sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

POR QUE NÃO EMIGRAM?



LÁ PODERÃO ENCONTRAR O QUE CÁ NÃO TÊM

Já começa a ser cansativo ouvir a todo momento e a propósito de tudo as inconsoláveis vozes daqueles que vêem na América todas as virtudes e que na Europa só encontram defeitos. Já era assim com Bush – e que felizes eles se sentiam! – e começa a ser assim também com Obama.
Eles queixam-se da fraca participação dos europeus no Afeganistão, e acima de tudo da sua desmotivação, lastimam a não integração da União Europeia na NATO, lamentam que a Ucrânia lhes esteja a fugir, não compreendem por que não põem os europeus mais empenho no alargamento da NATO a leste e ao Cáucaso e agora até estão muito tristes por a União Europeia não ter desembarcado uns milhares de homens armados no Haiti.
Uma dessas vozes infelizes, a Sra. Teresa de Sousa, escreve hoje um artigo lamentável no Público sobre este seu drama. Essa Sra. deveria saber que a União Europeia foi fundada com dois objectivos principais: o primeiro, assegurar a paz na Europa entre as potências que no último século e meio (para não ir mais para trás) se tinham digladiado sem cessar; e, em segundo lugar, para conter o comunismo a leste.
Resolvido, pela própria natureza das coisas, este segundo objectivo, resta o primeiro, que continua muito importante e actual. E quem fundou a “Europa” foi ainda de opinião, depois juridicamente consagrada nos respectivos documentos constitutivos, que a liberdade de comércio e a igualdade de acesso ao mercado constituíam o principal antídoto contra as tentações da guerra.
Foi para isto que a União Europeia foi fundada. O que veio depois deve-se mais à preocupação de preservação desta conquista, do que propriamente à vontade de avançar noutros domínios, como a prática dos últimos dez anos tem amplamente demonstrado.
Portanto, não vale a pena estar a “chorar” por a UE não ter ocupado militarmente o Haiti ou não se empenhar, como tal, no Afeganistão. Fazê-la caminhar nesse sentido seria matá-la.
Depois é preciso também não tomar a nuvem por Juno. Quem ocupa militarmente o Haiti, ou quem profere declarações altissonantes sobre o que é necessário lá fazer, não é necessariamente quem mais ajuda. Às vezes até não ajuda nada e prepara-se para tirar muito mais do que aquilo que lá pôs. Tem sido assim em todo o lado: na Palestina, em África, no Afeganistão, e de uma maneira geral em todos os países que precisam de ajuda.
Quem tem desde Reagan baixado drasticamente as ajudas ao desenvolvimento são os Estados Unidos. Esse é um dos pontos fortes da teorização neoconservadora. Basta lê-los para se perceber o que é que eles acham sobre isso.
Se aqui os nossos “guerreiros” querem guerra e tropas de ocupação, que emigrem, estejam eles nos jornais, como a Sra. Teresa de Sousa, ou no Governo. E os que estão nos jornais até pode ser que arranjem um emprego na Fox News onde poderão dar largas ao seu espírito belicoso. Se não for como jornalistas, pelo menos como amanuenses. Ou a América não seja a terra das oportunidades de que eles tanto falam!

3 comentários:

Anónimo disse...

Nos USA essa TS jamais seria amanuense, mas sim empregada doméstica, no máximo.

Só cá, neste país de iletrados, neste reino cada vez mais cadaveroso, ela poderia ser mais qualquer coisa.

anamar disse...

Adoro esse seu òdio de estimação...
Bfs.
Ana

Anónimo disse...

Realmente a UE foi fundada com os objectivos descritos por JMCP, mas faltou-lhe dizer que, no pressuposto de se poder respaldar na força militar dos americanos.
Muito provavelmente os infelizes de que fala JMCP apenas lamentam que a Europa não seja capaz de reforçar a sua autonomia face aos EUA e, dessa forma, ganhar protagonismo e respeito internacionais. Talvez por se terem apercebido que os EUA não vão continuar a pagar a hipocresia da"superioridade moral europeia" .