quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

SOARES CONCORDA COM CAVACO EM MATÉRIA DE PRESIDENCIAIS


TUDO O QUE POSSA ENFRAQUECER A CANDIDATURA DE ALEGRE É BOM

Quando aqui há dias analisei a posição do PS relativamente à candidatura de Alegre preocupei-me fundamentalmente com a identificação e caracterização dos meios ligados à plutocracia e desprezei uma outra componente que no PS, tal como em algumas sociedades africanas, tem uma grande força: as tribos. Não quero com isto dizer que algumas dessas tribos não estejam igualmente ligadas ao grande capital ou não tenham em relação a ele uma posição de grande compreensão e benevolência. O que quero dizer é que os interesses que unem os membros da tribo e os laços de solidariedade que existem no seu seio se caracterizam fundamentalmente pela fidelidade incondicional ao chefe da dita.
Se o chefe da tribo já foi desrespeitado por um membro isolado do clã, a vingança será inapelável. As ofensas dos membros tresmalhados são muito mais graves do que as ofensas de um régulo rival, porque estas podem ter uma solução política de acordo com a correlação de forças existente. As outras não. As outras têm de ser vingadas.
E o PS tem muitas tribos: tem a de Mário Soares, que não tem visto os seus membros multiplicar-se pelas próprias limitações que a natureza impõe à capacidade reprodutora dos seus membros; tem a de Gama, onde existem hoplitas de peso, como José Lello; e tem a de Sampaio, que paira entre o Procópio e sua displicência, e uma incontida vontade de protagonismo que impele os seus membros para as luzes da ribalta a qualquer preço.
Soares não concorda com a candidatura de Alegre e, por isso, tal como Cavaco, acha que não é altura para se falar de presidenciais. Soares acha que em 2006 foi derrotado por Alegre e não o contrário, portanto não será de estranhar que, tal como em 1980, favoreça o candidato da direita contra o seu inimigo de ocasião. Só que em 1980 enganou-se: Soares Carneiro não ganhou. Em 2011, voltará a enganar-se.

4 comentários:

Anónimo disse...

1.Julguei que se estava perante um aspecto particularmente relevante relacionado com as presidenciais,quanto ao qual se revelava uma inesperada convergência de Soares e Cavaco, Afinal é apenas uma questão circunstancial sem qualquer relevo substancial. Para quê tanto ruído por tão pouco?

2. A denúncia de um certo tribalismo dentro do PS reflecte bem o facto de o autor estar a falar daquilo que não conhece verdadeiramente, mas o que nos diz não deve ser deixado passar em claro pelos militantes do PS.Mesmo que estejamos perante um erro, estamos perante um erro inteligente.

3. O autor deste blog é um "observador implacável".Não arrisca a relatividade nas actividades imperfeitas de que é feita a vida. Os "observadores implacáveis"podem ser muito úteis aos "actores imperfeitos" se estes tiverem a importante capacidade de pensarem naquilo que ouvem.
Por mim, acho que "actores" só os há imperfeitos, mas que se todos eles se convertessem em "observadores implacáveis", os beneficiários do tipo de sociedade em que vivemos podiam dormir tranquilos.

Anónimo disse...

Ora bolas ...
É que o 'Anónimo' antecedente, do modo como o faz, também é um 'comentador implacável' ...
E eu (à parte a modéstia) do mesmo me reivindico, ao fazer este comentário ...
CA

Anónimo disse...

Está enganado: sou uma "actor imperfeito".

Anónimo disse...

Perdão, pela gralha: um actor.