de resto sem grandes consequências práticas, é um típico exercício de hipocrisia em que os europeus são peritos. Se tudo tivesse corrido bem, o assunto teria morrido e teria sido enterrado com o êxito da operação político-militar. Como correu mal, a Europa, que sabia exactamente o que se estava a passar, põe agora o seu ar mais ingénuo e diz para a História que foi enganada pelos serviços secretos, pelo primeiro-ministro, enfim, por aqueles que estavam mais próximos de Bush.
Com toda a franqueza, estas investigações sobre a guerra do Iraque são uma farsa tão mal encenada como as investigações sobre os voos da CIA.

2 comentários:

Jorge Almeida disse...

Veja só este link:

http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601068&sid=a3Nuk91gCc2s

Este é o original da notícia da Bloomberg acerca da economia portuguesa que anda por aí.

Anónimo disse...

Porque é que invadiram o Iraque? Porque sim! A história da destruição das ADM sempre foi risível. Nesta história toda só nunca percebi a "opção" pelo Iraque em vez do Irão. Afinal, a posição dos EUA/Aliados está agora em melhor posição que antes da Invasão?