domingo, 27 de maio de 2012

A DEMAGOGIA BARATA DE CHRISTINE LAGARDE






O VERDADEIRO SENTIDO DAS PALAVRAS DE LAGARDE



As palavras de Christine Lagarde são as últimas que se poderiam esperar da responsável máxima de uma organização como o Fundo Monetário Internacional. Com uma folha de serviços lamentável em África, na América Latina, na Ásia e agora também na Europa, o FMI é a última entidade do mundo com legitimidade para criticar os gregos, cujo governo foi durante anos aconselhado pelos seus amigos de estimação, e ainda menos para, a partir de uma situação que o Fundo tem ajudado a criar em África, utilizar como termo de comparação para a crítica aos gregos a “compaixão” pelas criancinhas do Níger.

Quem conheça um pouquinho da folha de serviços do FMI em África, das experiências que durante décadas lá fez das teorias dos “rapazes de Chicago”, utilizando os africanos como cobaias, como verdadeiros animais de laboratório, não pode deixar de ver nas palavras de Lagarde uma profunda hipocrisia.

Este incrivel deslize diplomático de Lagarde só se explica pela pulsão "sarkoziana" de marcar distâncias relativamente a Hollande, pelo receio que a direita francesa tem de que a sua política europeia venha a ter êxito, não tendo para o efeito encontrado melhor meio do que utilizar os gregos e as crianças do Níger como pano de fundo para atingir o seu objectivo político.

Christine Lagarde que enquanto Ministra de Sarkozy até teve a ousadia de criticar a política económica alemã, mal a crise do euro rebentou, acusando-a de limitar excessivamente a procura interna para criar excedentes à custa do défice dos outros países, viu-se a obrigada a recuar pouco depois quando percebeu que as palavras do seu “chefe” proferidas em crises de hiperactividade inconsequente não passavam de simples fogo de vista, tendo a partir de então alinhado, embora com algumas surdas reservas, no tandem Merkozy.

Todavia, mal chegou ao FMI, nas condições que se conhecem, voltou à carga com a ideia do crescimento, certamente apoiada pelo Tesouro americano do qual o FMI em última análise depende, tentando marcar com as suas palavras alguma diferença relativamente à política imposta pela Alemanha.

Depois da derrota de Sarkozy calou-se e ei-la agora com uma “boca” que o Bild inveja não ter tido a autoria.

Pena que não tivesse falado uns dias mais tarde pois poderia ter prestado um grande serviço à esquerda na Grécia. Assim, até ao dia das eleições, aquela malta que têm governado a Grécia ainda vai ter tempo para tentar convencer o povo de que estão muito ofendidos com as palavras de Christine Lagarde.

2 comentários:

Anónimo disse...

Mais ou menos daquele "não haverá autoestradas em Portugal enquanto houver crianças......

Anónimo disse...

O GRANDE Golpe vai ser....
Irlanda, Espanha, Portugal, Grecia...vão ter que "entregar" as chaves de seu "carro" - controle total - dos seus governos ao Banco Central Europeo - que são basicamente bancos privados....Igual do que o FED na USA (12 bancos privados)