O VERDADEIRO SENTIDO
DAS PALAVRAS DE LAGARDE
As palavras de Christine Lagarde são as
últimas que se poderiam esperar da responsável máxima de uma organização como o
Fundo Monetário Internacional. Com uma folha de serviços lamentável em África,
na América Latina, na Ásia e agora também na Europa, o FMI é a última entidade
do mundo com legitimidade para criticar os gregos, cujo governo foi durante anos aconselhado pelos seus amigos de estimação, e ainda menos para, a partir
de uma situação que o Fundo tem ajudado a criar em África, utilizar como termo de comparação
para a crítica aos gregos a “compaixão” pelas criancinhas do Níger.
Quem conheça um pouquinho da folha de serviços do FMI em
África, das experiências que durante décadas lá fez das teorias dos “rapazes de
Chicago”, utilizando os africanos como cobaias, como verdadeiros animais de
laboratório, não pode deixar de ver nas palavras de Lagarde uma profunda
hipocrisia.
Este incrivel deslize diplomático de Lagarde só se explica pela pulsão "sarkoziana" de marcar distâncias relativamente a Hollande, pelo receio que a direita francesa tem de que a sua política europeia venha a ter êxito, não tendo para o efeito encontrado melhor meio do que utilizar os gregos e as crianças do Níger como pano de fundo para atingir o seu objectivo político.
Christine Lagarde que enquanto Ministra de Sarkozy até teve a
ousadia de criticar a política económica alemã, mal a crise do euro rebentou,
acusando-a de limitar excessivamente a procura interna para criar excedentes à
custa do défice dos outros países, viu-se a obrigada a recuar pouco depois
quando percebeu que as palavras do seu “chefe” proferidas em crises de
hiperactividade inconsequente não passavam de simples fogo de vista, tendo a partir de então alinhado, embora com algumas surdas reservas, no tandem
Merkozy.
Todavia, mal chegou ao FMI, nas condições que se conhecem, voltou
à carga com a ideia do crescimento, certamente apoiada pelo Tesouro americano
do qual o FMI em última análise depende, tentando marcar com as suas palavras
alguma diferença relativamente à política imposta pela Alemanha.
Depois da derrota de Sarkozy calou-se e ei-la agora com uma “boca”
que o Bild inveja não ter tido a autoria.
Pena que não tivesse falado uns dias mais tarde pois poderia
ter prestado um grande serviço à esquerda na Grécia. Assim, até ao dia das eleições,
aquela malta que têm governado a
Grécia ainda vai ter tempo para tentar convencer o povo de que estão muito
ofendidos com as palavras de Christine Lagarde.
2 comentários:
Mais ou menos daquele "não haverá autoestradas em Portugal enquanto houver crianças......
O GRANDE Golpe vai ser....
Irlanda, Espanha, Portugal, Grecia...vão ter que "entregar" as chaves de seu "carro" - controle total - dos seus governos ao Banco Central Europeo - que são basicamente bancos privados....Igual do que o FED na USA (12 bancos privados)
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